Daniel
Ao ouvir as palavras de Alberto me sinto feliz, um sentimento que não sentia há muito tempo, desde os últimos dias com meu pai.
Aquele garoto que não precisava ter me ajudado ou mesmo falado para eu vim na casa dele, e agora está aqui perto de mim dizendo que eu tenho um amigo.
_Obrigado.
Não consigo dizer mais nada, apenas obrigado.
Alberto volta e se senta na cadeira perto da mesa do computador.
_Então, come aí, e depois pego no banheiro algodão e álcool para limpar esses arranhões. Com sorte, não vai ficar visível. A não ser que queria que seus pais saibam.
Olho para Alberto, ele não deve saber o que aconteceu com meu pai, a verdade é que ninguém soube. Sempre fui na minha e na época eu era muito criança.
_Ah, não quero não. Meu pai faleceu há uns anos e conhecendo a minha mãe ela iria sustar se soubesse que quase fui...
Não consigo terminar de dizer, sim, eu quase fui violentado. Porém, dizer isso em voz alta não é fácil.
_ Daniel, você tem certeza que não quer que ninguém saiba?
_Sim, eu tenho. Primeiro que sei que isso vai render e no fim a culpa ainda vai cair sobre mim.
_Como assim?
_Então posso ir lá me limpar. Já está ficando tarde e daqui a pouco minha mãe vai me procurar.
Alberto me olha e entendi que desconversei.
_ Tudo bem, pode sim, precisa de ajuda?
_Não, não precisa.
_ Tem certeza?
_ Okay. Me ajuda, não sei como está as minhas costas.
Levantamos e vamos em direção ao banheiro, Alberto me ajuda a tirar a blusa, o mínimo esforço me faz sentir dor.
_ E aí o estrago foi muito?
Alberto está me olhando e vejo em seus olhos que a situação deve está feio.
_ Não vou mentir está bem vermelho é bem provável que fique roxo e que amanhã esteja mais dolorido.
_ Você entendi de machucados?
_ Cada um tem seus segredos. Não é?
Vejo o rosto de Alberto refletido no espelho e apenas concordo.
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Voltamos para o quarto e pego meu celular e percebo que tem 15 ligações perdidas da minha mãe. Noto que o telefone está no máximo e mesmo assim não o ouvi tocar. Deve ter danificado por conta de tudo que aconteceu.
Mando uma mensagem dizendo para ela que estou na casa de um amigo e que não ouvi o telefone chamar. Ela responde rápido e diz que tudo bem. Minha mãe, sempre foi um amor comigo e depois do falecimento do meu pai sempre tentou me fazer sair um pouco, pois percebeu que me fechei é só quis estudar.
_ Alberto, eu preciso ir. Mãe disse que está tudo bem, mas preciso terminar um dever para a aula de amanhã.
Alberto me olha e sorri.
_ Você é engraçado, mesmo depois de tudo que aconteceu hoje, você ainda consegue pensar no dever de amanhã.
_Ah, esse sou eu. Amo estudar. Amo ler e escrever.
_ Escrever, acho legal, ainda pretendo escrever sobre tudo que já vivi.
Fico curioso para saber o que ele já viveu, mas não o faço. Digo apenas que estou indo para casa. Me levanto e ele me acompanha.
Alberto ainda não se trocou, ele me ajudou com os machucados e depois fez outro suco para bebermos.
_ Então, obrigado.
_ Onde você pensa que vai sozinho? Me espera que vou com você.
_ Alberto está tarde, e você ainda ia precisar voltar. Sério não precisa.
_Tarde? Aiaia Daniel, você tem muito o que aprender comigo e vamos lá, depois de tudo que rolou não o deixarei voltar sozinho.
_ E sua mãe? Ela vai ficar preocupada.
_ Relaxa, minha mãe sabe o filho que tem e nem está tarde ainda. Convenhamos.
_Ok. Então vamos.
Saio com ele ao meu lado do prédio dele. Aquele garoto era estranho, mas percebi que talvez eu realmente tenha muito o que aprender.
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Livro I - O Nerd e o Aventureiro
Teen FictionDaniel é o cara mais quieto da sala, tudo que aprendeu foi através dos livros e nas aulas. Um certo dia ele encontra Alberto, um garoto que sempre se sentou na última carteira e nunca deu bola para ninguém. Alberto acaba por salvar Daniel de uma ga...