- Ela gostou de você!
Eu duvidava completamente disso, mas não falaria agora, não quando ainda tentava digerir todos os acontecimentos.
- Sei. – concordei apenas para encerrar aquele assunto. Não gostava de falar das minhas desconfianças. Preferia ter certeza absoluta antes de afirmar qualquer coisa.
- Sério. Acredite em mim, você saberia se ela não tivesse gostado.
Hopper se jogou na cama, enquanto eu olhava as fotos no mural do seu antigo quarto. Dona Maeva não tinha mexido em absolutamente nada e eu sentia como se pudesse me conectar de forma mais profunda a criança que ele era com o homem que havia se tornado, apenas em olhar as fotos penduradas e surradas no quadro em uma das suas paredes. Tinha fotos dele criança, brincando, jogando futebol e até mesmo com um carro, que eu suspeitava ter sido seu primeiro, por causa da felicidade que demonstrava na foto.
- Quantos anos você tem? Não me respondeu lá fora... – falei enquanto permanecia vendo seu sorriso através dos retratos de uma infância e juventude completamente diferentes das minhas.
- Trinta e cinco.
Eu imaginava ser essa a sua idade, já que quando ingressei na Marinha, ele tinha alguns anos de serviço, sendo que a maioria considerava pouco o tempo que ele servia para a quantidade de condecorações que possuía. Hopper tinha a fama de nunca errar um tiro correndo por toda a frota e suspeitava que ninguém iria querer descobrir se tudo o que falavam era mesmo verídico.
- Há uma boa diferença entre a gente.
Dei com os ombros e permaneci olhando as fotos, completamente absorta na tranquilidade que ele passava por elas.
- Oito anos não são tanto assim.
- São um pouco, provavelmente quando eu tinha dez anos, você já levava as garotas à loucura.
- Isso eu não vou discordar. Mas, não demorou muito depois disso para eu seguir carreira. Então eu aproveitei um pouco, nada demais, perto do que teria aproveitado se ficasse por aqui.
Olhei para ele, que ainda estava com os braços atrás da cabeça, sorrindo com o pensamento. Nunca tinha o visto tão relaxado e aquilo derrubou todas as minhas proteções. A forma como tratava sua mãe, sua irmã e seu sobrinho eram simplesmente demais para qualquer pessoa ligar o Hopper fora da Marinha com o que vestia o uniforme e honrava todos os juramentos... Menos um... Mas esse realmente tinha sido culpa nossa, em conjunto, então não deveria recair somente sob sua culpa.
- Está mesmo se sentindo bem em Operações Especiais?
Ele franziu a testa, provavelmente se perguntando o motivo por eu ter lembrado disso exatamente nesse momento e nem eu sabia o porquê, apenas queria entender mais do que ele estava tendo que enfrentar para que continuássemos nos vendo. Eu deveria ser taxada até mesmo de egoísta por ter sentido alívio quando o vi na porta de casa e ouvi sua explicação, mas foi exatamente dessa forma que me senti. Completamente aliviada por poder ficar mais um tempo com ele e entender tudo o que acontecia dentro de mim.
- Não é questão de me sentir bem. Por incrível que pareça, temos muitas coisas para fazer e muitas missões secretas para executar, com alta periculosidade; uma adrenalina muito bem vinda na minha vida... O meu receio é não querer parar e descobrir algo que me faça não acreditar mais no propósito de tudo, entende? Não sei Em... Mas tem uma coisa muito errada acontecendo naquela base e eu me sinto cada vez mais impulsionado a descobrir o que é... Mas ao mesmo tempo eu temo descobrir, tudo é tão confuso.
Eu entendia o que ele queria dizer. Éramos treinados com o único propósito de defender a nação, de qualquer coisa, de qualquer pessoa e de qualquer intenção.
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Austin
ChickLitVocê acha sua vida difícil? É porque não tem Austin Hopper como Capitão. Ele é uma lenda entre os Capitães da Marinha Americana, comanda um dos mais eficientes contra torpedeiros da frota e com certeza não esperava que aquela mulher fosse comandar s...