Capítulo 61

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☀Cecília Walker☀

Eu tive um choque de realidade quando levatei no dia seguinte depois das 10:00, sai do quarto confortável com minhas vestes e aparência e me deparei com meus amigos jogando videogame na sala. Eles me fizeram sentar, tomar em mãos uma manete e arrebentar. Eu me esquecerá da forma que nós envolvia, das risadas idiotas e nem um pouco discreta. Por fim eu estava começando a me sentir acolhida.

- Espero que vocês não se importam, mas vou procurar algo pra comer. - digo desconectado minha manete e saindo da vista delas.

Peguei umas frutas, uma caneca de café e subi pro terraço do prédio. Me sentei bem a beira do edifício e ali fiquei. Sentir o vento forte me acalmava, parecia que eu respirava melhor. Olhar pra baixo e perceber que faltava muito para tocar o chão me fazia refletir um monte, fazia minha mente girar sobre vários porquês inexplicáveis. Tudo muito silencioso.

E quando eu falo -penso- sobre as rotas que minha vida tomou eu tenho vontade de me jogar da ponte. Sério, eu juro que é estranho sonhar tanto com algo e quando enfim ele chega...sai tudo torto. O que será que minha avó pensa ao me ver lá de cima? Ela e o vovô era quem mais apostavam em mim, e o que será que pensam? Estão orgulhosos ou arrasados? Ufa! Essas são boas alternativas para pensar com trilha sonora melancólica.

- Cecília para!

Ouço como um grito de desespero, passos acelerados em minha direção e mãos me arrastando para trás.

- O que você está fazendo? Pirou? - ele segurava meus ombros enquanto me chaqualhava para frente e para trás.

- Hã?

- Você quer se matar?

- Não! - afirmei estourada, o que ele está fazendo? - Claro que não, você pirou?

Ele gargalhou amargo tombando a cabeça lentamente para trás.

- Eu não estava sentada na beira de um prédio com quase vinte andares. Então quem é que está pirado aqui?

- Ok! Será que dá pra você me soltar? - assim ele fez. - Obrigada, agora me sinto menos dolorida.

- Você me assustou! - confessou ainda com o maxilar cerrado.

- E pensou que me assustar seria a melhor opção? Eu podia ter caído depois daquele grito.

- Não teria como, eu estava segurando você.

Reviro os olhos.

- É sério Mathews, eu não gosto quando me assusta assim.

- Não gosto de te ver chorar.

E aí eu queria cavar um poço e me jogar.
Pensei: sério Cecília, chorar na frente dele?
Mas não teve jeito, porque se antes eu chorava sozinha e na beira do prédio, agora eu choro ridiculamente e a beira do precipício. Ou quer dizer, nos braços do meu primeiro amor.

Ele me destruiu e me reconstruiu em um único instante. Me arrastou e me pôs sentada em seu colo.

- Epa! O que é isso? - ri enquanto enxugava as lágrimas.

- Xi! Só curte o momento. - ele diz com a lateral de seu rosto preso ao meu. - Eu disse que ficaria do seu lado, e eu vacilei. Só que agora estamos presos no terraço, você está no meu colo e não vai fugir de mim.

- Quem te garante? - o desafiei com um olhar provocador.

Ele arqueou suas sobrancelhas negras, e enxergou minha alma enquanto tocava meus cabelos. Tudo que eu queria era fechar os olhos e senti-lo intensamente, queria deixá-lo me levar para apreciar novos horizontes. Mas eu não deixaria ele me ter nessa condições. Não desafiada dessa maneira.

- Eu não só me garanto, como o seu sexto sentido também colabora comigo. Agora vamos lá senhorita, deixe provar que posso ser bem mais que acreditamos.

- Mathews!

Eu não podia acreditar que a insegurança foi escolher justamente aquele momento para me destruir. Minhas mãos tremiam e meu corpo parecia querer entrar em colapso nervoso. Meu cérebro deu um nó total, e o desespero me pegou em cheio quando me dei conta da confusão que me tornei bem ali, nos braços dele.

- Cecília? Você está bem?

- Olha eu...

- Não, tudo bem, sério. Não precisa se explicar, eu quem invadi sua privacidade. Eu sempre faço merda.

Seus braços foram me soltando os poucos, seus olhos perderam o brilho e eu o prendi a mim.

- A culpa não é sua, nunca foi. Eu só estou perdida sobre como vou viver depois de te dizer tudo que eu sinto, mas tá tudo bem porquê eu quero te falar tudo e depois ver você me ensinando a lidar com nossa confusão. Eu te amo Mathews, sempre amei. Só que eu não queria admitir e nem nos dar uma chance porque eu sabia que você era emboscada, uma estrada sem volta. Mas quer saber? Eu não estou né aí! Se for pra se perder, então que seja com você, com os seus carinhos e o seu amor.

Girou, 360 graus, subiu até a lua e desceu até o inferno. Seus olhos me cercaram, seu fogo interno me aqueceu de forma que eu sentia as chamas vivas em minha pele. Meu couro cabeludo ardendo com o toque de seus dedos, e meus lábios provava do mais puro veneno.

- Je t'aime ma constellation!

Feito um lobo faminto e pronto pro ataque, ele toma meu lábios mais uma vez. Era tão bom saber que era deseja, e melhor ainda desejar alguém.

- Pera aí! O quê você disse? - soltei uma risada estranha.

- Je t'aime ma constellation, que quer dizer, eu te amo, minha constelação.

- Ui! Que tocante - ri um pouco mais. - Me diz ai, que língua é essa?

- Essa é a língua que só você pode provar.

E aí eu me dei conta do abismo que havia me lançado - risadas - mais uma vez.

Fire And FuryOnde histórias criam vida. Descubra agora