Capítulo 4

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-Capitão!

-Descansar.

Peter e eu batemos continência e pude ver os olhos do capitão o fuzilando como se esse fosse o maior prazer da sua vida. Fazer Peter se arrepiar todo de medo.

-Os senhores não têm mais o que fazer além de ficar fofocando?

-Treino de tiro capitão.

-Então porque já não se encontram lá?

-Estamos terminando por aqui capitão.

Dava para ouvir o quão alto o som em seu fone de ouvido estava, podia distinguir as batidas pesadas de Thunderstruck, que combinavam perfeitamente com seu humor ácido de sempre. A sua reação ao me ver foi bem mais fácil do que eu tinha imaginado, só me restava ignorar que daria tudo certo.

-Vou acompanhá-la no tiro ao alvo tenente Walker. Prepare-se para ser avaliada daqui uma hora.

Agora ele iria se vingar pela minha sedução sem intenção, maravilha. A minha ideia de normalidade estava fugindo dos padrões. Ele acenou com a cabeça, liberando-me e começou seu treino, mais do que pesado eu diria.

Conforme ele arrumava os pesos na barra meus olhos iam se arregalando. Cem, cento e vinte, cento e quarenta, cento e cinquenta, duzentos quilos, pelo amor de Deus! Como um ser humano conseguia levantar aquilo no peito? Era impossível! Convenci-me a ficar olhando apenas para confirmar meu argumento e de maneira nenhuma para admirar aquele espécime, imagina.

Vi quando ele tirou a barra do apoio, levantou e desceu, fazendo com que seus músculos ficassem evidentes com o esforço. O calor começou a subir pelo meu corpo e eu não sabia se ainda estava no planeta terra quando percebi que a baba já tinha descido pelo meu queixo.

Despertei daquela pequena cena de vergonha e olhei ao redor para ver se alguém tinha prestado atenção e ninguém o tinha feito, exceto claro, o observado. Notei um sorriso provocante se abrir em seus lábios e não fiquei para descobrir o que aquilo significava. Fugi o mais rápido que pude, pelo menos até vê-lo dali uma hora.

Segui até a sala de tiro que ficava entre os dormitórios e a cozinha, sentindo meu corpo tremer de alegria. Eu adorava atirar, só uma anta não perceberia isso em mim.

Cumprimentei Kat que acabava de sair enquanto eu entrava. Ela não estava com uma cara muito boa, coisa rara de acontecer, mas só poderia questioná-la quando eu tivesse um tempo. Então continuei com o meu caminho até onde estavam os equipamentos de segurança, os óculos de proteção e os protetores de ouvido, porque o barulho ali era realmente ensurdecedor.

Fui até as separações e engatilhei meu revólver, decidindo começar com algo fraco para treinar a mira.

Atirei nos alvos como se aquela fosse a coisa mais fácil do mundo pra mim. Acertava precisamente no centro do pequeno círculo preto na cabeça, em todos eles. Quando fiquei suficientemente satisfeita com os acertos, peguei uma arma maior para poder atingir meu objetivo. Mirei novamente nos mesmos pontos, abrindo um buraco considerável naquilo que tinha sido um alvo há alguns minutos atrás.

Quando parei e olhei para os demais, estavam todos embasbacados com aquilo, tinham parado e me olhavam de uma forma que com certeza me deixaria com vergonha se eu fosse tímida. Mas modéstia não era muito bem o meu forte. Eu sabia que era boa, afinal, tinha investido muito tempo da minha vida para me tornar assim.

-Walker. Vejo que começou sem mim.

O capitão veio até meu lado e ficou olhando fixamente os alvos que eu tinha acertado. Não parecia nenhum pouco admirado com o feito. Vi ele subir os cantos da boca na melhor pose de "nada mal" e dar com os ombros. Logo em seguida ele apertou o botão que simulava vários alvos ao mesmo tempo e o pior, eles ficavam se movendo de forma desordenada. Era um dos piores treinos, mas também era o melhor. Quem acertava tudo ali, era sempre intitulado "o foda" com respeito mais do que garantido.

AustinOnde histórias criam vida. Descubra agora