Capítulo 24

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Queria tossir, para poder jogar a água pra fora, mas não conseguia. Meus músculos, completamente fatigados do esforço já não faziam mais questão de me manter tentando chegar a superfície. Eles estavam cansados e esgotados, assim como eu que já nem sentia mais a minha garganta, devido à pressão que toda a água que entrava por lá fazia dentro de mim.

Olhei para os lados, desesperada, percebendo que Peter estava quase na mesma situação que eu, porém ainda tentava com muito mais garra alcançar o que eu parecia ter desistido

"O que está pensando?"

- Em você. – Hopper me disse, enquanto colocava uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha, olhando pra mim como se eu fosse a coisa mais importante da vida dele.

- Mas o quê?

- Nada que queira saber.

- Isso não me soa promissor.

- Ah tenente, na minha mente soa e muito. Posso garantir

Ele me jogou para o lado e subiu em cima de mim, sorrindo como só ele sabia sorrir; enquanto me fazia sentir a mulher mais sortuda do mundo. Eu tinha Austin e como não amar alguém como ele?"

As lembranças dos nossos momentos me invadiam enquanto eu sentia que lutar contra o que aconteceria, apenas me deixaria pior e muito mais cansada. Se eu aceitasse a verdade, quem poderia me julgar como fraca? Quem poderia sequer me julgar, quando eu havia sido capaz de suportar tantas coisas que todos duvidaram que eu conseguiria? Eu era Emily Walker, tinha nascido para me sentir necessária em algum lugar e esse meu lugar era a Marinha. Meu passado, presente e futuro giravam em torno disso e eu havia feito todas as minhas obrigações da melhor forma possível.

Eu era uma das melhores atiradoras da frota, perdendo talvez apenas para o homem que agora dominava meus pensamentos. Mas nesse ponto, eu admitia que ele era muito melhor que eu, enquanto focava totalmente no caminho que o projétil percorria pelo cano da arma, eu apenas sentia onde devia acertar, mirando com a emoção e acertando pela lógica. Meios diferentes que atingiam o mesmo fim. Mas a razão do Hopper se sobressaía a minha emoção e juntos, parecia que essas duas qualidades se completavam, formando um todo que me fazia sentir perfeita. Me fazia sentir como se eu fosse capaz de tudo e muito mais.

"Você consegue, Em. Eu sei que consegue"

Era como se eu ouvisse sua voz me mantendo consciente e tentando fazer com que eu continuasse até terminar aquele teste. Eu precisava ouvir a voz, sabia que precisava, o grande problema é que eu tinha dúvidas quanto a quantidade de força que ainda restava no meu corpo.

E sinceramente, não fazia a menor ideia se essa quantidade seria capaz de me salvar agora.

"Consegue. Consegue. Consegue. Consegue. Consegue. Eu te amo, Emily. Você consegue. Consegue"

Meu corpo pareceu criar coragem novamente e a necessidade de chegar até a superfície se apoderou de mim. Impulsionei com todo o restante de vida que havia em mim, para cima, batendo os pés amarrados de uma forma que eles ajudassem ao invés de atrapalharem e quando alcancei o ar que eu tanto precisava. Senti a água voltando do meu pulmão e liberando a passagem de oxigênio, me fazendo cuspir todo o líquido que eu havia engolido.

Olhei para os lados, me sentindo completamente perdida e me deparei com o homem olhando tanto para mim e para Peter que acabava de fazer o mesmo processo que eu; de forma irritada e surpresa, demonstrando que não era aquilo que ele esperava.

Ele não nos queria ali. E suspeitava que faria de tudo para complicar algo que já era difícil.

Peter e eu estávamos ferrados no momento em que saímos do navio e entramos naquele helicóptero, sem a menor ideia de para onde estávamos indo.

AustinOnde histórias criam vida. Descubra agora