CAPITULO 80

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ANAHI

Tia Pilar estende uma das mãos por cima da mesa e, assim que alcança a minha, aperta forte.
PILAR: Minha querida, nós entendemos seus motivos mas não nos interessa ficar com uma casa tão grande como essa agora que todos os nossos pequerruchos alçaram voo. Avisamos a todos eles, mas não pensei que você ficaria tão magoada.
ANAHI: Aqui sempre foi meu lar, eu não morava aqui, esse cantinho nunca foi meu, mas meu coração escolheu morar aqui, tia. A casa da minha avó sempre foi acolhedora e eu sabia que estava num lar quando estava lá, mas sempre foi a casa dela. Nessa casa.. - eu olho ao redor - eu passei todos os momentos da minha vida, foi nela que eu encontrei as melhores pessoas e em cada cantinho dela tem um pedaço de mim.

Ouço minha tia suspirar e o medo de que eu não os convença me invade, então empurro a menininha órfã para dentro do armário novamente e limpo as lágrimas com a mão livre, respiro fundo e levanto a cabeça decidida.
ANAHI: Então, esperem um pouco para vender. Eu sei que não estão precisando dos lucros que ela gerará, então eu peço que esperem um pouco.. alguns meses, um ano no máximo.
JUAN: Mas porque esperaríamos, Any? Para que você se acostume com a ideia? - ele me olha intrigado.
PILAR: Não Juan, você não vê? Ela comprará a casa. - então ela olha pra mim, com aquela conexão que sempre tivemos estalando em seus olhos, e sorri.

Depois de mais de meia hora tentando convencer tio Juan a me vender a casa, consegui que ele pensasse no assunto com a condição de que tire o anúncio da casa até que ele tome a decisão de vende-la para mim, que é o que eu espero.

Como ja passava das onze horas da manhã, subi para acordar Dulce e chama-la para dar um volta na cidade, estava morrendo de vontade de apresentar o cenário de todas as histórias que contei a ela durante esses anos.
ANAHI: ACORDA! - gritei, assim que abri a porta do quarto, e vi minha amiga pular tão alto na cama que caí na gargalhada.
Em meio a muita reclamação, risada e alguns travesseiros arremessados, senti uma mão em meu ombro e quando me virei vi uma moça muito ciumenta me analisando.
ANAHI: Maaaaaai! Que saudade! Vem, me dê um abraço.
MAITE: Você ja escovou os dentes?
ANAHI: Claro que não, mantenho nossos hábitos de sempre. - e a puxei para um abraço bem apertado. Assim que a larguei, puxei-a pela mão para que entrasse no quarto e o gelo entre ela e Dulce logo se quebrasse.
Eu esperava ha tanto tempo que elas se conhecessem, que meus anjinhos da guarda fizessem amizade entre si e se unissem, para cuidar de mim eternamente.
ANAHI: Dul, essa é a Maite!
DULCE: Hey Mai, tudo certo? - minha amiga desenvolta logo se levantou e puxou a Mai para um abraço, daqueles bem sinceros e que ela dava melhor que ninguem. - A Any fala o tempo todo de você, gata.
MAITE: É um prazer! Ela vive falando das suas maluquices - ela da um risadinha e se solta do abraço.
ANAHI: Maite!! Não é ela que é a maluca, não. - eu tento mentir
DULCE: Sou sim, sei que sou.
ANAHI: Ta, é ela. Ja ouviu dizer que o pior é quando o louco se convence de sua própria loucura?

E todas nós gargalhamos fazendo com que essa casa guarde mais um pedacinho de mim, de minhas memórias.

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