| A d a m |
Faz uma semana que ela está em Londres. Até agora, nenhuma crise de ansiedade, surto, ataque de choro. Ela frequentou todas as aulas e mesmo que tenha reclamado de como todas as garotas lá são extremamente magras e com uma técnica impecável, não chegou a se sentir péssima a ponto de ter uma recaída. Nina ainda está confiante. Dorme com fones de ouvido no quarto mais distante da rua para não ter pesadelos durantes a madrugada por conta dos carros na rua. Anda até a escola e o apartamento fica longe da avenida principal onde o acidente ocorreu. Quando tem de ir à lugares mais longes, ela vai de bicicleta, mas ela não consegue entrar em um carro em Londres. Segundo Margot, Nina emagreceu tanto essa semana, que essa é a sua única preocupação. Nina diz que é porque as aulas são intensas e ela quase não tem tempo para comer. Nina comendo pouco não é Nina.Comigo, as coisas estão normais. É óbvio que eu sinto falta da minha namorada, mas estou conseguindo ficar muito bem com a distância, mesmo que eu morra de saudades e nas conversas pelo skype, ela sempre acabe dormindo primeiro. Eu a observo descansar até dormir junto.
Estou tendo treinos de lacrosse todos os dias na escola. Ela fica aberta durante as férias para quem quer ler na biblioteca e usar o campo. Alguns professores fazem trabalho voluntário para ficar lá alguns dias da semana. O nosso treinador está lá todos os dias.
Eu estou evoluindo como capitão do time, para ser sincero. Meu condicionamento físico está melhorando, estou até um pouco mais forte e mais rápido. E tirando o Chris testando minha paciência à cada cinco minutos, consigo me dar bem o restante do time.Anna e Max estão na arquibancada, estudando. É óbvio que eles estão estudando. Quando eu estou com a Nina, nós só nos olhamos e nos beijando e tudo mais. Mas eles estudam. E também vieram me assistir jogar, é claro.
No intervalo de cinco minutos para beber água, vou até Anna e Max e sento-me ao lado de Max.
⠀⠀— Aquela garota está te olhando desde que a gente chegou. — Anna diz, ainda olhando para o caderno.⠀⠀— Você parece a Nina, meu deus. — Reviro os olhos. — Quem?
⠀⠀— Aquela loura ali. Aposto que o nome dela é Brittany ou Ahsley. Ou algum nome assim.
⠀⠀— A líder de torcida ao lado da sua ex. — Max diz.
⠀⠀— Ok, mas o que eu tenho a ver com ela?
⠀⠀— Elas são traiçoeiras. Só acho que devia tomar cuidado. — Anna me entrolha. — Ou eu mato você, Adam.
⠀⠀— Eu não duvidaria dela. — Max ri.
Volto para o campo passando longe das líderes de torcida. É normal que elas olhem para os jogadores e que os jogadores olhem para elas. Quando eu namorava a Natalie, eu olhava para ela quase o jogo todo. Mas agora eu nem lembro da existência de outras garotas além da Nina; não de forma romântica.
Jogamos mais três partidas antes do treinador nos liberar. Sigo para falar com Anna e Max novamente e recebo uma ligação de Nina.
⠀⠀— Acho que meus pés não sentem mais nada. — Ela diz. — O sangue manchou a minha sapatilha.⠀⠀— Tem que descansar um pouco.
⠀⠀— Vai parecer que eu não sou tão boa assim e que não aguento a Royal.
⠀⠀— Você aguenta a Royal! — Afirmo.
⠀⠀— Adam, eu definitivamente não aguento a Royal. — Ela suspira.
⠀⠀— Claro que aguenta. — Anna grita.
⠀⠀— Elas são magras e tem uma técnica incrível e parece que já nasceram andando nas pontas dos pés. E eu não tenho toda essa força e nem a elasticidade. — Ela bufa. — E até a professora pega leve. Deve achar que eu estou atrasada.
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O Silêncio Entre Nós
RomanceHISTÓRIA EM EDIÇÃO | LEIA A INTRODUÇÃO Após a morte do pai de Nina Davis, ela desenvolve uma fobia social que a impossibilita de se comunicar com as pessoas de maneira direta, além de uma depressão severa que a mantém à margem do mundo, sempre tranc...