Não me espere essa noite

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Digitei o número no celular enquanto observava a paisagem da janela da minha nova sala, um aglomerado de prédios que se estendia do Centro da Capital até o azul do mar, misturando-se com um céu cinza e sombrio. O prenúncio de uma tempestade. Um sorriso se desenhou em meus lábios, estou no topo do mundo, chefiando um dos setores mais importantes da Thompson e de quebra comendo a gostosa da secretária do presidente. Eu sempre prometia que seria a última vez, mas era um vício, gostava de sexo e Amber... a doce Amber foi deliciosa por um tempo, mas não era suficiente para matar a minha fome. Ela era virgem quando nos conhecemos, inocente, manipulável e rica. Foi fácil fazer a garotinha mimada, criada em uma redoma de vidro se apaixonar pelo cara de classe inferior, desprezado pela sociedade a qual ela pertencia. Fui uma causa social para a bela Amber Xavier. O fato do pai me destratar foi um estímulo à garota cheia de ideais e sonhos. Na verdade, ele só facilitou as coisas para mim. Agora tínhamos uma filha, a neta do velho Xavier, essa ele não teria coragem de deserdar.

− Alô – a voz tranquila da minha esposa falou do outro lado da linha.

− Oi, amor – respondi automaticamente, não a amava mais, acho que nunca amei. Desejei no começo, sua pureza era inebriante. O problema é que ela não perdeu aquele pudor da primeira vez. Era tímida na hora da penetração e isso deixava o sexo morno e sem graça. Nunca gritou, gemeu, pediu mais. Se havia um culpado pelas minhas traições, esse alguém era ela.

− Bruce, tudo bem? Já estava vindo? Sky ficou com Olga e Pepe. Estava eufórica por dormir fora de casa. Eu estou terminando de me arrumar.

− Desculpa, amor. Mas não conseguirei escapar tão cedo daqui.

− Tudo bem, eu espero. Que horas você vem?

− Eu acho que só conseguirei sair de madrugada, Amber – menti descaradamente. – Tenho uma série de reuniões com a diretoria da Thompson.

− Diretoria?

− Pois é, você sabe que o Jofrey está afastado. Então fui chamado para responder pelo setor.

− Isso é bom, não é? – a voz dela era de decepção, mesmo tentando disfarçar sabia que estava chateada pelo fato de eu estar cancelando nosso jantar.

− É, acho que é. Eles me respeitam, amor. Isso pode significar uma futura promoção – falei tentando parecer empolgado. Amber geralmente era compreensiva, havia alguma coisa a incomodando. Devia ser alguma bobagem de mulher, sempre era.

− Que bom.

− Não me espere acordada, amanhã sairemos, prometo.

− Tudo bem.

− Te amo, querida.

− Te amo – desliguei o telefone. Eu sou um canalha. Caminhei até a sala da presidência, abri a porta.

− Pronta?

− Sim – ela respondeu com um sorriso. Usava batom vermelho, imaginei aquela boca me devorando e meu membro pulsou.

− No seu carro ou no meu? – perguntei

− Cada um no seu destino – disse colocando a bolsa no ombro e passando por mim, deixando o seu corpo me tocar, provocante − ou não chegaremos ao nosso.


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Quando chegamos no pequeno Hotel à beira mar, o nosso destino, o céu já era riscado por relâmpagos. As primeiras gotas da chuva começavam a cair. Tracy escolhera o lugar, foi ela que me convidou durante aquela tarde para continuarmos a nossa interação em um local mais tranquilo. Não pensei duas vezes, a comemoração com Amber podia esperar. Entramos no quarto com vista para o oceano. Uma porta de vidros com cortinas esvoaçantes e uma cama com lençóis brancos nos aguardava.

− Um banho? – Ela perguntou abrindo os botões da camisa preta de tecido transparente que usava, por baixo um corpete rendado.

− Boa ideia – respondi desfazendo o nó da gravata. Eu a peguei de costas embaixo do chuveiro, coloquei minhas mãos envolta do meu pescoço, entrelaçando os dedos e fiquei observando meu membro entrar e sair de dentro dela, enquanto ela projetava seu quadril para trás com as mãos espalmadas na cerâmica branca do boxe. Diminuí o ritmo quando as contrações do seu sexo me apertaram, gostava de sentir seu corpo me pressionar. Ela gemeu, gozou e apertou as pernas me castigando. Eu finquei fundo e expeli meu sémen prisioneiro no invólucro de látex. Terminamos o banho sem carinhos, éramos adultos suficientes para sabermos que estávamos ali apenas com um objetivo, trepar.

Ela estava enrolada na toalha penteando os cabelos em frente a um grande espelho que ocupava toda uma parede. Nossos corpos estavam cobertos apenas por toalhas brancas. A abracei por trás e sussurrei o meu pedido indecente em seu ouvido.

− Não – ela respondeu se virando de frente para mim.

− Por que não? – perguntei fechando levemente os olhos, decepcionado.

− Eu não faço oral – respondeu cruzando os braços no peito. Sorri diante daquela atitude um tanto infantil da mulher que tentava parecer mulher moderna e independente.

− Mesmo? Só um beijo? – sussurrei beijando seu lábios devagar enquanto tirava a toalha da minha cintura. Levei sua mão até o meu membro e a fiz acaricia-lo. Ela estava ofegante, continuei provocando seu lábios com lambidas e mordidas. Suguei sua língua devagar, enquanto meu membro pulava entre seus dedos. Ela cedeu, beijou meu queixo, meu pescoço, mordeu o meu mamilo e deslizou sua língua pelo meu abdômen, até cair de joelhos aos meu pés e me chupar com força, sugou a ponta do meu pênis fechando seus lábios, lambendo, me engolindo. Até que eu a lambuzasse com o meu gozo.

Estava exausto, mas ela queria mais. Deitei-a com as costas na cama, abri suas pernas e a devorei. Provei seu sexo com meus lábios, a penetrei com a minha língua e a levei ao orgasmo sugando seu delicioso clitóris. Ela voltou para o chuveiro, eu fiquei deitado olhando para o teto de gesso rebaixado com um lustre psicodélico sobre a cama, acabei adormecendo.


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Acordei, já era dia, ainda chovia.

− Droga, por que você não me acordou? – perguntei para a bela morena que dormia nua ao meu lado.

− O quê? – ela perguntou se espreguiçando e colocando suas coxas sobre as minhas pernas.

− Eu preciso ir.

− Você tem compromisso num sábado de manhã? – sua mão descia pelo meu abdômen e encontrava o meu membro. Droga, ele o envolveu com seus dedos compridos e começou uma massagem que me deixou duro no mesmo instante. Olhei para aquela carícia e depois para ela.

− Nada de importante – sussurrei enquanto me inclinava sobre o seu corpo.

− Então por que a pressa? – murmurou entre meus lábios, abrindo suas pernas para que eu a possuísse mais uma vez.

Olhei o aparelho celular enquanto entrava no carro, havia colocado no silencioso para que nada atrapalhasse aquela noite. Já passava do meio-dia. Várias ligações de casa.

− Inferno! Vou ter que arrumar uma boa desculpa – Liguei de volta, mas ninguém atendeu. Disquei o número do celular de Amber, enquanto saía do estacionamento do hotel. Olhei para o retrovisor e ainda vi a silhueta de Tracy caminhando em direção ao seu carro. Não consegui disfarçar o riso, ela era demais. Que mulher insaciável! Pena que é pobre. Amber não atende. – Onde diabos essa mulher se meteu? – esbravejei quando peguei a autoestrada.


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