− Eu acho que nós não devíamos... – murmurei tirando a mão dele que subia pela minha coxa. Estávamos no estacionamento do PUB onde nos encontramos por acaso. Ele era lindo, olhos claros, cabelos pretos, lisos. Mais de trinta anos, com certeza.
− Por que não? – perguntou voltando a me beijar enquanto se inclinava sobre o meu corpo e voltava a deslizar sua mão entre as minhas pernas. Eu queria, queria muito, mas no carro?
− Não podemos ir para o seu apartamento? – questionei quando ele afastou a renda da minha calcinha e tocou o meu sexo. Ofeguei.
− Vamos para o seu... – ele sussurrou, seus dedos me penetraram. Ele era incrivelmente bom nisso.
− Eu não moro sozinha – toquei sua ereção apertando minha mão sobre a calça.
− Eu emprestei o meu apartamento para um amigo pra ele levar uma garota − ele disse, enquanto seus dedos me enlouqueciam. Eu abri o fecho da calça jeans e envolvi o seu membro com a minha mão, apertei levemente e o massageei.
− Para, eu vou gozar – ofegou afastando a minha mão, pegou uma camisinha no porta-luvas e a vestiu. – Senta aqui – ordenou, segurando seu pênis para que eu encaixasse meu corpo. Desci sentindo seu membro me preencher. – Mexe... – Ele afastou a minha calcinha enquanto observava meu sexo engoli-lo. Seu polegar incitava o meu clitóris, provocando ondas de calor que percorriam o meu corpo, deixando meus mamilos duros e desejosos de seu toque. Ele era experiente e sabia o que eu desejava, mordeu meu seio sobre o tecido fino do meu vestido incitando-o. Meu sexo começou a pulsar enquanto o engolia. Uma onda de prazer seguida de espasmos descontrolados das partes mais indecentes do meu corpo o envolveram provocando o seu gozo, ele gemeu, deliciosamente, enquanto nossos lábios trocavam carícias.
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− Você transou com ele no primeiro encontro e no carro e acha que ele vai ligar? – ela praticamente gritou enquanto caminhávamos carregando nossos copos de café pelos corredores da "Faces", a famosa revista de moda onde eu e a minha amiga Tracy trabalhávamos. Era ela quem gritava.
− Quem transou no primeiro encontro? – Bobby perguntou se juntando-se ao grupo abraçado a uma pilha de edições antigas. Eu olhei para Tracy em pânico.
− Uma amiga – ela falou sem demonstrar nenhum constrangimento.
− E ela acha que ele vai ligar? – perguntou com deboche. Eu bebia o meu café, escondendo o meu rosto atrás do grande copo marrom, para não participar daquela conversa que não devia estar acontecendo.
− Quem vai ligar? – Pronto, agora não faltava mais ninguém. Stacy, a loira siliconada se juntou ao grupo.
− A amiga da Tracy que transou no primeiro encontro acha que o cara vai ligar – Bobby respondeu.
− Coitada! – Stacey falou com ironia. – Quem é a garota, conheço? – perguntou curiosa olhando para nós duas. Tracy lançou um olhar de censura para mim antes de responder.
− Não. Ela é uma garota do prédio onde moramos – Respirei aliviada.
− Pelo menos ela usou camisinha? – Bobby quis saber.
− Claro – respondi rápido demais.
− Como sabe? – Stancey era uma víbora.
− Ela me contou – disse com convicção.
− São íntimas – Tracy completou.
− Ainda bem, esses caras geralmente trocam de parceiras todas as noites, vai saber. – Bobby concluiu.
Se a ideia da Tracy era me deixar mal, ela conseguiu. Passei o restante do dia entre revisões e culpas. Não devia ter sido tão fácil, mas ele era um gato. Lindo, inteligente, irônico e sedutor. Eu tinha trinta e dois anos. Estava sem sexo há quase dois anos, desde a separação não senti vontade de procurar outra pessoa, no primeiro ano achei que ele voltaria, de joelhos, pedindo perdão. Só entendi que isso não aconteceria quando ele ficou noiva da filha do seu chefe. Decidi então me dedicar aos estudos e ao trabalho, terminei a faculdade de jornalismo e consegui um emprego na famosa revista. Conheci Tracy, a secretária da presidência, ela precisava de alguém para dividir o apartamento em um prédio antigo mais de aluguel caríssimo em um bairro cult da cidade, eu precisava me livrar do passado. Então, me ofereci, ela aceitou e hoje moramos juntas e nos tornamos melhores amigas. Ela não tinha namorado, era prática com os homens, encontros casuais com sexo casual. Ela não esperava a ligação, não dava o número do telefone para isso, mesmo assim alguns ligavam para a morena sedutora de longas pernas torneadas, corpo cheio de curvas, pele branca, olhos negros como o cabelo liso e perfeitamente repartido ao meio. Os lábios vermelho vinho ou amora. Ela era linda. Eu era do tipo comum. Sempre fui a garota sem graça, seios pequenos, magra demais, daquelas que não precisam usar sutiã, pois não tem nada para sustentar. Meu cabelo loiro havia sido cortado e hidratado depois que Tracy praticamente me sequestrou e levou a um cabeleireiro. Estava cortado curto na altura do queixo com cachos que me deixaram com ares de Marylin. Talvez tenha sido isso que chamou a atenção do cara de calça jeans e camiseta na noite anterior. Era um encontro às cegas, mas meu encontro não foi. Mandou uma mensagem pedindo desculpas. Resolvi aproveitar a produção exagerada e beber um drink antes de voltar pra casa e me divertir com algum programa de televisão. Mas um cara, um tanto inconveniente, começou a me atormentar com aquelas conversas clichês de vou te comer. Fui salva pelo moreno bonitão. Ele chegou pedindo desculpas pelo atraso e me beijando na boca como se fôssemos íntimos. Conversas bobas e algumas cervejas depois e eu estava dentro do carro dele sentada no colo dele com o seu pênis dentro de mim. Olhei para o celular, nenhuma ligação perdida.
− Ele não vai ligar – comentei comigo mesma. – Você vem? – perguntei abrindo a porta da sala de Tracy. Ela me olhou desanimada.
− Não. Ele está uma fera – disse apontando para a porta da sala da presidência do Grupo Editorial Thompson. – Chamou todos os diretores para um reunião, terei que ficar até tarde.
− Ok. Preparo algo bem gostoso para o jantar para compensar. – Ela sorriu, cochichávamos, era uma mania, quando tratávamos de assuntos pessoais naquele lugar.
− Obrigada. – Eu estava fechando a porta quando ela voltou a falar. – Phoebe?
− Sim?
− Meu irmão vai ficar uns dias lá em casa. Eu esqueci de te avisar – completou com uma cara de desculpa.
− Tudo bem. – falei um tanto contrariada, eu era uma pessoa que tinha problemas em conviver com estranhos, e um morando com a gente significava sair da zona de conforto, que há tão pouco havia conquistado.
− Ele brigou com a chata da minha cunhada e não tem pra onde ir. Ontem ficou na casa de um amigo, mas pediu para ficar comigo até resolver os problemas com a Erin.
− Ok. – O que mais eu poderia responder? Eu pagava um terço do aluguel, ela pagava os outros dois. Tinha o direito de ter hóspedes, eu não. Não que ela tenha imposto isso, Tracy jamais faria isso, era a pessoa mais flexível que existia, se adaptava a todas as situações, diferente de mim que tinha dificuldades em fugir à rotina.
Eu não conhecia o irmão de Tracy, apenas por uma foto deles ainda pequenos com os pais em uma tarde ensolarada em um parque. Ele era mais velho que ela, devia ter uns trinta e cinco anos agora. Como se chamava? Steve. O nome fez eu me lembrar do Stewart. Olhei para a tela do celular. Nada. Por que eu não peguei o telefone dele?
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Histórias de Desamor
RomanceUma serie de encontros e desencontros de pessoas que só queriam viver uma história de amor.