Epílogo

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Algumas semanas haviam se passado desde o duelo entre Aaron e Edwain. Uns poucos demônios foram identificados entre os nortenhos, alguns foram destruídos, outros capturados e alguns fugiram. O fato é que ficou esclarecido para o exército de Whiteleaf que haviam sido enganados.

Edwain estava na imponente sala do trono do palácio de Lacoresh para a sua cerimônia de coroação. Diante dele, uns poucos súditos, que vieram de Kamanesh e que reconhecia como fiéis. Todos os demais, olhavam-no com certa desconfiança, nobres, membros da Real Santa Igreja, comerciantes. Alguns até, tinham inveja e desaprovavam aquela coroação, mas o discurso do príncipe Kain não deixava dúvidas quanto ao futuro que ele desejava para o reino de Lacoresh. Um reino que, depois de arruinado e separado, voltava a se unificar.

Edwain relutou muito para deixar Kamanesh para trás, mas a deixou em mãos de confiança. Galdrik Desbrin recebera o título de Duque e passaria a governar toda Kamanesh. O Príncipe Gerone de Whiteleaf não havia sido possuído e não desconfiava da possessão de seu pai e alguns de seus assessores. Recebera o título de Arquiduque de Whiteleaf. Foi nomeado o comandante do exército de Lacoresh.

A primeira medida que Edwain pretendia anunciar era a expansão da academia de Kamanesh. Duas novas unidades começariam a funcionar, em Lacoresh e em Whiteleaf. Mas o maior desafio era em torno da questão religiosa. Fora aconselhado por Kain a abraçar a Real Santa Igreja, mas também, fazê-la reatar com a Ordem dos Naomir. Quanto às ideias professadas pelo Monge Yaren, foi preciso estabelecer uma solução para evitar conflitos com a Real Santa Igreja. Ele e alguns clérigos e pessoas que simpatizavam com aquelas novas ideias, foram enviados para Shind. A base militar construída na floresta por Whiteleaf foi secretamente convertida num templo. O Templo da Conversão nasceu para buscar a redenção de qualquer ser que tenha sucumbido às trevas. Fosse homem, demônio, como Rolnirir, ou bestiais, teriam uma chance de serem doutrinados e encontrar seu caminho de redenção no bem.

Edwain gostaria de resolver muitas coisas com decretos, uma delas, era decretar que Arifa se tornasse sua esposa, mas o poder de um rei tinha seus limites. Ele teve várias conversas com ela e percebeu que ela dava sinais de, talvez, gostar dele. Mas o que ela mais queria era continuar seu treinamento e se tornar uma blackwing, como a Capitã. Não queria saber de se casar e gerar prole.

Estavam todos ali, para vê-lo coroado. Sua mãe, o Arquiduque, o Duque, sua filha, Arifa, Tíghas, alguns colegas e professores da Academia, o casal, Hégio e Ailynn e centenas de pessoas que não conhecia. Em sua primeira fala como rei, conclamou o povo a se unir para enfrentar os desafios do futuro de Lacoresh. Além dos ataques já sofridos pelas hordas de demônios, chegavam notícias que mais e mais reinos haviam sucumbido à crescente ameaça representada por essas criaturas. Mencionou seu avô, o herói Kyle Blackwing, Corélius III, o libertador, e vários outros monarcas que deixaram sua marca no reino de Lacoresh.

— Se há alguma marca que eu possa deixar é que Lacoresh, agora reunificada, volte a se fortalecer e consiga sobreviver à ameaça representada pelos demônios.

— Vida longa ao Rei Dwain. Vida longa a Lacoresh! — o salão ecoou essa conclamação de modo moderado.

— Peço desculpas a todos vocês, mas como sabem, estamos passando por tempos difíceis, então optei, por um celebração rápida e simples. Nada de grandes banquetes e festas desta vez. Peço que retornem a comam e bebam aqui conosco, algo modesto e em seguida retornem a seus afazeres. Se vamos prevalecer, há muito trabalho a ser feito.

A comemoração foi bastante curta, mas ao se recolher, Edwian sentia-se bastante cansado.

— Esteve muito bem, majestade — disse-lhe Kain.

— Obrigado. Por quanto tempo pretende ficar?

— Vamos ver, uns meses, no máximo. Descanse bem, amanhã teremos muito trabalho a fazer.

Edwain dispensou os criados e sentou-se sozinho, sentindo o peso do mundo em seus ombros. Tirou o Dragão Negro de dentro de uma caixa e o colocou no braço. Ele pode ver que os demônios viriam. Isso era certo. Soube que apenas organizar defesas melhores, não seria suficiente. Para vencê-los, precisaria derrotá-los. Ailynn acreditava que continuaria seu trabalho como Capitã dos Blackwings, mas Edwain tinha outro trabalho em mente para ela. Como seu avô, arrumou tudo que pode para ler a respeito da antiga guerra contra os demônios. Tinha certeza de algumas coisas que precisava fazer. Forjar alianças com outros povos, obter algumas das lendárias lâminas dos elementos criadas na antiga Forja da Aliança e investigar o assunto da Bússola sobre o qual Kain parecia ter especial interesse. Seria a Bússola um meio de obter a mais poderosa das relíquias do Hostenoist?

O futuro era incerto e cheio de perigos, mas Edwain tinha certeza de que iria se empenhar para proteger seu povo. Faria seu avô se orgulhar do monarca que pretendia se tornar.

-FIM-

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É isso! Espero que tenham gostado. Se não gostaram de alguma coisa também, por favor comentem. Essa é a primeira versão do livro e ainda há oportunidade para fazer melhorias.

Agradeço de coração a sua leitura! É o que dá sentido para minha escrita.

Quem estiver curioso quanto a uma continuação para este livro, vai ter que esperar algum tempo. Já escrevi mais da metade, mas vai demorar para ficar pronto. Até lá, leiam a noveleta chamada O Bando de Valéria. Essa noveleta vai funcionar como ponte entre este livro e um ou mais que virão adiante. Até lá!


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