Capítulo 2- A volta para casa- Parte 2

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Daniel

Sigo ao lado de Thales, Thulio e Vinicius seguem atrás, apenas ouço sorrisinhos sendo trocados. Não estou gostando nada do que esta acontecendo, minha vontade é correr e fugir, mas minha perna esta doendo por conta do tombo. Com a minha sorte, bem provável que tenha me machucado para valer.

Continuo andando com os meninos, vejo um beco que separa as duas lojas de doces da cidade. Meu coração gela, já imagino onde eles estão me levando.

_É Daniel, hoje você vai aprender um pouco da vida. Pode-se dizer que vai aprender até mesmo sobre biologia.

Thales termina de falar e estar sorrindo, olho para trás e vejo Vinicius e Thúlio me olhando. Quero sair de lá, eu preciso.

_Olha Daniel, atravessa a rua e entra no beco, não grita, não chama à atenção de ninguém. Você sabe que as lojas Guloseimas e Doce Minas vivem cheias de criança. Não tenta nada, porque vai ser pior para você.

Fico quieto, não tinha nem pensado em pedir ajuda, sempre que fico nervoso ou com medo eu travo. Atravessamos a rua, e passamos em frente ao Guloseimas, por incrível que pareça, a loja está praticamente vazia.

A única pessoa que esta olhando os doces é um garoto da nossa turma, um que eu apenas via de longe. Seu nome era Alberto, ele estudava comigo desde ano passado, quando repetiu o primeiro ano. Ninguém nunca soube nada a mais sobre ele, o motivo dele ter repetido ou algo a mais. Ele sempre foi o caladão. Nunca me tratou mal, na verdade sempre foi na dele.

Olho o Alberto, ele está de cabeça baixa, como eu quero que ele me olhe e perceba que algo vai acontecer.

Thales olha em direção a loja e percebe o Alberto e o mostra para os outros garotos.

_É Danizinho, hoje não é seu dia mesmo. Ninguém olhando, ninguém na loja.

Abaixo a cabeça e entro no beco com os garotos, eles pedem para que eu ande até o fim dele, por ficar mais distante da rua. Me viro para eles e os três continuam sorrindo.

_ O que vocês querem? Me falem.

Eles se entreolham e o Thales coloca suas mãos no cinto da calça e olha para baixo. Eu começo a entender o que ele quer.

_Você tá louco? Deixa eu sair daqui.

_Ah nerdzinho, vai falar que você não entendeu desde que te arrastamos para cá? Sim, você vai fazer sim e não tem escolha. Principalmente porque ou faz por bem, ou vai apanhar até não ter força, e pelo o que conhecemos você não tem muita mesmo.

Apavoro, mas continuo falando, preciso de tempo. Quem sabe alguém ouça a nossas vozes.

_Por quê eu? Nunca fiz nada para vocês, a verdade é que você que sempre implicou comigo apenas por eu ficar quieto e estudar.

_Não precisa ter motivo, eu conheço pessoas como você, se sentem superiores aos demais apenas por terem tudo, apenas por saberem demais. E você é exatamente assim.

Não consigo entender o que ele diz, ao meu ver nunca fui assim. Sempre fui quieto, mas apenas isso.

_E aí Daniel? Vai ser por bem ou por mal?

Me afasto deles, mas não tem para onde correr.

Eles se aproximam de mim, sinto o braço de Thales segurando o meu.

_Hoje você vai ter o que merece.

Fecho meus olhos, e espero o pior.

Livro I - O Nerd e o AventureiroOnde histórias criam vida. Descubra agora