Invasão

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Alguns dias haviam se passado após a captura do Vanush e Yaren não havia progredido em nada, além de ser xingado e escutar que em breve todos seriam consumidos pelas hordas de Lorde Grevos. As tropas de Kamanesh haviam partido e notícias chegaram de que poucos embates haviam ocorrido entre o exército de Kamanesh e o de Whiteleaf. As tropas nortenhas marchavam com manobras evasivas, destruindo outros vilarejos, mas evitando o combate direto contra os kamanenses.

Nas aulas de Kishar, Ailynn tornou-se um pouco menos dura, exceto com Eduard, Arifa e Tarpin. Cada qual por um motivo em particular. No caso de Eduard, por que sabia que ao ler sua mente, descobriu sua determinação em ser tratado como qualquer outro. No caso de Arifa, por que percebeu que ela a tinha como modelo e porque tinha verdadeiro potencial para desenvolver seu Jii, mais que qualquer outro aluno da classe. E Tarpin, por que ele era um rapaz mimado e fraco. Pretendia remover seus defeitos.

Ailynn treinava com Arifa enquanto Tarpin e Eduard eram adversários. Os dois levavam aqueles exercícios um contra o outro muito a sério e estavam sujeitos a sair machucados dali. Ailynn fazia vista grossa. Achava que uma boa luta à sério era a melhor maneira de desenvolverem suas capacidades. Os dois estavam engajados, Tarpin tinha o nariz sangrando enquanto Eduard sentia fortes dores nas costelas. Mas eles pararam o combate assim como todos da classe pararam o que estavam fazendo ao ouvir gritos. Os sinos das torres de sentinelas na muralha também soaram: era um ataque.

— Será o exército de Whiteleaf? — indagou um dos alunos.

Ailynn parou por uns instantes captando as flutuações no campo de Jii — Não. Demônios.

— O que faremos? — indagou Eduard.

— Eu irei ajudar nas defesas — ela respondeu. — Aqueles de vocês que não estiverem com medo de perder a vida hoje, podem vir comigo.

Todos os alunos pensaram que eram jovens e inexperientes demais para fazer alguma diferença. Então ela seguiu para uma das saídas do pátio. Eduard hesitou, mas correu atrás dela.

— Você tem mesmo colhões, garoto, mas não sei se deveria permitir assumir tais riscos. Pensou bem nisto?

— Sim, é a minha escolha.

— Muito bem, vamos nos armar então.

No pátio frontal, havia algumas estantes com armas que eram usadas nos treinamentos. Alguns alunos de ciclos mais avançados já se serviam. Muitos gritavam.

— Demônios alados já passaram por sobre a muralha. — alguém gritou.

— Estão por toda a parte. — veio uma voz desesperada.

O clima era tenso. Ailynn se armou com espada e escudo, enquanto Eduard pegou uma espada curta e um broquel.

Ailynn explicou — Afora um pequeno contingente dos Blackwings e a Guarda da Muralha, Kamanesh está desprotegida. Precisaremos de toda ajuda que pudermos arranjar. Vá buscar Ivrantz. Eu vou chamar Darnell e veremos quem mais poderá vir conosco. Me encontre no átrio.

Partiram correndo em direções opostas. Alunos corriam também, de um lado a outro. Desorientados.

Eduard encontrou Tíghas no caminho.

— Cara, cê tá louco? São demônios, vai acabar morrendo!

— Eu já decidi, Tíghas. Vou ajudar.

O rapaz falou mais baixo — não devia arriscá seu pescoço real.

— Eu sei o que estou fazendo. Se não vai ajudar, não fique no meu caminho.

Tíghas o seguiu. — Onde cê tá indo?

— Buscar o Mestre Ivrantz. — disse já tomando as escadas para o segundo piso.

Herdeiros de KamaneshOnde histórias criam vida. Descubra agora