Capítulo 2

10.6K 867 155
                                    

Ela é pró na arte
De pentelhar e aziar
É campeã do mundo

(Mulher de Fases - Raimundos)


Ouço batidas fortes em minha porta, e a voz de Judith gritando do lado de fora.

-Jasmine hora de acordar, sem café, vai trabalhar, depois tem direito ao almoço.

Gemo tristemente, eu precisava comer, me sentia fraca, com a barriga vazia, porém não iria admitir isso para essa mulher, ela me odiava, e eu também não gostava dela, pobre era tudo assim, chato, irritante e o pior de tudo, pobre.

Me levanto, nem um pouco animada e procuro algo bem bonito, para esse povo morrer de inveja, um vestido curto prata brilhoso, meias pretas e tênis prata. Tenho certeza que ninguém daqui, nunca viu roupas como as minhas, lindas glamurosas, só para quem tem bom gosto e dinheiro. Entro no banheiro pequeno, tiro a roupa e ligo o chuveiro entrando no mesmo, eu havia acabado de entrar, cinco minutos, e a água ficou gelada.

-QUAL O PROBLEMA COM TUDO NESSA CASA? - Grito chorosa.

Termino meu banho no gelado mesmo e saio para me trocar batendo os dentes, não era nem seis horas da manhã ainda, era madrugada, o dia só era dia a partir das 11:00. Porém não iria perder para essa velha, assim que termino de me arrumar, saio do quarto e sigo para cozinha, quando adentro o cômodo, Judith, Kiara, a pirralha e um cara bem bonitão riem de mim.

-Olha a loupa dela mamãe - Diz colocando as mãos na boca.

-Se fala "roupa" - A corrijo - Só pode ter síndrome de cebolinha pirralha.

O homem me olha feio e a garota vai emburrada para o colo dele, ele era bem bonito, e pelo jeito era o pai da menina.

-Vou levar Sarah para escola, Kiara, depois conversamos - Ele diz com pouco caso e ela abaixa a cabeça parecendo triste.

Grande trouxa ela é, fica deixando o cara fazer desfeita dela, bem que tem cara de sonsa mesmo. Ele sai levanto a pirralha.

-Parece que seu marido te trata como lixo prima - Comento me sentando.

-Ele não é meu marido - Diz segurando as lágrimas.

-Uh - Balanço a cabeça em desgosto - Que decepção prima, arrumou barriga para segurar o homem e não conseguiu.

Ela se levanta e sai correndo da cozinha, era uma fraca.

-Melhor você lavar a boca para falar de Kiara, Jasmine, a única que não presta aqui é você, não vale o que veste - Diz Judith.

Ela joga um tipo de vassoura no chão.

-Parece que ninguém dessa família vale, vovó - Falo com ironia.

-Você é um desgosto garota - Ela cospe de forma rude - Pegue essa vassoura, e vá para o pasto, recolher bosta de cavalo.

-VOCÊ SÓ PODE ESTAR BRINCANDO COMIGO - Grito revoltada.

-OU É ISSO, OU RUA - Ela grita mais alto, recolho a vassoura do chão. - Vira a esquerda e segue reto, que você encontra seu destino.

Pego a vassoura e saio revoltada, recolher esterco, era só o que me faltava, com essa roupa ainda, se ela está pensando que eu irei me dar por vencida está enganada, ela vai ver só, que não sou uma decepção para família. Acho o estábulo, cheio de cavalos fedorentos.

-Aí...- Choramingo dando alguns pulinhos, aquilo estava sujando todo meu tênis, eu estava com fome, fraca, em uma fazenda pobre, cheia de cavalos fedorentos, limpando coco dos mesmos.

Começo a puxar com a vassoura, pelo menos tinha uma, passo horas e horas puxando, o lugar era enorme, tinha certeza que estava ali há quase duas horas, quando termino tudo, sorrio orgulhosa de mim mesma.

-Precisando de ajuda moça? - Ouço uma voz grossa atrás de mim e levo um susto, tropeçando em algo e caindo de cara no esterco.

-AAAAAAAAAAAAAA - Grito já chorando.

Ouço uma risada estrondosa atrás de mim e me viro olhando para o Cowboy, ele era igual o pai da pirralha, tinha cabelos longos e olhos lindos, era forte e muito alto, porém havia uma diferença, esse era bem mais bonito.

-Acho que está suja moça - Ele diz, tentando segurar o riso.

-Para de rir seu jumento, burro, empregadinho - Xingo revoltada, ainda chorando, com medo de abrir muito a boca e cair esterco dentro.

-Oxe, patricinha mimada, não ofendi ocê até agora. - Diz cruzando os braços, deixando os músculos a mostra.

-Ocê, Ocê - Imito me levantando, já havia parado de chorar - Anta.

-Pelo menos não é a anta aqui, que está toda coberta de esterco - Ele volta a me lembrar e eu saio do estábulo chorando.

-Não cruze nunca mais meu caminho, seu Cowboy burro - Xingo de longe.

Corro para dentro da casa e todos riem novamente quando passo, chego em meu quarto e já vou tirando a roupa e entrando no banheiro, choro por bastante tempo debaixo do chuveiro, da água gelada mesmo, passo sabonete e o resto de óleo corporal que me resta pelo menos umas cinco veze, saio do banheiro e visto algo esportivo.

                           

Para continuar com o trabalho, eu sabia que aquela velha nojenta não me deixaria parar, como não era meio dia ainda, também não me deixaria comer, quando fico pronta, desço, passando pela velha que me manda ir recolher ovos de galinha

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Para continuar com o trabalho, eu sabia que aquela velha nojenta não me deixaria parar, como não era meio dia ainda, também não me deixaria comer, quando fico pronta, desço, passando pela velha que me manda ir recolher ovos de galinha. Sigo para o local, não sei o que era pior, esterco ou galinhas. Entro receosa no galinheiro, com lágrimas nos olhos, havia achado tudo sozinha, porque no que dependesse de Judith eu me virava só. Quando me aproximo das galinhas elas começam a cacarejar, me assustando, morria de medo, saio correndo das mesmas que vem atrás de mim.

-Parece que está em apuros patty - Aquele Cowboy denovo, sem camiseta agora, fazendo o trabalho que eu havia deixado para trás. Eu não sabia o que fazer, correr das galinhas, ou olhar aquele tanquinho, nem deveria estar olhando, ele é sujo e pobre. - O gato comeu sua língua patty?

-Eu não disse para me deixar em paz - Ele se aproxima, e as galinhas correm.

-Não precisa agradecer - Ele sorri, um sorriso que....deixa pra lá.

-Eu não vou - Dou as costas para ele, porém sinto uma tontura instantânea, a última coisa que lembro é do cowboy me chamando de "patty", logo tudo ficou escuro.

A Redenção da Patricinha Onde histórias criam vida. Descubra agora