O Amigo do Meu Crush

Taehyung, o ressentido

Talvez tenha sido um equívoco imaginar que depois daquela aula, ele mudaria um pouco. A questão é que mesmo me ensinando de um modo mais convencional, ele ainda me fazia penar. Deixava que eu descansasse, mas só quando eu estava ao ponto de cair no chão sem fôlego. Ele ainda era um demônio.

Passamos o domingo ensaiando, horas e mais horas. Meu corpo faltava quebrar apenas para me avisar que eu estava me torturando. Apesar disso tudo, Jungkook não me provocou mais. Ele apenas me ajudou bastante na dança. Achei estranho, mas não reclamei. Melhorei muito, eu já havia compreendido todos os passos e só faltava me aperfeiçoar a eles. E tínhamos apenas mais três dias para isso, o resto do tempo seria ajudando o povo que não conseguia pegar a coreografia. Talvez uma parte mais hard ainda.

Já no dia seguinte, no caso hoje, eu tinha meus próprios deveres. Afinal, eu também fazia faculdade, e eu posso afirmar que biologia não é fácil, não. Eu sempre me dei bem nessa matéria, mas não era a minha favorita. A escolhi por falta de opções, não havia mais nada em minha cabeça, e biologia prevaleceu. É, até que era razoável.

Aproveitei para descansar o máximo, porque na parte da tarde eu já havia sido avisado pelo demônio de que eu iria continuar treinando. Mais oito dias, apenas, eu aguento. Sim, eu sobreviveria.

 A área que Jungkook estudava era contrária a minha e por isso eu só o via vez ou outra. A área que inclusive era a de Hoseok, onde eu fazia questão de passar por lá, apenas para vê-lo todas as manhãs. Inicialmente, claro, agora não havia muito tempo para isso.

Almocei rapidamente com Taehyung antes de me direcionar até onde Jungkook havia me informado. De acordo com ele, a sala que treinávamos ficava ocupada na parte da tarde nos dias de semana. E por isso, tive que procurar onde ele estava. Eu ainda me perdia muito por aquelas partes, merda.

Tive que parar em algum lugar para me situar, e foi justamente na parte dos estudantes de música. Encarei aquele monte de pessoas andando pelos corredores da faculdade, apresadas e cheias de papeis em mãos. Algumas se amontoavam em um monte para discutir sobre algum seminário do curso. Eu não fazia ideia de como era e por isso apenas parei em algum canto, e fiquei com cara de tacho. Fiquei constrangido de perguntar para alguém, se pelo menos Taehyung estivesse aqui...

Devo ter ficado assim uns quinze minutos.

Por ter ficado um tempo me lamentando sobre ter medo de ir perguntar para alguém,  eu nem reparei estar sendo observado. 

Oh, tinha um loiro com cara de poucos amigos me olhando de longe. Ou melhor... Me fuzilando? Sei lá, mas que eu fiquei desconfortável, eu fiquei.

Que horror, ele quer me matar?

Mas, bem, era a única pessoa me notando ali. E se eu quisesse não morrer pelo Jungkook, era melhor tentar não morrer fuzilado antes da hora. Então, sem muita opção, eu fui até ele. No começo ele até arqueou a sobrancelha, desconfiado. Hum, era tipo o Jungkook mil vezes pior, porque eu realmente não sabia se ele me metralharia ou não.

Lidar com o Jungkook, fácil. Ou não. Razoável. Tolerável.

Mas lidar com um estranho? Nem a pau.

Por isso, como um bom cagão, eu desviei. Sim, eu desisti e resolvi me perder novamente por ali. Credo, já basta o demônio. Outro não. 

Deus, porque tinha que ser tão complicado?

— Você está perdido? — O estranho me assustou e chocou sua palma em meu ombro.

Foi apenas uma simples pergunta, mas eu levei um puta susto. Oh, céus, eu vou morrer a qualquer hora. O loiro de antes tinha um tom sonolento, sério e apavorador.