Tracy

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− Gary ligou de volta? – o Senhor Thompson perguntou assim que sentei-me ao seu lado para auxiliá-lo durante a reunião de diretoria.

− Não, senhor.

− Inferno – esbravejou. Ele estava mais irritado que o normal. Alguma coisa o incomodava. Aaron Thompson era, geralmente, um homem de fácil trato. Severo, mas educado e justo. Eu era sua secretária há três anos. Aprendi a lidar com o seu temperamento, por esse motivo sabia que havia algo mais em toda aquela irritação, mas não conseguia entender o que era. Ligou diversas vezes para Gary Maison, um amigo de longa data. E agora esperava impaciente a ligação do amigo. Nesse momento ele entrou na sala, interrompendo minhas divagações sobre o meu chefe. Usava um terno preto impecável, a camisa branca com a gravata azul o deixava irresistivelmente gostoso. O que fazia aqui? Não fazia parte do primeiro escalão, trabalhava no setor jurídico, estava longe de ser promovido. Ele me lançou um olhar breve e meu corpo aqueceu. Minha vez de dizer: Inferno! Bruce Garret era um cafajeste, eu sabia, e isso me excitava. Sempre que nos encontrávamos ele me provocava com um olhar, um toque sútil, uma palavra dúbia. Eu aceitava a paquera, mas sabia que não passaria disso, a aliança em seu anelar esquerdo era como uma placa de STOP. – Por favor, Bruce, sente-se ao lado de Tracy.

Não preciso dizer que a minha concentração no que foi discutido durante aquela reunião, que se estendeu até às onze horas da noite, ficou seriamente prejudicado. Ele pareceu não se importar com a minha presença. Apesar de eu achar que o roçar da sua perna na minha não era involuntário.

Bruce Garret era o novo Diretor do Departamento Jurídico da Thompson. Sabíamos que o J.J., Jerry Jofrey, estava afastado por problemas de saúde, mas desconhecíamos a gravidade. Por ordens médicas, obrigou-se a se afastar e, com a vaga do cargo, Aaron Thompson resolveu investir no jovem e ambicioso advogado. O Senhor Garret recebeu os parabéns de todos, inclusive o meu quando a reunião terminou. Foi então que notei a falta do anel, o dedo estava com uma pequena mancha indicando que ele esteve ali por um longo período. Quando a reunião acabou, fiquei sozinha na sala organizando a papelada quando a reunião terminou. Olhei para o pequeno relógio de pulso, herança da minha avó, quase meia noite. Voltei para a minha sala com as mãos carregadas de pastas e as guardei em um armário para no dia seguinte despachar para os setores competentes. Peguei minha bolsa, passei um batom, olhei-me no espelhinho que sempre trazia comigo.

− Pra quem está se arrumando, Tracy Stanford? – perguntei para mim mesma. A ideia era ir para casa e me atirar na cama. Estava exausta, mas não sair sem batom era regra, então caprichei no vermelho.

− Atrapalho? – Olhei para a porta e meu coração acelerou. Lá estava ele, sorridente, lindo e sem aliança.

− Esqueceu alguma coisa, Senhor Garret? – Ele sorriu torto, dentes brancos perfeitos, lábios grossos e lindos olhos castanhos. O cabelo era loiro escuro.

− Queria saber se quer uma carona, Senhorita Stanford?

− Meu carro está no estacionamento – falei, me odiando por não ter emprestado o meu Citroen preto para Phoebe ir para casa.

− Então a acompanho até o estacionamento.

− Ok – falei mordendo o lábio. Passei por ele, nossos corpos quase se tocaram. Eu o desejava e ele sabia disso. Caminhamos protegidos por uma penumbra em direção ao elevador. Não havia ninguém como testemunha, o pessoal da limpeza já havia passado por aquele andar. Entramos no elevador. Escorei minha costas em uma das paredes de espelho, ele escorou na parede oposta. Ficamos nos olhando por segundos. Tempo suficiente para saber que queríamos a mesma coisa. Ele veio em minha direção e escorou a mão ao lado do meu rosto se aproximando até que nossos lábios se tocassem.

− Esse elevador tem câmera? – Eu sorri.

− Não – respondi enquanto era envolvida por lábios macios e invadida por uma língua indecente. O elevador parou no andar onde ficava o estacionamento do prédio, ele se afastou. As portas se abriram, ninguém entrou, ninguém saiu. Ele sorriu, passou a sua mão pelo meu pescoço emaranhou seus dedos em meus longos cabelos negros e mordeu meu lábio, voltando a me beijar com volúpia. Esfreguei a palma da minha mão em seu membro que pulsava sob a calça, ele gemeu e sorriu, era um canalha. Deslizou a mão livre entre minhas pernas, rasgou a renda da calcinha e meteu seus dedos dentro do meu sexo molhado. Eu ofeguei, ele puxou os meus cabelos forçando minha cabeça para trás e mordeu meu queixo, meu pescoço, enquanto me violava com sua mão. Eu apertei seu pênis com força e ele mordeu meu seio sobre a camisa branca, me pressionou contra o espelho, abriu o fecho da calça, pegou uma camisinha estrategicamente guardada no bolso da frente.

− Você pode me ajudar com isso aqui? – perguntou com uma voz rouca e ofegante. Peguei a camisinha, rasguei o invólucro e deslizei o material lambuzado pelo seu pênis rosado, duro e pulsante. Ele segurou a minha coxa, levantando minha perna até que o seu sexo penetrasse no meu sexo. Seu membro deslizou entre meus lábios e me saciou. Cada investida era recebida com um gemido, o pênis de Bruce me preenchia e me abandonava me deixando lívida, trêmula e quente. Senti quando pequenos espasmos fizeram meu sexo se contrair, apertando levemente seu invasor. Ele intensificou os movimentos e eu gritei de prazer. Fui beijada enquanto gemia baixinho entregue ao orgasmo. – Deliciosa – ele murmurou e meteu fundo colando sua pélvis em mim, expelindo seu gozo.


−Você fez o quê? – Phoebe finalmente pareceu acordar.

− Eu manchei o colarinho dele com batom? – respondi sentando ao seu lado na cama. Ela já estava dormindo quando cheguei, mas como não podia dormir sem contar o que havia acontecido, a acordei. Ela sabia da minha tara por Bruce Garret. E sabia que o fator aliança era uma barreira que eu considerava intransponível.

− Não entendi?

− Ele disse que se separou, então não tem problema se chegar com mancha de batom em casa, tem? – perguntei com um sorriso de deboche.

− Você não presta.

− Se ele mentiu, vai ter o troco que merece.

− Mas por que cedeu, se acha que ele estava mentindo? – Phoebe perguntou ingenuamente.

− Porque eu estava louca por aquele homem e ele só conseguiu me deixar mais louca ainda – falei me abanando e fazendo minha amiga cair na gargalhada. – E o Steve? – perguntei lembrando do irresponsável do meu irmão.

− Não apareceu. Não te mandou nenhuma mensagem.

− Certamente voltou para a mocreia.

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