As ordens para fechar o palácio vieram imediatamente. Toda guarda foi chamada. O local do crime estava isolado, fora dali, ouvia-se um constante burburinho. Houve uma breve discussão entre o príncipe Edwain e Kandel, mas o conselheiro deu o braço a torcer de deixou o menino entrar na sala. Ele havia explicado que o corpo de DeVance foi achado rapidamente.
Kandel explicou ao príncipe — Um guarda ouviu um grito vindo da sala, pensou ser suspeito e veio investigar. Encontrou-o ainda em convulsões, mas quando eu cheguei aqui, ele já estava morto.
Ruy estava caído de bruços a cabeça virada para um lado estava congelada numa expressão de dor e horror. No meio de sua nuca, havia uma adaga espetada. O tapete, que era uma peça antiga, dos tempos do ducado, ainda estava a absorver o sangue. A ponta da lâmina aparecia na frente da garganta, ao lado do pomo de adão. Havia sido um golpe violento e letal. Ele segurava um lenço em uma das mãos.
Edwain observava a cena horrorizado, mas disfarçava sua fraqueza. O sangue ainda fluia pela ponta da lâmina e gotejava no tapete. Havia sangue na boca e também grudado no bigode. Recordava-se de quando era um garotinho, gostava de brincar naquela sala por causa do tapete muito colorido e todas aquelas imagens exóticas que haviam sido bordadas nele.Havia um pano sujo de sangue ao lado de defunto. Quem o matou, tentou evitar se sujar, mas com sorte, algum sangue teria se espirrado e poderia levar ao assassino. A sala, como outras tantas, eram anexas ao salão.
O cavaleiro Galdrik chegou e trocou algumas palavras com Kandel. Ele estava nervoso e Edwain não pode deixar de notar alguns trejeitos de seus lábios e modo de piscar os olhos, quase idênticos ao modo de Arifa proceder.
Galdrik aproximou-se do defunto, ajoelhou-se ao seu lado e tocou de leve o cabo da adaga. Edwain observou que era uma arma comum. Ouvira de sua mãe, que a arma que foi usada contra o cavaleiro Henyl havia sido subtraída da coleção de seu avô. Não era o caso desta.
Edwain pode ver os olhos do cavaleiro revirando. Estava usando seus poderes para investigar o ocorrido. Ele se levantou o foi relatar o que viu a Kandel. Edwain também foi ouví-lo.
— Hoje pude ver claramente. O assassino estava escondido atrás das cortinas. Agiu como um profissional. Ruy sequer o percebeu se aproximando.
— O conselheiro estava sozinho? — indagou Kandel.
— Sim, mas andava de um lado para outro, usava um lenço para limpar o suor e parecia esperar por alguém.
— Estava nervoso?
— Sim, muito.
Kandel chamou um guarda e ordenou. — Traga aqui o conselheiro Fyorg Yourdon.
O guarda fez uma vênia e saiu para buscá-lo.
— O que consegue dizer sobre a aparência do assassino, Galdrik?
O cavaleiro tinha visto a cena do crime do ponto de vista do assassino. A única coisa que viu com clareza foi seu braço e mão.
— Usava uma roupa escura, a adaga estava embrulhada naquele pano. Tinha mãos muito brancas e unhas sujas. Acho que estava descalço, ou usava algum tipo de sapatilha. Digo isto pois não fez som algum ao avançar contra DeVance.
Kandel foi até a janela. Estava aberta e havia um jardim lá embaixo. Era um pouco alta, mas calculou que um homem treinado poderia aterrar no jardim sem maiores problemas.
A porta se abriu e Fyorg entrou no salão. O velho tremia um pouco, suas rugas repuxadas numa expressão de angústia. Usava um gorro que cobria a careca que combinava com sua indumentária verde e luxuosa.
— Alteza, conselheiro! Que tragédia!
Se aproximou do cadáver e ajoelhou-se a seu lado. Colocou uma mão sobre as costas e disse com voz embargada.
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Herdeiros de Kamanesh
FantasyCerca de vinte anos após a abertura de um novo elo para as dimensões abissais, e da liberação da praga de mortos-vivos sobre o reino de Lacoresh, um novo reino ainda frágil, Kamanesh, tenta se erguer das cinzas do antigo império. O jovem príncipe E...