Dirigi até a delegacia pensando em Phoebe. Sorria imaginando o quanto seria delicioso tê-la como vizinha. Erin, depois de muito tempo, ocupava um papel secundário em minha vida. Nesse momento, ela não passava de um problema que eu precisava resolver.
Caminhei até o balcão de informações, onde uma policial, com de cabelos cacheados aprisionados em um coque, me atendeu com certa rispidez.
− Erin Bronks?
− Sim, vim pagar a... - ela não deixou eu terminar a frase.
− O senhor é advogado dela?
− Não, sou o namorado.
− Outro? – a mulher ironizou.
− Como assim outro?
− Ela está com o bonitão que ela mesma chamou de noivo – engoli em seco. Nesse momento vi Erin caminhando por um corredor abraçada em um cara de terno e gravata. Não medi a consequência dos meus atos, caminhei até eles e desferi um soco contra o homem que, mesmo pego de surpresa conseguiu desviar do meu golpe.
− Steve, ficou louco! – Erin gritou. O seu acompanhante revidou o soco e me acertou no rosto. Senti meu olho inchar no mesmo instante e um gosto férreo na boca. Caí sentado no chão. Levantei imediatamente e investi contra ele, mas fui impedido por dois brutamontes fardados que me seguraram com força. Erin segurava o braço do cara e pedia perdão pela minha atitude. Ele olhou com desdém para mim e depois para ela.
− O Senhor quer prestar queixa contra ele? – a policial do balcão perguntou educadamente.
− Não! Não há necessidade – o homem disse arrumando a gravata.
− Desculpa, querido! Eu não tenho nada com esse... esse...
− Ele não é o seu namorado, Erin? – ele a fuzilou com os olhos.
− Ele não significa nada para mim, é você que amo!
− Eu não sinto nada por você! – o riquinho pronunciou para a garota que agarrou em sua cintura e humilhou-se pedindo para ir com ele. O homem conseguiu se desvencilhar e a afastou. − Acho que já está em boa companhia, querida. Agora, por favor, me deixe em paz! – caminhou em direção a saída. A plateia formada por delinquentes, advogados, policiais observava toda a cena boquiaberta.
− Aaron! – ela gritou saindo atrás dele.
− Acho que ela fez sua escolha, garoto. – a policial do coque comentou com visível sinal de piedade. Engoli em seco. Sentia-me patético. – Vá cuidar desse olho e pense melhor antes de se meter em briga por causa de mulher.
− Ok... – murmurei saindo daquele lugar. Quando cheguei na rua, lá estava ela, de braços cruzados caminhando de um lado a outro.
− O que você tem na cabeça? – perguntou vindo raivosa em minha direção.
− Além dos chifres? – questionei no mesmo tom de voz.
− Você não tinha o direito de se meter no meu relacionamento com Aaron.
− Você me ligou, esqueceu?
− Eu não imaginei que Aaron viesse, se soubesse jamais teria te procurado – gritou histérica.
− Pois da próxima vez, chame o seu Aaron e me esquece – disse dando as costas para a garota ruiva de cabelos desgrenhados, maquiagem borrada e um vestido vermelho.
− Steve! Não me deixe sozinha aqui. Eu preciso de uma carona!
− Chame um táxi ou o seu Aaron! – gritei caminhando o mais rápido possível!
− Steve! – ouvi ainda mais algumas vezes antes de entrar no carro estacionado a alguns metros de onde a deixei. Olhei para o meu rosto no espelho retrovisor. Meu olho esquerdo estava inchado com uma mancha roxa se formando ao seu redor.
− Idiota! Ainda leva uma surra por causa daquela vadia – Fui até a casa de Dustin, tentar dar um jeito naquele olho antes de voltar para a casa da minha irmã, onde o sermão seria longo.
− O que foi isso, Steve? – Tracy perguntou quando me viu na manhã seguinte.
− O idiota levou uma surra do amante da Erin – Dustin falou se atirando no sofá da sala.
− Como assim? Você foi atrás daquela vadia? – Tracy perguntou levantando as mãos para cima. – Amor próprio, sabe o que significa isso? Você poderia ter só um pouquinho de amor próprio e parar de fazer papel de idiota?
− Que saco! Ela me ligou, ok? – tentei me explicar. – Estava em apuros, eu fui ajudar e o cara chegou antes.
− E dai ele ficou com ciúmes de você e te atacou? – minha irmã quis saber. Dustin deu uma gargalhada se atirando mais no sofá. Tracy olhou irritada para ele.
− Ele que ficou com ciúmes do cara e partiu pra briga – disse se divertindo da situação.
− Você é patético, Steve. – Coloquei as mãos na cintura, precisava de um banho e trocar a roupa que usava desde a noite passada, me virei em direção ao corredor que me levaria ao banheiro quando vi que havia mais alguém assistindo a cena. Ela estava parada na entrada do corredor, cachos loiros que mal tocavam seus ombros, vestia uma camisola de cetim preta. Os braços cruzados na altura dos seios o deixavam mais expostos no decote v. Eu conhecia bem aquele corpo. O que ela fazia ali?
− Stewart? – ela perguntou com a voz entrecortada. Tracy se virou para a garota, visivelmente confusa.
− Steve, Phoebe. Esse é o meu irmão Steve. – Pensei em me explicar sobre a troca de nomes, mas naquele momento não consegui pronunciar uma palavra. Phoebe continuou me olhando como se esperasse que eu dissesse algo. – Espera! – foi minha irmã quem falou. – Ele é o seu Stewart? – Tracy me fuzilou com os olhos.
− Eu posso explicar – gaguejei. Dustin voltou a gargalhar chamando a atenção de Phoebe.
− O que ele faz aqui? – perguntou apontando para o grandão sentado. – Ele é o tarado do bar – falou olhando com aflição para Tracy. Minha irmã colocou as mãos na cintura e senti como se fosse ir para o castigo.
− Vocês usaram o Golpe Baixo com a minha amiga? – dizer que Tracy estava brava seria um elogio, minha irmã estava furiosa.
− Golpe baixo? – Phoebe repetiu.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Histórias de Desamor
RomanceUma serie de encontros e desencontros de pessoas que só queriam viver uma história de amor.