Capítulo 28

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POV Hopper


Maldita hora em que eu decidi ajuda-la!

Agora Mary queria que eu a cobrisse em todas as missões, mas o que ela realmente precisava era assumir que ver um dos parceiros morrendo, tinha causado traumas nela que ela não imaginava que causariam.

Cada um tinha que saber seus medos e lidar com eles. Se eu ficasse em todas as missões apenas cobrindo a parte dela, acabaria que nós dois morreríamos por simplesmente ela não querer se aposentar por invalidez no serviço. Isso não era bom, claro que não, mas poderia fazer com que se salvasse e não arriscasse mais a vida de ninguém. Mary não poderia ser beta, se quando ela pisasse em zona de fogo e fosse transportada para outro lugar, várias pessoas estariam correndo riscos. Logo que cheguei e fiz o treinamento, fui jogado de cabeça em uma missão com ela e se não fosse por mim ela não estaria aqui, mas agora eu tinha outras prioridades, muito maiores do que qualquer trauma dela.

Não conseguiria me concentrar deixando Emily com qualquer outra pessoa.

Ela era uma das melhores, isso eu não tinha dúvidas, mas até os melhores acabavam por sofrer com o conflito. E qualquer erro primário dela, poderia significar que não estaria mais presente na minha vida e isso de forma alguma eu aceitaria.

Se fosse preciso relatar esse problema, eu o faria. E sem a menor piedade. Porque nesse jogo eu estava cansado de ser o que os outros precisavam, quando alguém que realmente me importava estava contando comigo.

- Você gosta dela? – Mary me parou, segurando no meu braço e eu apenas olhei com raiva. Raiva por ter que lidar com isso e raiva por estar deixando às claras tudo o que eu sentia.

Emily tinha ferrado comigo, com a máscara que eu tentava manter e me deixou perdido quando veio parar aqui. Completamente perdido.

- Não.

Uma puta de uma mentira, quando o que eu mais queria era tirar ela dali e levar pra bem longe, para podermos viver a nossa vida em paz, sem nada interferindo, nem ninguém impondo limites ao que não deveria ser da conta deles.

- Você gosta! – Ela falou como se aquela fosse a maior descoberta do século, quando eu apenas pensava em quão difícil seria para fazê-la ficar quieta.

- Não interessa, Mary! Eu não posso ficar ao seu lado nessa missão e acho que deveria pedir afastamento por incapacidade. Quantas vidas mais deseja arriscar? Vá ser feliz! Você tem a oportunidade de sair que muitos não têm e fica desperdiçando com o que todos irão achar disso. Faça- me o favor!

- As coisas não são tão simples!

- Pra mim são e nem adianta ficar falando muito porque sabe que minha decisão já está tomada.

- Sem problemas, Ray.- Ela disse meu nome falso, que costumava usar e se virou, pisando duro enquanto ia para as suas instalações.

Quando mataram na sua frente, alguém que ela conhecia há muito tempo; na nossa última missão, eu me vi no dilema de ajuda-la ou não a retornar para a base. O grande problema é que eu não imaginava que ela fosse ficar traumatizada com a cena e não imaginava que fosse querer minha cobertura em todas as próximas. Porque Mary já não conseguia mais puxar o gatilho. Ela simplesmente travava e esse problema era gigantesco, já que ela não mataria ninguém. Nem hoje, nem em um futuro próximo.

Esse trauma seria praticamente impossível que ela superasse.

E eu temia dizer que uma pessoa sem coragem de matar, em uma inserção, era uma pessoa morta. Um peso inválido para a equipe.

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