Capítulo 3

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O que será que tinha acontecido comigo? Acordei sentindo meu corpo e minha cabeça doendo como se uma manada de touros tivesse passado por mim na noite passada.

Abri meus olhos e estranhei o espaço do quarto. Aquele não era o lugar onde eu costumava dormir. Até porque as acomodações dos tenentes não passavam de várias beliches com um banheiro compartilhado. Somente eu e Kat tínhamos ficado separadas, até porque éramos mulheres e mesmo a Marinha ainda tinha algumas regras sobre isso.

Senti algo em minhas costas e automaticamente entrei em modo alerta, não fazia a menor ideia de onde estava e isso era perigoso demais.

Não ousei me mover, talvez por já suspeitar que não gostaria de saber o que estava acontecendo. No mesmo momento, como que por sinal, senti um braço me envolver assim como outro embaixo do meu travesseiro. Olhei aqueles músculos destacados e soube imediatamente quem era.

Mais fundo Hopper!

Ai meu Deus Hopper!

Os flashes da noite foram sendo puxados pela minha mente e a cada vez que eu lembrava de algo, podia sentir todos os pelos do meu corpo se arrepiando em resposta. Era como se eu estivesse novamente fazendo aquilo e meu Deus, era bom demais!

Ao mesmo tempo em que eu me sentia culpada por isso, eu me sentia, qual a melhor palavra, fodidamente saciada? Sim, creio ser essa a definição perfeita.

Tirei levemente seu braço que me contornava e levantei na ponta dos pés, pegando as roupas espalhadas pelo chão, enquanto tentava a todo o custo não acordá-lo. Hopper dormia serenamente e eu tinha certeza que quando acordasse me odiaria pelo que fizemos. Melhor sair agora enquanto não tinha muitos feridos a bordo, fora que eu não faria a caminhada da vergonha. Não era mulher disso, nunca fui.

Fui me vestindo em silêncio pelo caminho até a porta e percebi onde estávamos. Na pousada atrás do píer.

Torcia internamente para que ninguém tivesse nos visto juntos, seria o fim da carreira para os dois. Relacionamentos amorosos entre nós eram expressamente proibidos, afinal a distração poderia ser a maior arma do inimigo. E se distrair quando seu parceiro participava de uma guerra era mais do que possível de acontecer.

Abri a porta, com o maior cuidado possível e logo que saí senti o sereno tocar minha pele suavemente, aliviando toda a minha preocupação.

Segui pelo corredor de madeira, sentindo as tábuas rangerem sob os meus pés. Adorava esse ar rústico do píer, parecia tudo tão de outro tempo. Como se aquilo fosse totalmente diferente do mundo exterior.

Desci as escadas de forma apressada, querendo sair dali o mais rápido possível, ou antes que o capitão acordasse e se lembrasse de tudo. Não queria morrer tão cedo, prezava muito a minha vida, sei que ela não era a melhor do mundo, mas era minha. E eu sempre senti orgulho de tudo o que conquistei até aqui.

Andei até onde alguns dos pequenos barcos do navio estavam e presumi que não tinha sido a única a dar uma escapulida a noite inteira. Menos mal, sinal que todos estavam bêbados demais para perceber qualquer coisa.

-Em, me espera! Ainda bem que te achei sua doida, já estava preocupada!

Seria muita ingenuidade achar que eu me livraria dela assim tão fácil.

-Onde você estava? Sumiu do bar e não te vi mais!

-Estava por aí. E foi você quem sumiu primeiro.

-Sei. Foi um homem, só pode. Você não sumiria do nada assim.

Revirei meus olhos para ela, esperando que esquecesse esse assunto e me deixasse em paz, pelo menos hoje. Queria remoer a minha loucura mais um pouco, porque as coisas que vinham na minha cabeça estavam mexendo com o meu psicológico. Aquele cara era simplesmente foda demais.

AustinOnde histórias criam vida. Descubra agora