Ela está linda. Como sempre. O cabelo está preso em um rabo de cavalo alinhado, uma calça legging justa e uma blusa com o emblema da escola de artes. Suas mãos estão suando e Nina ofega. Se sua bolsa não estivesse em seu ombro, ela já a teria ajustado dez vezes desde quando saimos do carro.
- Ninguém conhece você. - Sussurro e aperto sua mão. - Você pode fazer amigos.
- Não quero fazer amigos. Eu quero dançar e gostar. - Nina suspira, ansiosa. - A Natalie vem?
- Ela deve estar a caminho. Sempre se atrasa. - Dou os ombros. - Como se sente?
Assim que eu e Nina contamos aos nossos amigos sobre a tentativa de Nina de se dedicar a outra dança, Natalie perguntou se Nina se importaria com ela indo para a escola de artes. Natalie, como sabemos, dança contemporâneo há mais tempo que consigo lembrar. Nina disse que, se fosse por ela, Nat não precisava se preocupar. A verdade é que não era só por causa de Nina, mas também era por isso.
- Nervosa. - Senta-se no banco do corredor. Sento-me ao seu lado e apoio sua bolsa ao meu lado.
- Eu também estou.
- Eu disse que poderia te dar aulas de piano.
- Mas aí eu não teria uma boa desculpa para ficar por perto. - Sorrio. Ela revira os olhos dando um sorriso de canto de boca.
- É uma aula em grupo?
- Na verdade, não. É uma aula particular com... - Tiro o papel do bolso. - A srta. Larson.
- Poderia ser com a srta. Davis. - Ela empurra meu ombro. - Adam, obrigada.
- Não comece a agradecer por nada. - Beijo-a.
Logo somos interrompidos por Natalie colocando suas duas mãos entre nossas cabeças e puxando-as em direções opostas. Eu resmungo com a intrusão.
- Cheguei. - Sorri.
- Percebemos. - Reviro os olhos.
- Vocês são fofos demais. Alguém precisa parar vocês. - Natalie se senta ao lado vazio de Nina. - E aí, preparada?
- Nem um pouco. - Sibila Nina.
- Ah, vamos lá. Será divertido.
Uma porta ao lado do banco se abre e uma mulher claramente não tão mais velha que nós está avaliando uma prancheta. Ela tem longos cabelos castanhos enrolados, pele morena, mas mais clara que a de Natalie, e olhos escuros.
- Adam Collins. - Chama ela.
- Sim, sou eu. - Levanto-me.
- Eu sou Brenda Larson, sua professora de piano. - Sorri. - Vamos?
- Pode me dar só um segundo?
- Sim, claro. Te espero na sala de música no fim do corredor. - Ela ponta e acena para Nina e Natalie que tem um semblante surpreso.
Brenda caminha pelo corredor com a sua saia jeans balançando e falando com todas as pessoas pelo caminho.
- Ela é sua professora? - Natalie arqueia as sobrancelhas.
- Acho que sim. - Dou os ombros.
- Oh. - Nina diz. - Eu devo me preocupar?
- Com o quê?
Ela e Natalie se entreolham. Não entendo as mulheres.
- Vá, Adam. - Nina me empurra para que eu me levante. - Eu te amo. Muito.
- Eu te amo. Muito mais. - Beijo sua testa e depois seus lábios. - Também te amo, Nat. - Beijo o topo da cabeça de Natalie. - Se cuidem. Vai dar tudo certo.
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O Silêncio Entre Nós
RomanceHISTÓRIA EM EDIÇÃO | LEIA A INTRODUÇÃO Após a morte do pai de Nina Davis, ela desenvolve uma fobia social que a impossibilita de se comunicar com as pessoas de maneira direta, além de uma depressão severa que a mantém à margem do mundo, sempre tranc...