CAPITULO 75

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UCKER

Dispenso o taxi e entro na recepção de seu prédio e o porteiro, é claro, estranha minha presença a essa hora. Logo me explico e peço que ele interfone para Dulce, que libera a minha entrada depois que ele explica tudo  de forma metódica. O prédio é bem alto e ela mora no 16 andar o que me faz pensar porque ela quis um apartamento tão alto. O elevador para e eu saio, procurando o numero 1610 e assim que acho, toco a campainha e ela abre a porta.
DULCE: Oi, denovo! - ela da uma risadinha e eu só consigo esboçar um sorriso.
Ela esta ainda mais linda do que estava na festa, ao que parece tirou os saltos e esta bem mais baixa e o vestido arrasta grande parte no chão, prendeu o cabelo em um coque e há alguns fios soltos, que caem ao lado de seu rosto e em cima de seu ombro. A maquiagem ainda esta ali, porém não há joia nenhuma brilhando além de seu sorriso.
UCKER: Então, eu queria ficar com ele para mim, mas achei arriscado ser processado pela dona. - tento fazer graça, pois é a única saída e estico a mão segurando o celular.
DULCE: Bem provavel que seria! Minha vida esta aqui nesse bichinho. - ela ri e o pega da minha mao. - Obrigada por traze-lo, mesmo. Se eu perdesse todo o material que há aqui, levaria dias para recuperar.
UCKER: Que nada! Ta tudo certo.

Ela sorriu, eu sorri de volta e um silêncio incômodo se instalou. Eu queria dizer que ela estava linda, chama-la pra sair ou fazer coisas mais interessantes, mas algo me dizia que nada disso daria certo, então resolvi ficar quieto. Pigarreei.
UCKER: Então.. vou indo nessa!
DULCE: Obrigada mais uma vez! O taxi esta esperando?
UCKER: Não, eu nao sabia se o porteiro iria me liberar logo então o dispensei.
DULCE: Nossa! A essa hora você vai demorar muito para conseguir outro. Eu te levo, deixa so eu me trocar.
UCKER: Não prec.. - ela me interrompe.
DULCE: Estou retribuindo o favor. E não quero abrir nenhum processo contra você, caso alguém veja um homem suspeito na calçada da zona norte na calada da noite. Entra aí, ja volto!
E desapareceu porta a dentro, deixando a porta e minha boca abertas.

DULCE

Olho no relógio do painel do carro e já são quase 3h da manhã e eu ainda não entendo porque tomei a decisão de leva-lo em casa. Já saímos da minha casa faz uns 10 minutos e as únicas palavras que ele disse foram: esquerda e direita. Olho de relance para o meu carona e o vejo olhando pela janela, a blusa preta que ele usava embaixo do terno ja esta com alguns botões abertos e a gravata de uma cor chumbo com o nó frouxo. Confesso que a beleza dele me atrai mais do que eu gostaria, sua barba por fazer e o cabelo bem baixo demonstram que ele não liga muito para os padrões e isso me instiga a conhecê-lo mais profundamente. Olho de volta para a pista e ele se ajeita no banco.
UCKER: Não é certo você voltar sozinha.
DULCE: Ah! Não tem problema, o Chris também mora na zona sul, já o avisei que vou dormir la.
UCKER: Seu namorado?
DULCE: Ham?! Nao! - eu digo, enfática. - Meu amigo, o Chris é só meu amigo.
Ele da um sorrisinho travesso e eu me arrependo de ter explicado tanto. Burra! Você não deve explicações a ele. Alguns minutos passam silenciosos novamente.
UCKER: Você é sempre mandona assim?
DULCE: Mandona? - eu gargalho
UCKER: É, no seu apartamento você não me deu escolha. Eu tive que vir com você querendo ou não.
DULCE: Eu estou retribuindo o favor, eu sabia que você ia aceitar.
UCKER: E se você estiver errada? E se eu quisesse voltar sozinho? - ele arqueia uma sobrancelha, com aquele sorriso irritante colado no rosto.
DULCE: Era só ter negado!
UCKER: Mas eu neguei!
DULCE: Então nao seja por isso.. - eu piso no freio com força, parando o carro no meio da pista. - Pode descer, sr Christopher. Sua carona termina aqui.
UCKER: Você é louca? Vai me deixar aqui, no meio da rua?
DULCE: Se quiser eu encosto o carro na calçada.
UCKER: Você so pode estar brincando!
DULCE: Mas nao estou! Da para descer logo? Nao quero correr perigo a essa hora da noite.
UCKER: E vai me deixar aqui mesmo assim?
DULCE: Você ja é grandinho. Anda Christopher, desce! - ele abre a porta do carro e desce, batendo com força e olhando pela janela.
UCKER: Satisfeita? - ele abre os braços. - Você só pode ser louca!
DULCE: Foi você quem disse que não queria carona, só estou fazendo a sua vontade. - dou uma piscadela. - Boa sorte aí!
Saio arrancando com o carro e quando olho pelo retrovisor ele ainda esta parado no meio da rua, olhando em minha direção. E ve-lo sozinho aperta meu coração, mas alguma coisa me diz que eu tomei a decisão certa e então sigo em direção à casa de Christian.

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