Capítulo 29 - O Cliente

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Alberto

O endereço do cliente é um prédio de luxo no centro da cidade. Não me surpreendo com o local. Normalmente todos os clientes que eu encontrava era nesse estilo. Algum grã-fino que estava de passagem pela cidade e que gostaria de curtir.

Paro em frente ao espelho do Hall e dou uma última conferida. O Fred me fez trocar de roupa e agora eu estava com um jeans colado e blusa social preta, sem contar um cordaozinho no pescoço.

Subo direto, o andar era o último. Típico! Toco a campainha, e espero.
Não quero nem imaginar quem vai ser esse cliente. Será que ele era como todos?

Toco novamente a campainha e ouço a porta ser destrancada.

_ Eu sabia! Eu disse a sua mãe que você não tinha saído dessa vida. Eu sabia que você não prestava. Você é nojento.

Não consigo acreditar que quem está na minha frente é o meu pai. Não, não pode ser. Porém só ouço falar e sinto um soco em meu rosto.

Caio. E ele percebe o que fez.

_ Você? Por que você está aqui? O senhor é o cliente.

_ Eu disse a sua mãe, que você não tinha mudado e vim para a cidade para provar para ela. Pra ela te internar! Um doente como você não pode ficar solto!

_ Pai, cala a boca e me escuta!

_ O que você quer falar? Me fala! Você tá aí, ia dar pra mais um cliente. Você não mudou! Gente igual você não muda! E agora eu posso provar. Sua mãe vai adorar saber. E aquele moleque que tava com você então?

As palavras dele me machucam mais do que o soco, mais do que tudo. Ele não tem noção, mas como poderia ter. Viveu fora de casa quando eu comecei a ser eu mesmo. E quando eu disse, ele virou e disse que não ia me aceitar. Depois ele soube o que fiz e apenas disse que minha mãe tinha que me internar que só assim ele voltaria para casa. Algo que minha mãe não fez, ela percebeu que eu estava movido pelo o que sentia.

_ Pai, pela primeira vez na vida. Me escuta! O senhor nunca me escutou. Nunca me entendeu. Então PORRA! Me escuta!

_ Tá! Fala!

Meu pai se sentou na cama e ficou me olhando.

_ Eu sai dessa vida, sim! Eu sei que cometi erros, mas só estou aqui hoje porque o Fred sequestrou, já deve ter estuprado o meu namorado. É, o garoto que você viu lá em casa, é meu anjinho. Ele é a melhor coisa que já me aconteceu nesses últimos tempos. Ele tem uma luz, ele tem uma inocência. E agora, não sei nem se o terei de volta.

Falo tudo, não ligo para a reação do meu pai ao ouvir o termo namorado sendo dito. Eu preciso sair de lá, eu preciso do dinheiro para salvar meu amor. Só isso que importa.

_ Filho, como assim?

_ Quando o senhor saiu lá de casa eu estava transtornado com tudo e o Daniel tentou conversar comigo só que não dei atenção, fui um grosso e a gente discutiu e ele foi embora. Nisso o Fred o sequestrou. E ele disse que só o solta se eu chegar com a quantia do programa de hoje. Ele disse que tinha um cliente novo na cidade e que queria que fosse até de manhãzinha. Se eu viesse, e levasse o dinheiro, amanhã ao meio-dia ele me entregaria meu namorado.

Já estou chorando, sem parar, meu pai me olha. Ele se aproxima e me abraça.

_ Me desculpe meu filho.

Ouvi aquilo faz meu mundo virar, ele o homem que mais discuti me pedindo desculpa.

_ Pai, eu preciso da sua ajuda.

_ Claro.

Ele vai até a mesa e assina um cheque, mas não me dar.

_ O dinheiro está aqui, mas, vamos chamar a polícia também.

_ Não posso, se eles descobrirem que envolvi a polícia o Daniel não irá voltar.
Ninguém sabe nem a mãe dele. Ninguém.

_ Você não contou nem para a mãe dele?

_ Não podia.

_ Eu vou te ajudar, mas dessa vez o esquema todo será destruído de uma vez , e você filho terá seu namorado de volta.

Livro I - O Nerd e o AventureiroOnde histórias criam vida. Descubra agora