Encontrei meu Wolks com a ajuda de um zelador do prédio, ele me acompanhou até a garagem subterrânea. Dirigi sem saber para onde ir. Não encontraria Pepe em casa, eles iriam ao museu, mas naquela hora não sei se ainda estariam lá. Mas era a minha única opção, isso ou voltar para casa e encontrar o Bruce e, em vez dele dar uma explicação, eu terei que explicar o que fazia nua, coberta apenas com a camisa de um homem. Precisava resolver aquilo. Estacionei o carro em uma rua pouco movimentada e vesti minha roupa que estava dentro da pequena sacola de lavanderia. Como eu não desconfiei quando o mordomo apareceu com tudo resolvido? Era acostumado a atender as acompanhantes do seu patrão. Resolver qualquer incômodo que elas pudessem criar. Aquela mulher, ela... ela estava se humilhando para ele e o jeito que ele a tratava. De repente, me dei conta que o que aconteceu com Aaron deixou Bruce em segundo plano. Como aquilo podia me incomodar mais que a traição do meu marido? E se tudo não passasse de um engano, e se Bruce fosse inocente, então eu era a traidora. Precisava resolver tudo, mas agora, precisava encontrar Sky e voltar para casa.
Subi as escadarias do Museu, nos finais de semana a entrada era gratuita, a minha falta de dinheiro não foi empecilho. O problema era encontrá-los. Caminhei entre as galerias, sem prestar atenção nos objetos expostos, meu olhar procurava uma menininha de cabelos cacheados e vestido vermelho com pequenas flores amarelas. Lá estava ela, de mãos dadas com... o meu pai? O que o meu pai faz aqui? Onde estão Pepe e Olga? Eu perdi o chão. Caminhei rapidamente em direção a eles, que estavam de costas para mim. Quando me aproximo, vejo Pepe, Olga e mamãe que admiravam uma obra renascentista. Mamãe é a primeira a me ver. Seu sorriso desaparece.
− O que significa isso? – meu pai virou-se em minha direção quando escutou a minha voz.
− Mamãe! – Sky me abraçou.
− Filha! − O Senhor Xavier exclamou. Não respondi, olhei para Pepe e Olga, que me observam desconsertados.
− Eu não espera isso de vocês – disse segurando a mão de Sky e saindo rapidamente do local.
− Amber, filha. Não tome nenhuma conclusão precipitada, nos escute, querida! – Mamãe me seguiu.
− Eu não preciso de nenhuma explicação. Vocês não me respeitam, ninguém se importa com o que eu penso, com o que eu sinto. Todos me traem, todos agem pelas minhas costas. O que eu significo para vocês? Me diz mamãe? Esse homem me distratou, me expulsou de sua vida e agora quer a minha filha?
− Filha, não é isso. Não pense isso do seu pai. Por favor!
− E você, mamãe? Como pode? Pepe? Olga? – O Bruce e o Aaron? Completei em pensamento. Entrei no carro antes que os outros se juntassem ao grupo. Sky não entendia o que acontecia, pedia para que eu não chorasse. Eu sorri para ela, engolindo o choro. Seus olhinhos brilhavam com lágrimas que deslizavam pelas bochechas rosadas.
− A mamãe está bem, querida. Foi só uma briguinha boba com a vovó. Mas a gente já vai ficar amiga de novo.
− É por causa do vovô Zack?
− Por que você nunca falou dele? – perguntei.
− Porque era segredo. Segredo a gente não conta, mamãe – explicou entre soluços.
− Mas com a mamãe não pode haver segredo, meu amor.
− Desculpa... – sua vozinha saiu engasgada pelas lágrimas. Estacionei o Wolks. Estávamos próximos de casa, uma rua arborizada, tranquila, formada por casas simples, de alvenaria, a maioria com pinturas desbotadas pelo tempo e reboco rachado.
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Histórias de Desamor
RomansaUma serie de encontros e desencontros de pessoas que só queriam viver uma história de amor.