O destino

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− A Senhorita está bem? – olhei para o taxista sem conseguir respondeu, as lágrimas deslizavam sem controle pelo meu rosto, meu corpo tremia.

− Vou ficar – consegui sussurrar – Ele voltou a silenciar. Ainda sentia o toque de Bruce no meu corpo, isso me causava náuseas. Olhei pela janela, uma garoa começava a cair enfeitando o vidro com suas gotas. O homem dirigia sem rumo, eu só pedi para ele sair daquele lugar. Respirei fundo, deixando o ar sair pela boca. Comecei a rever os acontecimentos daquela noite. Eu havia ido até aquela festa decidida a conseguir um acordo com Bruce a qualquer custo, mesmo que isso significasse reconciliação, mas o encontro com Aaron, fez com que a ideia de ser tocada por outro homem se tornasse inconcebível. Eu tinha estragado tudo. Ele conseguiria a guarda de Sky e não havia mais nada que eu pudesse fazer para evitar isso. E se eu convencesse o papai a dar dinheiro para ele? Não, Bruce não era bobo, ele sabia que Sky seria herdeira do papai, e era essa herança que ele queria. O desespero tomou conta de mim, meus pensamentos viajavam nas hipóteses mais absurdas para o meu futuro e o de Sky. E se eu me desculpasse? Ele teria o dinheiro do papai, uma vez que eu voltei a ser herdeira. Aquela ideia me causou repulsa e alívio ao mesmo tempo. As lágrimas voltaram com mais força e eu solucei.

− Senhorita, preciso de um endereço – o homem voltou a interromper o meu sofrimento. Nesse momento o meu celular tocou.

− Pai − atendi tentando disfarçar a minha tristeza.

− Onde você está, querida? – perguntou com carinho. Fazendo meu coração doer. Por que eu não te escutei?

− Eu estou indo embora, não estou me sentindo muito bem – respondi.

− Aconteceu alguma coisa, querida? Você encontrou o Bruce?

− Sim – disse engolindo em seco. – Nós conversamos, acho que ficará tudo bem. – não consegui continuar, a dor daquela mentira foi dilacerante.

− Que boa notícia.

– Eu preciso desligar agora, nos vemos amanhã. Boa noite, pai.

− Amanhã? – Ele esperou, mas recebeu como resposta apenas o meu silêncio. Não podia ir para casa naquele estado. Temia pela sua reação. − Boa noite, filha.

− Senhorita, preciso saber qual o seu destino – o taxista disse. Olhei para ele pelo espelho retrovisor, pensando na ironia daquela pergunta. Qual é o meu destino?

Eu sabia qual. E, pelo menos, essa noite, eu o escolheria. 

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