Capítulo 8

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- Como conseguiu meu número?

- Estava na sua ficha.

Claro que sim. Que pergunta estúpida.

- Vai ficar na sua casa o tempo todo?

O que mais eu faria além disso? Não tinha para quem ligar, era sozinha, em parte pela Marinha e em parte porque eu não gostava de conversar muito.

- O que você tem a ver com isso?

Não queria ser grossa dessa maneira, mas era quase impossível evitar o amargor do que ele fez. Depois que mudou de operação, eu fiquei por noites imaginando se estava bem e o que estaria fazendo. Aquilo me corroía a ponto de nem conseguir dormir de preocupação. Então eu volto para casa e do nada ele decide que tudo está bem entre nós?

Queria ser menos orgulhosa e ligar de volta já foi um grande passo, pena que eu estava muito mais ressentida do que parecia.

- É que estou na frente dela. Amarelo não combina muito com você.

Na frente da minha casa? Agora é que eu não sabia mesmo o que fazer. Tinha acabado de chegar e nem banho eu tinha tomado ainda.

Esse homem estava cronometrando o tempo, ou ele já estava realmente muito perto daqui.

- Vai abrir a porta ou não?

- Tenho opção?

- Sempre tem.

Pesei minhas opções mentalmente. Eu queria abrir, claro que queria. O grande problema era, eu deveria?

Alguns segundos tinham se passado e eu ainda estava com o telefone na minha orelha, esperando sabe-se lá o que.

- Vamos Walker, aqui está frio.

Coloquei o telefone no gancho e olhei-me no pequeno espelho na estante da sala. Eu já não tinha mais volta. Ele poderia querer algo mais, mas o que muito eu teria para dar se uma parte de mim ele já tinha levado?

Meu coração? Esse já estava metade com ele, então porque eu ainda pensava tanto no que fazer?

Porque você é uma idiota Walker.

Claro que eu era idiota, uma idiota orgulhosa além de tudo, o que só piorava as coisas.

Abri a porta e eu literalmente não estava preparada para vê-lo em toda a sua glória. Ele era o tipo de cara que você provavelmente salivaria encarando, aquele homem másculo que jamais imaginaria que pudesse ficar na sua. Você deve saber muito bem do que estou falando, todas já conhecemos alguém assim e Hopper era esse meu alguém.

Estava com calça jeans, uma camiseta preta com jaqueta por cima, completando o look perfeito para se cometer um pecado. 

- Até que enfim.

Ele disse e passou por mim, entrando em minha casa como se já tivesse feito isso milhares de vezes. Pra piorar minha situação, ele era do tipo confiante. Como se eu já não estivesse deslumbrada o suficiente.

- Como estão as coisas no J.P.Jones?

- Keller assumiu no seu lugar.

- Keller? Coitado.

- Com certeza.

Ele sorriu e meu Deus, eu já nem sabia em que planeta estava. Foi apenas imaginação ou meu coração deu um salto no meu peito?

- Está tudo bem com você?

Senti tudo o que eu tinha entalado na minha garganta vir à tona. Ele me ouviria e essa hora era agora.

AustinOnde histórias criam vida. Descubra agora