[78] De volta para você.

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| Capítulo narrado em 3° pessoa |


Adam permaneceu na cozinha, inconformado com a reação exagerada de Nina, por alguns minutos, ponderando o que faria. Então, voltou para a sala em passos tão pesados, que Tori, sentada no sofá, resolveu intervir.

— Onde vai? — Indagou ela a Adam.

— Atrás dela. — Disse com um tom raivoso na voz. Tori sabia que não era com ela e não se sentiu ofendida.

— É melhor ficar. — Sugeriu.

Adam parou no mesmo instante e se virou para encarar a mulher. Ela também o achava errado nessa história? Era o que ele estava pensando e isso o desconcertava.

— O quê?

— Estão ambos irritados. O que vão resolver com todo esse ódio acumulado? Absolutamente nada. Vão acabar jogando para cima um do outro e terminar o dia dizendo coisas que não querem realmente dizer.

Tori tinha razão e Adam sabia disso. Porém, saber e reconhecer não era o bastante para impedí-lo de ir até lá e gritar para Nina que ele não queria ir para qualquer lugar no mundo que não fosse onde ela estivesse. Mas isso não seria inteiramente verdade. Ainda que Collins realmente quisesse ter a namorada perto, desde muito novo tinha em mente seguir os passos do tio e estudar na Universidade de Verisya, há umas boas horas de trem de Gaya. Contudo, esse sonho parecia perder o sentido se, para realizá-lo, precisasse estar mais distante de Davis que estava agora. Sabia que não havia lugar no mundo para ele que não fosse ao lado dela. Ela parecia não entender isso.

Mas Nina entendia. Entendia, mas não gostava. Odiava a ideia de ver Adam desistir, adiar ou modificar seus planos em prol dela... do que ele sentia. Ela tinha medo de que, no futuro, isso fosse o suficiente para fazer com que a relação se desgastasse porque Adam se ressentiria dela. Se ressentiria por ela ser a principal razão de ele ter aberto mão do futuro brilhante que tinha, como o tio tem. Isso era o que, por outra lado, Adam não conseguia compreender.

— Eu vou atrás dela. — Tori disse a fim de tranquilizar a mente caótica de Adam.

— Eu vou. — Insistiu ele.

— Não, Adam. Você não vai. — Ela o repreendeu com uma voz firme. A voz de uma mãe superprotetora envolvendo a cria em uma muralha. — Você fica aqui e tenta entender o lado dela, porque ela entende o seu. Entende o seu e é por isso que está abrindo mão de você.

A princípio, Adam ficou confuso. Pensava: Como Nina pode entender meu lado e agir dessa forma? Como pode entender como estou me sentindo e ameaçar destruir tudo o que construímos no último ano por um futuro incerto? Ele mastigava a premissa que Victoria deixara para ele, mas não fazia sentido. Nada daquilo fazia sentido.

— Eu volto já. — Ela disse ao se levantar. Chegou no garoto e beijou sua testa, mostrando que ainda que fosse mãe de Nina, ela também era uma figura na qual ele podia confiar. Que ela não daria razão à Nina só porque era sua filha. Dava razão à ela, porque entendia.

Tori saiu pela porta e entrou no carro. Conseguiu alcançar Nina no fim da estrada, pedalando incessantemente rápido pelo asfalto molhado pelo dia chuvoso, deprimente. Tudo compactuava para a criação de desavenças na residência Davis-Collins.

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