22 | Parents.

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Aviso: Este capítulos é narrado em terceira pessoa. Ou seja, nenhum dos personagens do livro o narra.
 
 
Victória adentra à cozinha com seu tablet em suas mãos. Cody observa sua esposa distraída e pensa o quão linda ela fica naquela camisa de claro tom de rosa. Ele sorri e ela franze o cenho ao observar sua expressão.
Nina já havia saído para ir ao colégio e fazia cinco minuto que Adam tinha seguido estrada para o mesmo. Os dois gatos, Victória e Cody, eram os únicos dentro da enorme casa.
 
 
"O que foi?" A mulher ri, sentando-se em um dos bancos em frente ao balcão.
 
 
"Você fica muito bem nessa blusa." Cody deixa seus pensamentos transparecem e Tori não consegue conter seu sorriso envergonhado.
 
 
"Sabe, eu estive pensando sobre nossos filhos." Ela semicerra os olhos e bloqueia seu aparelho, pondo-o sobre o balcão de mármore branco.
 
 
"O fato de achar que se apaixonaram em, sei lá, uma semana e meia de convivência?" O homem sorri e abre a geladeira para pegar água.
 
 
"Sim." Ela gargalha. "Quero dizer, eu entendo o fato de ele querer ajudá-la. Adam sempre foi muito empático e altruísta, e isso é incrível, mas eu nunca o vi tão empenhado em ajudar alguém. E Nina... bem, Nina não está se afastando por medo de perdê-lo, como ele pensa. Ela está se afastando porque sabe que pode vir a gostar dele de verdade, mas não quer atrapalhar o caso dele com a Natalie. Talvez a tese de poder perdê-lo, também." Tori comenta com muita certeza sobre suas palavras. Seu marido semicerra os olhos por um instante, olhando-a e assente levemente.
 
 
"Eu acho Natalie uma garota boa, mas Adam não a ama. Depois de quase dois anos juntos, ele já deveria amá-la." O homem diz, sentando-se ao lado da esposa, que concorda.
 
 
"Eu acredito que seria extremamente estranho se algo ocorresse entre nossos filhos, mas eu não impediria, se viesse a ocorrer." Ela disse, repleta de receio quanto à resposta de Cody. A moça morde seu lábio perante ao nervosismo e ele ri.
 
 
"Nem eu." Ele dá os ombros. "Nina é uma boa garota. Ela mal fala comigo e eu a conheço há bastante tempo. Ela fala mais com o Adam que comigo, o que significa que ela se sente mais confortável na presença dele e confia. Se ela conseguir falar normalmente com ele em dois meses, eu ficarei louco." Cody gargalha.
 
 
"Eu aposto que ela fala. Seu filho é persuasivo. Você notou que ele conseguiu fazê-la dar-lhe uma chance? Eu daria tudo para saber o que ele disse. Aposto que foi a mesma coisa que disse para mim, mas mais delicadamente." Tori balança a cabeça. "Cem pratas se ela falar em menos de dois meses." Ela arqueia suas sobrancelhas estranhas e ele ri.
 
 
"Você irá apostar em nossos filhos?"
 
 
"O que foi? Eu carreguei aquela garota por nove meses dentro da barriga." Ela semicerra os olhos e Cody não consegue conter o riso. Ele acha a esposa a mulher mais incrivel e divertida do mundo. Ela, de fato, é.
 
 
"Doei meu esperma." Ele diz e ela franze o cenho em reprovação.
 
 
"Que grande trabalho, Cody." Tori revira os olhos e o homem gargalha. "Todo o trabalho fica com a mulher. As dores de parto, as contrações, o leite materno, o cuidado com a alimentação. Ao menos eles são saudáveis. Por isso, eu aposto cem que eles vão conversar normalmente em menos de dois meses." Ela semicerra os olhos.
 
 
"Aceito." Ele inclina a cabeça para o lado. "Ele não é tão charmoso assim. Nessa parte, não puxou ao pai."
 
 
"Até parece. Você lembra quando fômos ao jogo de lacrosse da temporada passada? As garotas suspiravam por ele na arquibancada. Ele é um bom capitão e um bom garoto. Todas aquelas garotas devem gostar dele." Ela dá os ombros levemente.
 
 
"Nina já deveria ter um namorado. Ela é uma garota inteligente e bonita."
 
 
"Que não fala com ninguém." Victória revira os olhos. "Isso não é um defeito, é claro, mas ajudaria se ela fosse um pouco menos... hum... introvertida."
 
 
"Aposto cem que ela consegue um namorado até as férias de verão." O homem balança a cabeça. Tori hesita por um instante. Ela não quer duvidar do fato de que a filha possa ter um amor e um garoto possa simplesmente se apaixonar por ela facilmente, mesmo que alguns fatores possam interferir quanto à isso.
 
 
"Eu não sei." Ela divaga, soltando um longo suspiro.
 
 
"Você está sobre o muro, querida. Aceite." Cody sorri.
 
 
"Hum, ok. Eles só não podem saber disso." Ela balança a cabeça e ele concorda. "Eu achei tão querido o fato de ela ter o deitado e o coberto, mesmo que não o tenha posto para dentro. Ela não é tão passional assim desde que o Mark morreu." Tori se refere ao pai de Nina.
 
 
Era quase que trivial, naquela casa, que Nina perdera toda a sua compaixão para com as pessoas e seu senso comum após a morte do pai, mas para Adam, não era claro. O jovem não tinha ciência de que Nina perdera os sentidos. Nina perdera a vida após a morte do pai. Não passava pela cabeça de Adam, que ela houvesse perdido tanto. Então, o simples gestos como o ocorrido na noite anterior, de Nina tê-lo coberto; De Nina ter se preocupado com o bem estar do jovem quase que, para ela, um estranho, não aparentavam ser grande coisa. Só que ela se importava com ele, mas isso acabava por significar que o sentimento entorpecido dentro da jovem mórbida, estava a ser estranhamente mudado. Adam o estava mudando. Estava, levemente, fazendo a anestesia que Nina pusera em seu coração, se desfalecer. Ela tinha consciência disso, e por isso se afastou, mas ele, não. Por isso, Victória tinha plena consciência de que o jovem faria um bem incontestavel à sua filha, mas ela também tinha ciência de que ele poderia ferí-la ainda mais fundo que qualquer uma das outras dores de Nina.
 
Victória sabia que, uma hora, eles se apaixonariam. Mas ela também sabia que, em uma história de amor onde três pessoas atuam, uma delas sai com o coração partido. E em seu lado mais egoísta, rezava para que não fosse Nina.
 
 
"Eu espero que não signifique o que parece que significa." Ela suspira.
  
 
"Acredito que signifique." Cody responde com um sorriso franco.

 
Ela tremeu.

O Silêncio Entre Nós Onde histórias criam vida. Descubra agora