O amigo do meu irmão mais velho

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Meu coração acelerou, algum dia deixaria de acelerar quando nos encontrássemos? O que ele está fazendo aqui?

− Onde você se meteu? – só então vi meu irmão. – Estava trabalhando?

− Só se for em um motel – ele comentou com deboche. Eu o fuzilei com os olhos, ele sempre foi e nunca deixaria de ser um babaca. – Roupa de ontem, cabelo úmido. Sexo no motel.

− O que você e esse traste fazem aqui? – perguntei perdendo a paciência.

− Eu disse que viria.

− Você disse que tinha voltado pra vadia da Erin – procurava a chave na minha bolsa. Eu não via o Dustin há anos. Evitava me encontrar com ele, era constrangedor. E agora ele estava ali, subindo para o meu apartamento.

− Em alguma coisa concordamos – Dustin comentou, no momento que encontrei a chave.

− Ela pediu um tempo – o meu irmão comentou, parei e o encarei.

− Ela pediu um tempo? Ela? E o paspalho aceitou?

− Em duas coisas concordamos – Dustin voltou a comentar. – Acho que já podemos casar. Por que ele fazia aquilo? Era cruel.

− Cala a boca! – Steve e eu falamos ao mesmo tempo.

− Vocês são gêmeos? – perguntou franzindo a testa – pensei que esse negócio de telepatia só existisse com gêmeos.

− Por que você trouxe esse cara? – entrei no elevador seguida pelos dois patetas.

− Vê se fica quieto, Dustin. – ouvi Steve cochichar atrás de mim.

− O que eu disse de errado? – ele indagou levantando as mãos para cima. O que eu vi nesse cara? Ele nem é atraente, parece um troglodita. Cabelo ruivo, barba espessa, olhos verdes. Para beijá-lo teri que subir em um banquinho. E olha essa roupa? Dois números maior, camiseta amarrotada, tênis encardido. E mesmo assim meu coração continua descompassado. Você está louca, Tracy.

− Você dorme no sofá! – comuniquei quando entramos no apartamento.

− Mas e o quarto de hóspedes? – meu irmão questionou.

− Eu aluguei para uma amiga, esqueceu?

− Droga! Isso vai acabar com as minhas costas! – resmungou se atirando no sofá. Isso vai acabar com o meu sofá, pensei antes de sair daquele lugar, sair de perto do Dustin, fugir do meu passado.

− Vou nessa, cara! A gente se vê à noite, se você sobreviver a chatice da sua irmã – ouvi antes de fechar a porta do meu quarto.

Quando concordei com o meu irmão vir morar comigo, não pensei que junto viria o seu melhor amigo, aquilo era apavorante e excitante. Eu caminhava pelo meu quarto como uma adolescente, era assim que Dustin me fazia sentir, quando estava ao seu lado me sentia uma boba, uma garota inocente e inexperiente. Ele foi o meu primeiro amor e ele sabe disso, por isso o meu constrangimento.

Eu tinha treze anos, aparelhos nos dentes, trança no cabelo, uniforme da escola Ele aparecer para buscar o meu irmão, toda a sexta, depois do basquete, Dustin passava la em casa para pegar o Steve para irem jogar aqueles jogos ridículos de fliperama. Naquele dia o Steve não poderia ir. Estava de castigo por tirar notas baixas em matemática. Mas o Dustin não sabia. Eu esperava o Steve na sala, mamãe pediu para eu avisá-lo do castigo do Steve. Quando eu olhei para o garoto ruivo, de camiseta branca e calça jeans, mãos nos bolsos examinando os bibelôs que a minha mãe colecionava na estante, meus coração disparou, ele já disparava naquela época. Eu precisava falar pra ele do meu amor.

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