DULCE
Olho no relógio do painel do carro e já são quase 3h da manhã e eu ainda não entendo porque tomei a decisão de leva-lo em casa. Já saímos da minha casa faz uns 10 minutos e as únicas palavras que ele disse foram: esquerda e direita. Olho de relance para o meu carona e o vejo olhando pela janela, a blusa preta que ele usava embaixo do terno ja esta com alguns botões abertos e a gravata de uma cor chumbo com o nó frouxo. Confesso que a beleza dele me atrai mais do que eu gostaria, sua barba por fazer e o cabelo bem baixo demonstram que ele não liga muito para os padrões e isso me instiga a conhecê-lo mais profundamente. Olho de volta para a pista e ele se ajeita no banco.
UCKER: Não é certo você voltar sozinha.
DULCE: Ah! Não tem problema, o Chris também mora na zona sul, já o avisei que vou dormir la.
UCKER: Seu namorado?
DULCE: Ham?! Nao! - eu digo, enfática. - Meu amigo, o Chris é só meu amigo.
Ele da um sorrisinho travesso e eu me arrependo de ter explicado tanto. Burra! Você não deve explicações a ele. Alguns minutos passam silenciosos novamente.
UCKER: Você é sempre mandona assim?
DULCE: Mandona? - eu gargalho
UCKER: É, no seu apartamento você não me deu escolha. Eu tive que vir com você querendo ou não.
DULCE: Eu estou retribuindo o favor, eu sabia que você ia aceitar.
UCKER: E se você estiver errada? E se eu quisesse voltar sozinho? - ele arqueia uma sobrancelha, com aquele sorriso irritante colado no rosto.
DULCE: Era só ter negado!
UCKER: Mas eu neguei!
DULCE: Então nao seja por isso.. - eu piso no freio com força, parando o carro no meio da pista. - Pode descer, sr Christopher. Sua carona termina aqui.
UCKER: Você é louca? Vai me deixar aqui, no meio da rua?
DULCE: Se quiser eu encosto o carro na calçada.
UCKER: Você so pode estar brincando!
DULCE: Mas nao estou! Da para descer logo? Nao quero correr perigo a essa hora da noite.
UCKER: E vai me deixar aqui mesmo assim?
DULCE: Você ja é grandinho. Anda Christopher, desce! - ele abre a porta do carro e desce, batendo com força e olhando pela janela.
UCKER: Satisfeita? - ele abre os braços. - Você só pode ser louca!
DULCE: Foi você quem disse que não queria carona, só estou fazendo a sua vontade. - dou uma piscadela. - Boa sorte aí!
Saio arrancando com o carro e quando olho pelo retrovisor ele ainda esta parado no meio da rua, olhando em minha direção. E ve-lo sozinho aperta meu coração, mas alguma coisa me diz que eu tomei a decisão certa e então sigo em direção à casa de Christian.ANAHI
A noite da festa não foi nada fácil. Ter que lidar com todos os sentimentos que inundaram o carro e meu coração quando ouvi suas palavras esperançosas, ou com a lembrança do calor que percorreu meu corpo com o seu toque e tudo caindo por terra quando o som o telefone nos fez recordar que era algo totalmente irreal o que estávamos cogitando. Naquela noite eu caí na cama e, olhando para o teto senti lágrimas escorrerem até que eu adormecesse.
Hoje, mais de um mês depois, eu tento ao máximo não lembrar daquela noite. Procuro manter o contato o mais profissional possível e me afasto como posso. Algumas foram as vezes que levei susto ao ligar para a HC e uma mulher atender, pensando ser Claudia ou qualquer outra, mas no fim era sempre uma secretaria nova ou alguma funcionária de passagem.
Me encontrei com Ucker algumas vezes, saímos para jantares e baladas juntos e ele quase nao toca no nome de seu irmão, o que me faz pensar que ele sabe de algo. Mas prefiro não perguntar, evitar entrar nesse assunto.
Manoel tem se feito mais e mais presente em minha rotina, ja o chamei para jantar em meu apartamento, ja passamos uma agradável tarde de sábado no parque e sinto a cada dia que os esforços dele em criar um laço comigo podem dar certo. Exceto quando meus pensamentos vão parar no outro lado da cidade, claro.
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A Proposta
FanfictionEstava tudo muito calmo na vida de Anahi. Ela vive na cidade de Monterrey, onde é advogada de uma grande empresa e possui uma vida confortável, que nas horas vagas é adicionada de muita loucura por Dulce Maria e Chris. Já em Los Herreras, tia Pilar...