Alberto
Não sei porque o puxei e abracei, mas o fiz. Aquele menino está me fazendo sentir algo que não sentia há muito tempo.
O solto e entramos em silêncio. A casa de Daniel é como eu já imaginava, parece aquelas casas de filme americanos classe média.
_ Alberto, sobe as escadas meu quarto é na primeira porta do corredor. Vou por a lasanha no microondas para fazer. Minha mãe não volta cedo e normalmente eu esquento alguma coisa para almoçar.
_ Tem certeza que vai deixar eu entrar assim no seu quarto?
_ Ah, pode ir, só não repara a bagunça. Assim que eu por no microondas eu subo.
Concordo e subo as escadas. A porta do quarto que ele falou esta entreaberta, e termino de abri-la.
O quarto de Daniel tem uma parede lotada de livros, uma cama de casal, uma mesinha onde fica o notebook. É uma janela que da para a rua.
Entro e deixo minha mochila ao lado da mesinha de notebook e ao olhar para aquela parede, percebo algumas fotos coladas. A maioria delas é o próprio Daniel quando pequeno. Algo que reparo é que ele nunca está sorrindo. E quando não está com a mãe ou o pai ele está sozinho.
Levanto às fotos e debaixo de uma delas, vejo uma que me faz parar. Era uma dele sorrindo, um sorriso leve. Retiro a foto da parede e a viro, atras tem uma dedicação que me surpreendi.
"Para você lembrar que quando é você mesmo tudo pode ser mais mágico. Arthur"
A mensagem me deixa curioso, primeiro como assim ser ele mesmo? E principalmente quem é Arthur?
Ouço passos e coloco a foto no lugar, se Daniel não me falou é porque não se senti bem com isso.
_Vamos descer Alberto, já esquentei a lasanha.
_ Já vou, seu quarto é muito sua cara.
_ Por que?
_ Ah, os livros.
Daniel me sorri e descemos.
Terminamos de almoçar e subimos, Daniel quer começar a planejar a cena que iremos encenar, mas eu estou meio devagar por conta do almoço.
_ Ah Daniel, vamos esperar um pouco. Diz que sim. A gente tem a tarde toda.
_ Ok. Mas, só um pouco.
Daniel senta na cama do computador e liga o notebook, enquanto ele faz isso fico em pé. Ele nota.
_Alberto pode sentar aí na cama, fica a vontade. Sério.
Sorrio para ele e acabo sentando, o cansaço é tanto que retiro o tênis e fico meio deitado meio sentado na cama dele.
Daniel deixa tocando algum playlist de música internacional que não faço ideia de quem esteja cantando e fica sentado na cadeira me olhando.
_ Que foi meu nerd? Vai ficar aí sentado me olhando.
Gosto de reparar a expressão que ele fica quando o chamo de "meu nerd" a princípio mandei sem querer, um erro no teclado, mas acabou que depois que mandei, achei legal.
_ Anda, se for por mim, eu fico no chão. A cama é sua ué.
Daniel fica parado um instante e se levanta. Ele senta do outro lado da cama, e fica olhando para a janela.
Termino de deitar e fico quieto, apenas curtindo aquele momento. A música calma de fundo, deitado na cama de um garoto que conheci antes. E esse garoto sentado ao meu lado.
_ Daniel.
Daniel vira a cabeça e me olha. Poxa, aquele olhar dele, me transmite uma sensação tão maravilhosa que podia ficar o dia todo assim.
A música para, e Daniel se levanta sem me responder, ele mexe em algum botão que faz o playlist voltar a tocar.
Me levanto devagar, sem sair da cama e me aproximo de Daniel. Ele levanta da cadeira e ao virar acaba tropeçando. Como estou próximo, ele cai em cima de mim, o susto que levo me faz deitar de novo com ele em cima de mim.
Nossos rostos ficam muito próximos, tão próximos que o sinto respirar. Nossos olhares se encontram, e eu começo a me levantar e ele junto sem se afastar de mim.
Daniel acaba colocando suas mãos em meu peito e tenta de equilibrar. Paro de me mover e percebo que meus lábios estão próximos do dele.
Será? Será que ele vai gostar? Ou não, não quero que seja como da última vez.
Fecho meus olhos e me aproximo dos lábios do meu nerd e encosto nele. O beijo começa, devagar, calmo, minhas mãos seguram o pescoço dele enquanto me sento com ele encostado em mim.
O toque dele, em meu rosto, o beijo dele, a música no ar, é perfeito.
Daniel me afasta, e sussurra em meus ouvidos.
_ Alberto, acorda.
Aquela frase me assusta e eu levanto.
_Eu adormeci?
_ Um pouco. Você chamou meu nome e depois apagou.
_ Seu sonho foi bom né?
_ Por que a pergunta? Eu disse algo?
_ Não, é apenas que você gemeu durante o sonho e bem.
Daniel fica sem graça, e olha para meu corpo. Eu sigo seus olhos e percebo o que ele está dizendo.
_ Ah.
Não consigo dizer nada. Apenas sorrio e coço a cabeça e completo.
_ Ah, tem coisas que não dá pra controlar quando está dormindo.
_ Sim. Bem, sorte da menina que você sonhou.
Aquela pergunta, resolvo ver até onde vai.
_ Quem disse que é alguma menina? A verdade a pessoa do sonho, era você!
Daniel apenas me olha...
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Livro I - O Nerd e o Aventureiro
Novela JuvenilDaniel é o cara mais quieto da sala, tudo que aprendeu foi através dos livros e nas aulas. Um certo dia ele encontra Alberto, um garoto que sempre se sentou na última carteira e nunca deu bola para ninguém. Alberto acaba por salvar Daniel de uma ga...