Capítulo 34

7.7K 713 55
                                    


Hopper estava estabilizado. Não corria mais risco de vida e aquilo me aliviou de uma tal forma, que eu havia decidido um pouco antes, acompanhar os fuzileiros na sua tarefa, para deixá-los com um pouco mais de esperança de voltarem vivos.

Eu não pude ver Hopper, ele estava completamente sedado e recebendo os remédios necessários para sua recuperação. Mas na minha cabeça a única coisa em que eu acreditava é que finalmente tudo daria certo.

Já tinha passado da hora, aliás.

- Está pronta? – Peter me perguntou enquanto o carro de transporte empurrava e passava em cima de tudo que estivesse em seu caminho.

- Como um SEAL deve estar.

Ele sorriu, mesmo com todo o stress que um combate era capaz de causar.

Tínhamos que ir à frente dos fuzileiros para avistar qualquer tipo de ameaça e neutralizá-las antes que pudessem causar algum dano à tropa. Isso era primordial, então praticamente, éramos novamente os primeiros na linha de frente, com a diferença que agora não tinha ninguém para nos dar cobertura, já que éramos a cobertura.

Muito animador.

- Temos que ter uma boa visão do lugar onde vamos ficar.

- Eu já dei uma checada no perímetro através do mapa e achei dois possíveis esconderijos e locais para podermos atirar sem sermos vistos.

- Bom.

- Não hesite. Pelo amor de Deus, não hesite. Ao contrário da outra missão, agora estamos no centro e eles estão à nossa volta.

Balancei a cabeça em sinal de concordância e decidi falar pra ele o que tinha conseguido naquele acampamento da fronteira.

- Hopper me entregou um caderno com todas as anotações de fornecedores de armas. E temos um problema enorme para lidar, muito maior que tudo isso.

- Insurgentes?

- Sim.

- Fornecendo.

- E fazendo parte da Marinha e Exército.

- Puta merda!

- Entreguei para uma pessoa que eu acho que seja de confiança. Apesar que nem isso eu tenho mais certeza...

- Você fez o que era certo, agora é torcermos para que realmente investiguem e para voltarmos vivos.

- Vamos voltar.

[...]

Chegamos no local estrategicamente posicionado, minutos antes de avistar a tropa avançando pelas ruas com os tanques de guerra, completamente imponentes.

Montamos nosso pequeno "canto" de observação, enquanto avistávamos alguns moradores que se recusavam a sair das suas casas em plena zona de conflito. Eu os entendia, afinal, ninguém queria abandonar aquilo que conquistou com tanta luta, mas no caso deles não era opcional. Sentíamos as bombas que eram soltas próximas a nós tremerem cada vez mais o solo e aquele sinal não era nada animador. Apenas uma demonstração clara do que dois povos poderiam fazer em pleno combate entre si.

Comecei a avistar pessoas que iam direto à tropa e atirei sem piedade, sem nem mesmo contar os números, porque se eu fizesse isso, ficaria completamente horrorizada com o meu sangue frio quando era necessário...

E nesse momento eu não me orgulhava nem um pouco de mim, do que fazia, o que era uma porcaria gigantesca se fosse levar em conta que eu estava com a vida de vários fuzileiros nas minhas mãos, enquanto eles confiavam que eu veria qualquer coisa que se movesse e representasse perigo à eles.

AustinOnde histórias criam vida. Descubra agora