Jimin, o anjo com as palavras entaladas na garganta

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No momento em que uma pequena garoa começou a pingar em meu rosto, eu percebi que ele realmente não apareceria. Não, eu não queria desistir, por isso, mesmo que eu soasse como uma pessoa irritante, eu liguei para ele. Liguei e liguei, mas nada de Jungkook atender.

Meu coração estava disparado ao ponto de doer, eu queria contar logo a ele que eu finalmente abri meus olhos para o óbvio. Que eu finalmente quero abraçá-lo sem temer nada, sem fingir não sentir nada. Que eu estava disposto a sentir tudo aquilo que eu vinha reprimindo.

Quando olhei em meu relógio já mostrava que eram dez horas da noite... E que eu deveria voltar logo. Mas eu não queria sair daqui e Jungkook aparecer quando eu já estiver longe. Tudo indicava que ele não quis vir, mas... Eu preciso tanto contar a ele o que sinto. Está entalado há muito tempo, não suporto mais segurar.

Será que se eu voltar para a república ele estará lá?

Suspirei antes de sair de baixo da tenda do senhor dono do pequeno estabelecimento de flores. Refiz todos os meus passos ao momento em que desviei de minha rota e tornei a andar em direção ao apartamento de Taehyung. Eu precisava afogar minhas agonias em algum lugar. Eu tinha que desabafar tudo o que estava em mim, ou explodiria.

Jungkook não queria que eu entendesse o que eu sinto? Não queria que eu resolvesse os meus problemas? Então por que ele não veio até mim? 

É algum tipo de brincadeira comigo?

A chuva aumentou ao momento que eu me remoía por tudo, por ter esperado ou até mesmo por ter pensado que seria fácil assim. Jungkook nunca foi fácil, conseguir o que eu quero agora está me parecendo que será complicado também. Nenhum de nós parece acertar no que fazer... Eu não sei mais o que se passa na cabeça dele, mas está me deixando louco.

Eu só quero gritar para o mundo que eu o amo, mas é tão difícil.

Enquanto eu tentava desviar das poças profundas que se formavam no cimento, nas partes esburacadas, eu tentava não pensar demais. Tentava não esbarrar em nada no caminho.

Logicamente que era impossível. O rosto de Jungkook insistia em aparecer todos os segundos, a cada momento. Seu sorriso raro e seus olhares penetrantes me distraiam demais. E no meio dessa chuva toda, parecia que eu sentia seus toques em minha pele, queimando. Me queimando por dentro, como se implorasse por mais, muito mais toques.

Era como se meu cérebro me lembrasse de todos os nossos momentos, todos os olhares, todos os beijos... Todas as palavras tocadas. Eu parecia querer ter ele ao meu lado ao simples fato de me lembrar como é estar em uma cama com ele, seus braços me segurando firme e seu rosto escondido em meu pescoço.

Eu me derretia quando ele aspirava meu cheiro enquanto me embolava mais entre seus braços. Nos dois momentos em que dormi em sua cama... Me viciou totalmente... E eu nunca havia me sentido assim antes.

Eu só queria estar com ele.

Quando meu dedo apertou a campainha, percebi meu estado precário. Minhas roupas encharcadas, meus cabelos grudados em meu rosto, e meu corpo inteiro tremendo pelo frio.

Tarhyung abriu a porta no segundo seguinte, na maior euforia. Quando olhei para ele, estava todo desarrumado, como se tivesse pego qualquer roupa que tenha visto pelo caminho. Seus olhos estavam arregalados, como se estivesse em presa.

— Jimin, o que faz aqui? — Se exasperou, analisando-me da cabeça aos pés. Viu a bagunça em que eu estava e entortou os lábios.

Taehyung estava muito agitado, e sua expressão não estava me ajudando em nada.

— E-Eu... — Tentei olhar para dentro do apartamento, o que teria acontecido para que ele estivesse tão... — Eu...

— Por que está todo molhado? — Suas mãos pegaram em meus ombros, me chacoalhando um pouco. Mas que porra estava acontecendo? — Por que ainda está aqui?

O Amigo do Meu CrushOnde histórias criam vida. Descubra agora