Capítulo 63

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Cecília Walker

Clarissa Corrêa disse uma vez que a gente carrega dentro do peito todos os sonhos do mundo. E isso é tão bonito, tão encantador, tão cheio de esperança. Acho que é isso: precisamos da esperança, precisamos acreditar naquela fagulha que fica lá dentro dando a entender que tudo vai clarear, clarear, clarear.
Era difícil acreditar em cada uma dessas palavras quando sua vida está meio desorganizada, só que nem sempre vivemos uma bagunça. Eu, por exemplo, vivi chuva e arco-íris não faz muito tempo, porém eu acredito que tudo tem uma fórmula e um tempo e essa está sendo a melhor versão da minha vida. Enfim o ecossistema chamado universo começou a conspirar ao meu favor. Ainda tem coisa pra ajeitar? Tem sim, mas essas coisas levam tempo.

Hoje é o grande dia da reunião com o Dhavison, da gravadora Musical Sound. Reuniriamos às dez horas da manhã, então eu teria tempo para repassar umas músicas antes de ir, me aquecer e me arrumar bem causal. Por essa razão eram oito e vinte cinco e eu já havia corrido 4km, dado uma arrumada no apartamento e agora eu contemplava a bela vista da sacada da sala com meu violão nos braços.

- Oi Cecí!

- Emma, que bom ter você aqui. - me levantei para abraça-lá. - Como vai?

- Estou bem, e você? Nervosa? - ela se acomoda ao meu lado no carpete felpudo.

- Estou relaxada refletindo sobre qual música cairá melhor com o momento.

- Bem, eu acho que você esta bem apaixonada. - ela estreita os olhos em acusação.

- Será que é somente eu? - ri.

- Acho que não. Parece que nos últimos meses todo mundo resolveu entregar o coração.

- Que bom, sendo assim tenho uma boa ideia de como anda a grande Nova York.

Ali naquela sacada recebendo um solzinho matinal nos tivemos um momento como há muito tempo não tínhamos. Rimos colocando o papo em dia, comentamos sobre nossos novos planos e sonhos juntas. No fim percebi que era daquilo que eu mais precisava para estar mais em paz comigo, com meus compromissos e com eles mesmos.

- Olha, você trinta minutos para se arrumar, dez pra sair desse apartamento e vinte até a gravadora.

- Só isso? É muito pouco tempo.

- Anda Cecília, você não pode chegar lá dez horas no prego. - Emma grita da sala.

E lá começou a correria; ela queria que eu fizesse um reboco na cara, eu queria algo simples. Eu queria usar jeans e regata, ela me obrigou a usar short de cetim estampado de xadrez vermelho e preto juntamente de uma camiseta preta de caveira. Eu queria usar ali star, ela me fez usar coturno. Por fim fique pronta em vinte minutos, tempo suficiente para pegar a bolsa, o violão e correr pra gravadora. Parecia cedo, mas eu tinha fez minutos para subir até o trigésimo andar da Musical Sound.

- Olha pra onde anda, imbecil! - falei irritada quando um loiro patético me jogou no chão.

- Você sua ridícula! - fala com cara de nojo

- Uou, pera ai! - surgiu a morena de batom vermelho sangue e com uma roupa completamente escandalosa.

- Era só o que me faltava. - revirei os olhos.

- Vê se não é a nossa rainha, Cecília Walker. Feliz em estar de volta linda?

- Manuela? Uau, você continua tão desagradavél como antes.

- Também não estou satisfeita em vê-lá, mas sabe que foi te ver? Assim eu posso contar pra todo mundo que você está de volta.

Ela riu irônica, pegou o loiro pela mão e saíram desfilando feito uma modela fracassada.

- Aff!

A recepção da sala do Dhavison estava ocupada por umas dez pessoas que com certeza estavam ali pelo teste. O Mathews havia me explicado que tudo aconteceria por ordem de inscrição, sendo assim eu julgava ser a última entrevistada mas parecia que eu estava enganada, porque assim que seu fez minutos que cheguei, a secretária me chamou.

- Cecília Walker - o moreno tatuada no centro da enorme mesa disse assim que entrei.

- Sim, é um enorme prazer estar aqui. - me aproximei deles sorridente.

- Eu sou o Dhavison, essa é minha esposa Ive, Alec e a Alison.

- Fique à vontade querida. - disse a Ive, uma loira de arrasar com um rostinho angelical embora a muita maquiagem.

- Então você toca violão e canta? - diz Dhavison dando início a série de perguntas.

- Sim, des dos meus doze anos de idade. E a pouco tempo eu encerrei meu curso de técnica vocal.

- Isso é ótimo, significa que está tudo novinho em folha. - comenta a Alison sorrindo.

- Você já tocou em alguma banda? Ou já apresentou alguma coisa?

- Não, mas eu já toquei piano em um leilão de instrumentos musicais com quinze anos.

- Maneiro, então vamos ver o que você sabe fazer.

Caminhei até o banquinho que me esperava, conectei meu violão no cabo que já me esperava e comecei tocando "For those who wait", Fireflight. As Minhas preocupações em cantar músicas que tenham uma pegada de rock foram embora quando descobri que a banda era mista. Tipo, eles não tinham uma rota a ser seguida, eles cantavam o que o mundo pedia; rock, pop, raguer. Até tinha uma frase cravada na parede com letras de vidro que dizia: Seja o que você quiser.

"Então você canta uma canção de ninar
Para os corações solitários hoje à noite
Deixe-a adornar o seu coração com chamas
Deixe-a te libertar
Quando você está lutando para acreditar em um amor que você não pode ver
Só sei que há um propósito
Para aqueles que esperam."

Fire And FuryOnde histórias criam vida. Descubra agora