Austin

Capítulo 29

Os seis presentes no avião estavam com os semblantes totalmente concentrados, focando na missão que tínhamos que cumprir, tanto que a pressão no ambiente era palpável e até mesmo eu, me sentia sufocando como se estivesse respirando areia no deserto. Só quem já tinha passado por algo parecido, sabe o quanto é bom respirar ar puro, ao invés de ar contaminado com grãos de areia, que entravam na gente de forma dolorida, nos fazendo desejar parar de respirar tanto quanto fosse possível.

E o pior é que estávamos indo justamente para o foco de tudo. Onde qualquer explosão levantava uma nuvem totalmente difícil de respirar e a espalhava por centenas de metros ao redor da cratera que se formava e ia logo sem seguida se perdendo na suavidade com que a areia descia para cobri-la.

Eu estava aterrorizada.

Totalmente petrificada.

E o motivo não era pular de um avião há mais de dois mil metros de altitude direto em solo inimigo, era porque eu não sabia se teria histórias para contar, pois não sabíamos se voltaríamos.

Hopper olhou para todos e fez um sinal dizendo que havia chegado a hora. Confirmamos nossos equipamentos na mochila e as armas que levaríamos, para que nada desse errado e acabasse por garantir nossa morte assim que encontrássemos tanto os terroristas quanto os insurgentes, que sem sombra de dúvidas, estavam nos esperando. Eu sempre tive um ótimo senso das coisas e ele me dizia que quem não deveria saber que nos aproximávamos, sabia... E não teriam a menor piedade.

Hopper foi o primeiro a pular, depois Mary, seguida por mim e Peter, que antes de despencar, fez o sinal da cruz como qualquer religioso teria feito. Eu não me dei ao trabalho, até porque o terror que me corroía não me deixava agir de outra forma senão com um semblante totalmente carregado e fechado.

O ar cortava e aplicava uma força gigantesca no meu corpo e parecia que se continuasse passando por isso, meus membros fossem se desprender e eu acabaria por me perder em um torpor de dor que me desmaiaria e me faria morrer logo em seguida. Definitivamente, esses não eram bons pensamentos para se ter em plena queda livre, sem saber se o para- quedas de fato funcionaria, já que essa possibilidade infelizmente sempre existia. Fomos treinados para as mais diferentes situações, mas algo assim era irreversível, até mesmo para a gente. SEALs eram os mais empenhados de todas as operações mas eles não ressuscitavam mortos.

O que era bom, pelo menos eu achava.

As coisas na terra começavam a se aproximar, e Hopper que estava um pouco mais abaixo que a gente abriu seu paraquedas, um claro sinal para que fizéssemos exatamente o mesmo quando chegássemos na altura que ele o fez; liderando uma equipe de melhores dos melhores que estavam pensando o quão estranho tudo soava...

Era horrível ter pessoas duvidosas junto de si, mas os motivos que nos deram, simplesmente não encaixavam na necessidade e por mais que aceitássemos ordens sem nem ao menos resmungar, éramos inteligentes ao ponto de saber que algumas coisas estavam totalmente erradas e que poderíamos muito bem ter cavado nossas covas vindo para essa missão... Quem sabe já tivessem feito isso pela gente, para nos poupar do trabalho e quando voltássemos em caixões, se voltássemos, eles apenas jogariam a areia por cima, com a maior satisfação do mundo.

Um por um, pisamos na areia completamente seca devido à escassez de água e sol escaldantes, sentindo em nossas peles a diferença de temperatura do ponto em que pulamos do avião, até chegar ao solo. Completamente perdidos na noção de tempo e espaço.

Retiramos nossos para- quedas, dobramos e cavamos um buraco de quase um metro de profundidade apenas com as nossas mãos, sentindo elas protestarem com o esforço, mas seguindo em frente como sempre fazíamos. Afinal, ninguém poderia encontrar aquelas coisas e elas precisavam ser muito bem enterradas para que não acabassem a mostra com uma tempestade de areia, que colocaria tudo a perder...