Capítulo 27

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- Recebemos informações de que alguns insurgentes estão com depósito de bombas e que planejam atacar na fronteira com a Síria, e dessa forma enfraquecer um dos pontos de entrada.

Aquilo não fazia muito sentido pra mim. Se eles quisessem atacar com apenas um armazém de bombas, não fariam isso na fronteira. Fariam isso com civis e chamariam mais atenção, liberando pontos estratégicos, devido ao foco de toda a operação.

Não fazia sentido. Nenhum.

Fiquei pensando enquanto Mary dizia tudo o que precisávamos fazer, explodir o armazém, matar os insurgentes e terroristas, em seguida ir até o ponto de encontro, onde um caminhão camuflado estaria nos esperando. Estava estranho, muito estranho. Por que mandar SEALs para algo considerado simples e com aquela pressa ainda por cima? Alguma equipe da base de Operações Especiais poderia fazer sem a menor complicação. Não era necessária a elite. Se algum terrorista estivesse escondido por ali, mantendo toda uma rede de comando para os demais países inimigos, eu até entenderia, mas esse não era o caso. Pelo que falavam parecia ser tão simples que eu temia ter passado por todos aqueles testes desnecessariamente.

Enquanto todos traçavam estratégias e mais estratégias na mesa de comando, com o mapa gigantesco de toda a operação. Eu não conseguia tirar da minha cabeça o quanto parecia errado. Apertava a minha mão em sinal de descrença e isso não passou despercebido pelos olhares avaliadores do Hopper, mas ele disfarçou, perguntaria depois, era esperto demais para falar algo com todos presentes; ainda mais sabendo que eu desconfiava de tudo o que diziam.

Nunca fui de confiar de primeira, e me orgulhava disso. Minha capacidade de julgamento tinha me mantido sempre em alerta a qualquer imprevisto e descoberta não muito memorável.

- Podemos invadir pela lateral, seguindo oeste com fênix, raposa e beta, e leste com alfa, águia e pantera. – eu era a raposa, não muito lisonjeiro, mas não diria isso, claro. Teria que me acostumar a essa realidade de ser chamada de um animal com frequência, longe de mim começar a rir em uma missão. Aí sim as coisas se complicariam.

- Concordam?

Balancei a cabeça, mas não concordava nem um pouco e como eu não era o alfa, preferi nem dizer nada. Ficar de boca fechada podia evitar tanta confusão que ter noção disso já salvava a minha pele.

Levantei meu olhar, sentindo faíscas na minha direção, apenas para ver Peter me encarando com uma raiva reprimida. Ele provavelmente também estava desconfiando de toda aquela conversa e esperava que eu dissesse isso para o fazer também. Mas eu não era idiota e nesse momento, abrir a boca poderia trazer coisas à tona que seriam perigosas para todo mundo. Não sabíamos quem estava agindo de má fé e antes que essa informação fosse certeira, tínhamos que ficar espertos com qualquer palavra que saísse das nossas bocas.

Todos se retiraram, contentes com o sucesso da reunião, enquanto eu não movia um músculo do lugar. Apenas perdida em pensamentos e conspirações que poderiam estar contra nós e sabe se lá se estávamos na vantagem...

- Por que não disse nada?

Peter falou e se juntou a mim, prestando atenção, sendo que eu nem naquele mundo estava. Fazia toda a trajetória citada há instantes na minha mente, vendo possíveis falhas e pontos de emboscada; que para meu desespero eram muitos. Era praticamente uma missão suicida se tivéssemos as informações erradas em mãos.

O problema na minha cabeça estava gigantesco.

- Ela está certa. Se tivesse falado, poderiam ter desconfiado que sabemos de alguma coisa. – Hopper me defendeu enquanto se juntava ao Peter e ficavam de frente pra mim. Sendo que nós três permanecíamos completamente sérios e preocupados.

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