Capítulo 19

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Se eu pudesse descrever os últimos meses em apenas uma palavra, essa seria: INSUPERÁVEIS.

Hopper tinha me feito acreditar que mulheres realmente flutuavam de felicidade e quando conversamos sobre como proceder depois da nossa visita à sua mãe, decidimos que ficaríamos juntos. Independentemente do tempo que tivéssemos que ficar separados. Nada seria capaz de me manter longe dele depois de tudo. Isso era certo e eu não costumava fugir de assuntos inacabados.

Em nenhum momento as palavras "eu estou apaixonado" ou "eu amo você" saíram das nossas bocas. Era melhor evitar rótulos enquanto pudéssemos, porque sempre que algo era definido, se não fosse forte o suficiente para garantir, o fim chegaria logo em seguida.

- Voltamos, enfim!

Kat estava com sua pequena mala e um sorriso no rosto digno de quem também tinha passado muito bem de licença. Só não melhor que eu, se eu contasse para ela tudo o que tinha acontecido, com certeza entraria em parafuso e ficaria me atormentando pelos próximos dez anos. Fora que me chamaria de sem vergonha por ter usufruído das habilidades de "tiro" do Hopper.

- Está toda alegre! O que aconteceu nesses meses em Kat?

- Muitas coisas aconteceram e caramba, só isso para manter as teias afastadas de mim durante esse tempo de celibato! – deu uma pausa e perguntou – Treinou bastante?

Se pensasse por lado, ela tinha mesmo razão. Kat aproveitava a vida e ninguém poderia culpá-la por isso.

- Um pouco, porquê?

- Porque parece!

Lembrei dos momentos em que eu e Hopper passávamos nos exercitando, correndo cinco milhas todo o dia e fazendo todos os exercícios necessários para um bom condicionamento físico. Inclusive o mais clichê dos clichês, onde eu ficava em suas costas, enquanto ele fazia flexões tão puxadas, que me levantava com apenas um braço. E seria muita hipocrisia dizer que a maioria não terminava na cama, já que quando eu olhava todos os seus músculos, não conseguia ficar quieta e ele em momento nenhum havia reclamado disso.

- Esse sorriso já entregou tudo! Nem fala mais nada!

Eu nem sabia que estava sorrindo, mas não duvidei que fosse verdade, afinal, mesmo longe dele, a felicidade desses meses ainda corria por mim. Deixando-me muito mais animada com o regresso e com a consciência de que ao fim, daríamos um jeito em tudo.

- Que bom que nem preciso dizer nada.

- Mas quem é o sortudo?

Sorri repuxando os cantos da boca, deixando claro que era exatamente quem ela pensava que era. Eu confiava em Kat e ela não contaria a ninguém nada do que eu comentava com ela, até porque não ganharia nada com isso, nada além de perder uma amiga. Já que em tantos anos servindo lado a lado, muitas licenças onde bebíamos que nem duas gambás, tínhamos criado um laço de amizade sincero e duradouro.

- Não acredito! – Disse, colocando a mão na boca, para evitar gargalhar alto, enquanto olhava para a minha cara, embasbacada. Se ela soubesse tudo o que eu tinha feito com ele, aí sim ela teria uma crise de histerismo e uma muito maior de inveja verde.

- Pode acreditar!

- Você não brinca em serviço mesmo não é, Em? E eu aqui, pensando que tinha abafado por ter pegado o Peter!

Minha boca se abriu em surpresa, e isso não era bom. Todos sabíamos as regras e eu inclusive tinha quebrado muitas delas por ter ficado com o Hopper, enquanto ainda estávamos servindo na mesma divisão. Logo com a saída dele, a consciência pesada tinha se amenizado, afinal, ele estaria bem longe pelos próximos meses... Agora Kat, ficando com Peter, que era Tenente assim como nós do Jean P. Jones, era muito mais perigoso que tudo desse errado e eu me vi temendo mais pela minha amiga do que por mim mesma. Kat era muito maluca e mesmo que tivesse valido a pena, não poderia continuar com todo esse envolvimento durante esses meses.

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