Phoebe e Steve

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− Eles transaram? – perguntei boquiaberta.

− Transaram – ela repetiu com um sorriso malicioso em seus lábios vermelhos. Vestia preto, um lindo vestido longo, com bordados que acentuavam as suas curvas. Eu usava um modelo mais simples, verde, alugado aquela tarde, mesmo assim era elegante, o decote tomara que caia me deixava com ares de atriz de Hollywood. "Hoje você está Marylin" foi o comentário que Tracy fez quando me viu pronta.

− Como pode ter tanta certeza? – desafiei a garota que se proclamava expert em assuntos sexuais.

− Eles transaram e ela o deixou louco por mais – duvidei daquela informação, Aaron Thompson era um homem lindo, assediado pelas modelos mais bonitas do país e mesmo assim, nunca vimos nenhuma cena que indicasse que ele estivesse tendo algum relacionamento. Era discreto.

− Você está inventando essa história, Tracy – contestei.

− Você é muito ingênua, Phoebe – falou revirando os olhos. – O Senhor Thompson saiu totalmente descomposto da sala, a camisa pra fora do cós, o cabelo em desalinho, atrás da garota, eles discutiram na frente no elevador. Ele entregou algo para ela, que escondeu rapidamente na bolsa. Eu acho que era um sutiã ou uma calcinha ou os dois, sei lá. Eu estava longe e não consegui entender o que falavam, mas ela foi embora chorando e ele voltou para a sala com um humor intragável. Você tem certeza que ela é a esposa do Bruce?

− Sim, ela se apresentou como Senhora Garret e perguntou por ele.

− Então ele levou um par bem grande de chifres – disse dando uma gargalhada.

− O que ele faz aqui? – perguntei olhando para o homem de smoking que entrava no Salão do Hotel onde seria realizada a Cerimônia de lançamento do projeto da nova Sede das Empresas Thompson.

− Steve? Ele é o engenheiro responsável pelo projeto da Thompson – falou como se aquilo fosse a informação mais óbvia do mundo.

− E por que não me avisou? – olhei para ela, ficando de costas para ele.

− Pensei que você soubesse, afinal eram íntimos – respondeu com displicência.

− Eu não sabia nem o nome verdadeiro dele e acha que ele ia me contar isso? – estava furiosa com a minha amiga. – Você fez de propósito, por isso pediu a minha ajuda na recepção, não foi?

− Eu não pensei nisso, não sabia nem que o Steve viria, ok? – Eu acreditaria nela se seus olhos não estivessem com aquele brilho... mas algo chamou a sua atenção e sua tez se franziu. – O que ele está fazendo aqui?

− Ele quem? – perguntei olhando para os dois homens que vinham em nossa direção. – Droga, o tarado veio também.

− Phoebe? – Respirei fundo antes de procurá-lo com o olhar, mas não foi pra mim suas próximas palavras. – Você disse que não sabia como encontrá-la, por que mentiu? – Tracy deu de ombros.

− Oi, Dustin – disse para o amigo do irmão que sorriu para ela.

− Oi, Tracy – ele respondeu antes de ser puxado pela mão por minha amiga, me deixando a sós com Steve.

− Phoebe, eu estou te procurando há dias, precisamos conversar.

− Não temos mais nada pra conversar, Senhor.

− Você não está falando sério? – perguntou aflito. Era um ator!

− Senhor, eu não o conheço – encontrá-lo em público me fortaleceu, diferente da última vez, agora não corria o risco de ceder.

− Deixa eu me explicar, por favor! Vamos para um local mais tranquilo – pediu.

− Eu estou trabalhando. E não temos mais nada para conversar – concluí me afastando dele. Os convidados começavam a chegar e as mesas dispostas em um grande círculos em torno de um palco central onde imagens tridimensionais eram projetadas apresentando o projeto da nova sede administrativa da Thompson, já se encontravam completamente ocupadas.

− Eu não vou desistir de você – falou me perseguindo.

− Steve! – uma voz feminina soou audível o suficiente para chamar a nossa atenção. A mulher ruiva, usando um vestido preto de renda transparente, que deixava seu corpo totalmente exposto caminhava ao nosso encontro. – O que você faz aqui, querido? Não veio arrumar mais confusão por minha causa? Por favor! – falou colocando as mãos em sua gravata, como se a arrumasse e depois passando as unhas pintadas de um vermelho vivo em seu rosto. Ele parecia hipnotizado pela bela mulher. – Quem é essa daí? – perguntou olhando com desdém para o meu lado.

− Ninguém – respondi me afastando definitivamente. Meu corpo inteiro tremia. Meu estômago doía. Era ela, só podia ser ela. De repente me senti ridícula em imaginar que ele podia ter me amado, a garota era linda, como eu, essa pessoa totalmente sem graça, poderia imaginar que ele sentiria alguma coisa por mim. Estúpida!


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