Capítulo 15

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Quando vi a placa com a palavra Houston, percebi que agora seria tarde demais para voltar atrás. Eu tinha mesmo feito essa viagem com ele e depois de alguns dias teria que voltar pelo mesmo caminho, o que nos transformaria em um casal de verdade e eu esperava estar preparada para isso. Assim como esperava o mesmo dele.

Apertei minhas mãos em torno do seu abdômen e senti seus músculos se retesando com o meu toque. Essa era a parte boa da viagem, saber que eu o afetava tanto quanto ele a mim.

- Bem vinda a Houston!

Ele disse alto, tentando superar o barulho do vento nos nossos ouvidos.

- Quanto tempo ainda?

- Alguns minutos, apenas.

Eu quase conseguia ver o sorriso que se formava em seus lábios, repuxando os olhos de forma tranquila. Austin não era dado a sorrisos, o que fazia com que os que ocorriam ocasionalmente, fossem ainda mais especiais e cativantes. Era praticamente impossível não ficar admirando-o quando isso acontecia.

Os minutos foram passando e o nervoso por estar em um lugar que eu não conhecia foi aumentando. Texas era um estado completamente patriota e por mais que fôssemos do mesmo país, eles tinham certo preconceito com as pessoas "sem sotaque" como eu. Mesmo levando em conta que com tanto tempo fora, nem mesmo Austin ainda levava a forma de falar digna do interior. Na verdade, se ele não tivesse me falado que era daqui, eu nem suspeitaria.

Conforme seguimos, passando por uma das avenidas da cidade, a mistura de estilos e pessoas eram perceptíveis, desde dignos homens dali, com calças tão apertadas que eu não fazia a menor ideia de como respiravam, até as pessoas que gostavam de rock, que andavam completamente de preto; essas eram poucas, eu tinha que admitir, mas ainda estavam ali, tentando conviver em paz com as outras completamente fieis ao seu Estado. Continuamos por alguns minutos, até que a paisagem da cidade fosse sumindo aos poucos, após pegar uma estrada paralela à interestadual.

Fiquei absorta olhando os campos tranquilos, com gado e algumas aves que sobrevoavam o céu naquele dia ensolarado, refletindo toda a paz que somente um lugar como esse poderia proporcionar. Minhas mãos traçavam círculos no abdômen do Hopper, enquanto ele permanecia quieto e concentrado no caminho.

Eu estava a cada segundo mais perdida nas mãos dele e nessa altura eu já não sabia se me arrependia por aquele dia no bar, ou abençoava com todas as minhas forças. Aqueles momentos com ele estavam sendo muito mais do que eu poderia imaginar, para sequer eu pensar em voltar atrás. Mas o que não saía da minha cabeça era o que faríamos depois que essa viagem acabasse, depois que o tempo findasse? Aí sim, quando isso acontecesse, com certeza eu me arrependeria por ter deixado que ele se infiltrasse em cada poro do meu corpo, mas até lá eu poderia aproveitar o momento e ir guardando novamente cada pequena parte do meu coração de volta comigo. Para tentar pelo menos superá-lo quando já não pudéssemos nos ver mais...

Apertei-o mais forte e encostei minha cabeça nas suas costas, mesmo com o capacete atrapalhando totalmente a minha tentativa de aproximação.

- Prepare-se.

Ele disse e eu levantei apenas para ver que já tínhamos parado e uma senhora completamente curiosa vinha na nossa direção.

Era a mãe dele, não havia como duvidar disso. Os dois se pareciam tanto que eu suspeitava que Hopper não tivesse nada do pai, talvez, apenas o comportamento. Porque a mãe dele era totalmente receosa e demonstrava que não levava nenhum tipo de desaforo para casa. Ainda mais olhando para a varanda da casa da fazenda, onde tinha uma espingarda pronta para ser usada. Ele não tinha brincado quando disse que ela colocava as pessoas para correrem com tiros nas fuças e a nesse momento, eu me perguntava exatamente o que estava fazendo ali.

AustinOnde histórias criam vida. Descubra agora