FINAL

9.7K 875 242
                                    

Parei o carro um pouco longe da sua casa, com o intuito de fazer uma surpresa para meu homem. Mas quando vi a loira deslumbrante estacionando em frente à sua porta e descendo como se essa fosse a coisa mais normal que fizesse na vida, o ciúme me dominou e a vontade que eu tinha era de ir logo na sua porta e tirar toda aquela porcaria a limpo!

Se Austin pensava que se declararia pra mim e logo que eu bati as botas poderia seguir em frente, sem nem meu corpo ter esfriado no caixão, estava muito errado! Onde já se viu fazer isso e ainda achar que estava com a razão? Mas não mesmo! Eu o faria engolir todas as palavras de desculpas e seria daqui alguns minutos, porque antes precisava ver o que ele faria, pra poder jogar tudo em dobro na sua cara e ter argumentos para suas respostas bem pensadas.

Fechei o vidro do carro, deixando que o insulfilme desse a privacidade que uma espiã precisava, no caso eu era a espiã e meu carro, um disfarce.

Fiquei olhando vários minutos, mas a conversa não parecia seguir um rumo bom, pois a loira estava toda derretida e Austin nem ao menos a encarava fixamente.

E eu sabia por experiência própria que seu olhar falava muito mais do que palavras, e quando ele o usava, a certeza de que tudo acabaria na cama era isso mesmo, uma certeza.

Mais um pouco de conversa fora dos dois e a minha raiva, misturada com curiosidade, já estava se tornando quase impossível de suportar. Eu precisava trabalhar mais minha paciência, mas quando Austin estava em foco, parecia que ela literalmente evaporava e todo o senso de paz abandonava o meu corpo. Ele me tirava da órbita ao mesmo tempo em que e deixava no alinhamento perfeito.

Era uma coisa meio maluca para se explicar.

A mulher entregou algo pra ele e alguns instantes depois foi embora. Não tinha acontecido nada comprometedor que eu pudesse usar contra ele no tribunal da minha cabeça, mas ele estar com as asas abertas para ela já era um motivo. Devia saber melhor que ninguém que eu me recusaria a morrer. Era um homem esperto e ter essa noção era no mínimo o que eu pediria.

Vi quando fechou a porta e demorei ainda alguns minutos para criar coragem e ir enfrentar o monstro logo de uma vez. Depois que fizesse isso, encontraria um bar próximo e choraria todas as minhas lágrimas em uma caneca de cerveja, e um hambúrguer, porque a minha vontade dessas duas coisas era gigantesca. A última vez que me lembrava de ter comido algo assim já fazia uns bons meses e minha barriga até roncava com a imagem que eu passava na minha cabeça, me deliciando com muito cheddar, picles e molhos perfeitos.

Andei rapidamente e de forma firme até chegar na sua porta, sentindo a fúria que corria em mim, prestes a ser lançada com força total quando ele aparecesse no meu campo de visão.

Dessa Hopper não passaria e se ele não tinha conhecido uma mulher assassina de pretendentes até agora, passaria a conhecer uma e teria o nome completo ainda por cima.

Eu não teria misericórdia!

Quando ele abriu a porta, olhando para frente, completamente estarrecido, abriu a boca em total espanto quando me encontrou parada ali na sua soleira, como uma morta viva que ressurgiu das cinzas de Bagdá! O que não deixava de ter um fundo de verdade, com a única discrepância de que quase morri próxima à fronteira da Síria e não na capital do Iraque.

- Mas que porra você pensa que está fazendo? Eu mal sou dada como morta e me aparece uma loira deslumbrante na sua porta! – Falei enraivecida, aquilo era muita falta de respeito da parte dele e na minha cabeça eu tinha o total direito de ficar chateada.

Hopper ainda permanecia estático, apenas me encarando, sem nem ao menos tentar falar alguma coisa. Acho que deixei o homem louco e não me liguei disso ainda. Porque literalmente parecia que ele estava vendo uma assombração e que provavelmente desmaiaria nos próximos segundos. Mas já me bastava tê-lo arrastado na missão, sabia o quanto era pesado e não estava nem um pouco a fim de fazer aquilo de novo.

AustinOnde histórias criam vida. Descubra agora