O convite me pegou de surpresa, não esperava que o arrogante Aaron Thompson viesse, pessoalmente, até a minha sala me convidar para ser diretor do grupo. A Faces era apenas um braço do grande conglomerado de empresas que a família Thompson possuía. E a partir de hoje eu era o diretor jurídico de todo esse Império. Pensei em ligar para Amber, mas resolvi que seria melhor dar a notícia pessoalmente. Poderíamos sair para comemorar. Pelo menos esse era o plano, antes do Senhor Thompson informar que teríamos uma reunião de diretoria no final da tarde.
Entrei na sala de reuniões da presidência e meus olhos encontram os olhos da bela Tracy Stanford. Naquele momento decidi que a comemoração com a minha esposa ficaria para outro dia. Hoje ela seria o meu prêmio, passei o polegar no meu anelar, lembrando da maldita aliança. Foi então que senti a sua falta. Eu a havia tirado antes do banho e havia esquecido sobre a pia do banheiro. Sorri diante daquela feliz coincidência. Tracy e eu tínhamos o nosso jogo de sedução, ela me provocava, eu a provocava. Sabia que ela me desejava, mas ela tinha aquela regra ridícula de não se envolver com homens casados e isso limitava a brincadeira. Eu queria mais e sentia que hoje era o meu dia de sorte, afinal de contas estava, aos olhos da Senhorita Stanford, solteiro.
Durante a reunião fui apresentado ao grupo como o novo diretor, alguns se mostraram surpresos, outros contrariados, mas todos cederam à vontade do poderoso Aaron Thompson e tiveram que me cumprimentar pela promoção. Sentia pelo velho J.J., era um homem de tratamento difícil, exigente e ranzinza. Mas eu soube massagear o seu ego no momento certo, com os elogios apropriados e aos poucos ganhei a confiança de um dos homens mais poderosos do grupo, depois do seu presidente. Em pouco tempo, Jofrey me colocou como seu braço direito, prometeu uma promoção, mas antes que ela saísse, seus problemas de saúde se agravaram e ele se afastou. Eu já havia desistido da promoção e imaginava que, em breve, outro advogado, mais experiente, tomasse o lugar do Senhor Jofrey e eu voltasse a ocupar a última mesa em um canto da sala do décimo andar da Faces. Mas para minha surpresa, J.J. me indicou para substituí-lo e como o jovem Aaron sempre ouvia os conselhos do velho, eu era o novo diretor e braço direito do presidente.
A reunião se estendeu até as vinte e três horas. Só não foi totalmente enfadonha por causa da linda mulher ao meu lado. Saí da sala disposto a não voltar pra casa sem provar a deliciosa Tracy Stanford. Caminhei até um local isolado onde podia fazer uma ligação sem ser ouvido e de onde poderia observá-la caso deixasse sua sala.
− Oi, Bruce. Tudo bem? – a voz sonolenta de Amber soou do outro lado da linha.
− Tudo, meu amor. A Skye já dormiu? – perguntei.
− Esperou por você para mostrar o novo passo de ballet que aprendeu na aula de hoje, queria ficar vestida com sua roupa de bailarina, foi uma briga convencê-la a tirá-la para dormir. Tive que prometer acordá-la quando chegasse para que ela dançasse para você.
− Eu sinto muito, amor. Mas fui chamado para uma reunião chata e só agora consegui dar uma fugida para te ligar. Acho que vou demorar mais umas duas horas, pelo menos.
− Tudo bem. Amanhã a Skye mostra sua dança –Ela parecia distante, talvez estivesse brava com a minha ausência. Cobrava que não dava atenção à Skye, nossa filha de cinco anos. Mas eu não nascera rico como ela, precisava mostrar para o pai intransigente de Amber que era merecedor de sua fortuna. Ele a deserdou quando ela resolveu casar com o estudante de direito podretão. Pensei que com o nascimento da neta, o velho mudaria e abriria a mão, mas isso não aconteceu. Tínhamos um orçamento apertado. Amber não reclamava, não demonstrou, em nenhum momento sentir falta da sua antiga vida. Por imposição da mãe ganhamos a casa e os carros quando nos casamos. Amber recebia também uma mesada. Foi com ela que terminei os meus estudos. Fui um aluno medíocre, não era chegado aos livros. Minha inteligência estava na facilidade de manipular as pessoas. Por ironia o meu grande fracasso foi o meu sogro. Apesar de, às vezes, desconfiar que só consegui o emprego na Thompson por interferência do meu sogro,que era amigo pessoal de Frederic Thompson, pai de Aaron. Amber trabalhava meio turno em um Antiquário. Tinha o horário flexível para atender as necessidades de Skye. O salário era irrisório, mas ajudava nas despesas. Agora, com a promoção as coisas ficariam melhores e eu esfregaria na cara do velho sovina que não precisava dele para sustentar a minha família.
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Histórias de Desamor
RomanceUma serie de encontros e desencontros de pessoas que só queriam viver uma história de amor.