Capítulo 25

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- HOJE SENHORES, IRÃO CORRER OITO QUILÔMETROS ININTERRUPTOS E NADAR MAIS OITO QUILÔMETROS PARA CHEGAR ATÉ A POSSÍVEL AMEAÇA À FRENTE. VOCÊS TÊM EXATAMENTE UMA HORA PARA COMPLETAR O PERCURSO E NEM UM SEGUNDO A MAIS QUE ISSO!

A mania dele de falar gritando estava me irritando mais do que eu jurava ser capaz, tanto que até mesmo o caminho que teríamos que fazer parecia perder a importância. Que homem idiota, pelo amor de Deus. Nem mesmo quando Hopper era capitão falava dessa forma.

No caso de algumas pessoas o poder subia à cabeça e com certeza esse homem era dessas... John não era seu nome verdadeiro e eu nem queria saber qual era. Lembrei do que Austin me disse uma vez sobre nomes serem algo sério por ali e notei que nenhum deles de fato, levava o nome exposto. Eu só sabia o de duas pessoas, porque os conhecia bem antes daqui, mas o resto, eu não sabia exatamente nada sobre eles.

Nada ali parecia ser de verdade.

Comecei a correr com o comando e Peter fez o mesmo, sem em nenhum momento olharmos na direção um do outro, focando apenas à nossa frente e no que tínhamos que fazer para passar mais esse dia participando de um treinamento que nem havíamos escolhido para as nossas vidas.

Desde que me conheço por gente, meu pai comentava que essa parte do serviço a pátria ninguém sabia muito bem como funcionava. Em teoria, essa base não existia, ou seja, nem mesmo os grupos de operações existiam. Deixando claro que éramos todos fantasmas que trabalhavam na calada e no silêncio da noite para evitar uma retaliação que se tornaria medo viral entre a população do país.

Milhares de ataques terroristas deviam ser evitados durante o tempo em que todos achavam que as coisas estavam bem. Nós éramos responsáveis pela paz e isso trazia uma bagagem extra a já tão dura vida na Marinha. Nos tornaríamos a tropa que dava a cara a tapa e que enfrentava uma ameaça que ninguém tinha certeza ainda do que era. Praticamente, éramos os mais propícios a morrer prematuramente, sem que qualquer pessoa ficasse sabendo disso.

Uma vez lembro de ter pesquisado sobre o assunto, e descobri que eram chamados de seis, devido à todos os terroristas acharem que eram seis grupos com seis integrantes, mas na realidade, só tinham três grupos Seals e essa era exatamente a vantagem do país, fazer os inimigos acreditarem que eram muito mais do que realmente eram, o que dificultava a localização da equipe e fazia as pessoas envolvidas com terrorismo temerem estar sendo vigiadas a todo o momento. O que acontecia, claro, mas não por tantas pessoas como imaginavam... Fora os bodes expiatórios em todos os países, o que apenas me fazia pensar, se nós tínhamos nossos informantes, o que garantia que os outros países não tivessem os deles?

Nada. Exatamente nada.

Qualquer segurança tinha falhas e quem descobria isso, era capaz de fazer qualquer coisa que quisesse, sem nem ao menos ser descoberto. A inteligência estava justamente nessa parte, saber calcular os passos de forma que o sistema jamais te identificasse.

Terminamos esse exame mais rápido do que eu imaginava e meus músculos que ainda estavam doloridos devido ao esforço de ontem e logo em seguida de hoje, pareciam estar anestesiados pela atividade, como se tivessem adormecido enquanto eu continuava os levando para a frente. Há muito tempo eu tinha aprendido a ignorar coisas desse tipo. Uma dor não podia parar um soldado, um marinheiro e muito menos um piloto. Isso era primordial e saber seguir adiante mesmo sendo fatiado por dentro era um dos infinitos testes aos quais éramos expostos mensalmente. Por isso, aquilo pelo que estava passando hoje, não parecia tão duro, parecia até mesmo muito mais tranquilo se comparado com o de ontem.

Aquele sim tinha me apavorado e se eu pudesse evitar com todas as minhas forças passar por tudo novamente, eu evitaria.

Sem a menor vergonha disso, inclusive.

AustinOnde histórias criam vida. Descubra agora