Subway Crush
Eu desci as escadas, sem pressa, comparado à toda aquela gente eufórica. A maioria delas estava ao telefone, a maioria ignorando tudo à sua volta, a maioria querendo chegar logo em seus destinos.
Será que eles já olharam para as paredes da escadaria? Será que eles já repararam na quantidade de grafites? São artes tão belas.
Eles, provavelmente, não dão importância pra isso. É triste.
- Ande logo, garoto - uma senhora pediu, atrás de mim.
Eu tive que apertar o passo, mas contragosto. Eu detesto essas pessoas apressadas, como se fossem tirar seus pais da forca.
Eu pulei o último degrau, sobre meu casaco pesado, enrolado em meu cachecol, e eu olhei para a ponta de meu nariz, para a ver a fumaça de frio sair por minha boca.
Eu andei, com calma, até o ponto em frente ao meu trem, me encostei em um pilar, e tirei uma bala de cereja do bolso. Após pôr a bala na boca, eu coloquei meus fones, e dei play na minha lista favorita.
Eu fechei meus olhos, porque a cena de toda aquela gente correndo para um lado e outro, era frustrante. Não gosto de correria, não gosto de tanta agitação, não gosto que me apressem.
E quando eu abri meus olhos, ele estava lá.
Com sua carranca típica, a franja negra sobre os olhos, também de fones, casaco escuro e pele branca como arroz. Tão bonito, mas tão impenetrável.
Nunca o vi sorrir, e eu gostaria tanto de saber como é o seu sorriso. Porque deve ser lindo, assim como tudo nele.
Eu não sei nada dele, eu só sei que gosta de música, pois sempre joga uma moeda para o instrumentista de rua que toca perto das escadas.
Talvez eu passe tempo demais o observando, mas eu não consigo controlar.
Ele é a minha arte favorita do metrô.
Se todas as pessoas parassem para admirá-lo, ficariam encantadas, mesmo que ele pareça sempre entediado.
Será que só eu vejo a beleza nas paredes da estação? Será que só eu vejo o quão bonito é este rapaz?
Talvez ele seja uma das partes favoritas do meu dia. Depois que eu saio do trabalho, com os braços cansados de tanto fazer caramelo, eu passo pela banca de flores, e a senhora, dona do lugar, me dá uma florzinha em troca de uma bala, eu venho pra cá, e aí eu vejo ele.
Será que ele gosta de doces? Eu espero que sim, pois tenho muitos doces, eu faço doces. Eu poderia ensinar ele à fazer alcaçuz, ou marshmallow.
Ah, minha mente viaja quando o pensamento é ele.
Meu trem chegou. Eu entrei, sem perder o garoto de vista, e como esperado, ele se sentou em um banco solo, e encostou a cabeça no vidro da janela.
Se um dia ele se sentar em um banco duo, eu me sentarei ao lado dele. E aí eu vou puxar assunto, sobre as decisões da nossa presidente, ou sobre música.
O trem encheu, e em minha frente, sentou-se uma mulher, eu acenei para a noona e entreguei um doce molinho ao filho pequeno dela. Minha mochila é cheia de doces. Sou o inimigo número 1 dos dentistas.
O metrô começou a andar, rápido como sempre, e eu preferia que ele fosse mais de vagar, mas eu sei que sua função é ir rápido mesmo.
Ao meu lado, o senhor que se sentava comigo, não parecia bem, ele tinha um saco de papel na mão e levava uma sacola cheia de remédios. Mesmo que para mim, em primeiro lugar, venha o bem estar das pessoas, eu não gostaria de ficar sujo de vômito.
VOCÊ ESTÁ LENDO
No Panic {one shots}
Hayran KurguUm tiro basta para gerar o caos. especial one shots bangtan/kpop/yaoi/yuri/+18