Capítulo 8- O caminho para a casa

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Alberto

A noite está limpa, a luz cheia ilumina e deixa tudo mais calma. Vejo que Daniel caminha ao meu lado, percebo que ele sempre olha à volta a qualquer sinal de movimento. De fato, o que aconteceu hoje ainda está bem presente em sua mente, mesmo ele dizendo que já está melhor.

_ Daniel, tá tudo bem?

_ Está sim. Só um pouco de frio. Não sou acostumado a está na rua de noite.

Ele fala e seu rosto passa a sinceridade e a inocência. Esse garoto de fato é raridade nos dias de hoje.

_ Ué porque não disse antes.

Daniel me olha surpreso. Retiro o meu moletom e entrego para ele.

_ Que isso Alberto, não precisa, viu. Você vai ficar sentindo frio.

Começo a sorrir. Esse jeito dele, está de fato quebrando todas as minhas defesas.

_ Pega logo, eu estou acostumado. E nem está frio ou de noite assim. Já lhe disse.

Daniel reluta mas acaba aceitando.

_ Obrigado.

Ele diz muito isso, e ainda me pergunto como existem pessoas que querem fazer mal a ele.

_ Mas e aí Daniel, vai mesmo chegar e fazer o dever de amanhã? Aliás, tem algo para amanhã?

_ Vou sim, e ainda pretendo ver como ficou a história do cursinho. Já quero começar a fazer. Preciso dar um jeito de sair logo daqui.

_ Uai, não gosta daqui não?

_ Aqui, eu só tenho a minha mãe. Minha família é pequena e não tenho amigos.

Daniel me olha e dar um sorriso discreto.

_ Na verdade, agora, tenho um amigo também.

Confirmo o que ele disse com a cabeça e sorrio para ele também.

_ Você disse que não tinha amigos, mas é alguma namorada? Algum amor?

Me arrependo se ter perguntado no momento que vejo a expressão de Daniel mudar.

_ Daniel, eu falei algo que não devia? Me desculpa, é que eu não penso em nada antes de falar.

_ Não foi nada não, só não gosto quando me perguntam isso.

_ Tranquilo.

Não vou insistir nessa conversa, percebi que de fato o deixei sem graça.

Andamos mais uns 5 minutos, e Daniel pede para virarmos a esquerda. O bairro que Daniel mora em um bairro considerado de classe média alta, as casas são todas em modelos de filmes americanos. Aquela tradicional casa de dois andares e com cerca branca.

Olhando o lugar, acho bem tranquilo. Daniel para em frente a uma casa. Olho e vejo o número 314.

_ Bom, é aqui que eu moro. Obrigado por tudo. Por tudo mesmo.

_ Não tem o que agradecer. Eu disse, agora você tem um amigo. Aliás, anota o meu número de telefone aí, qualquer coisa me manda mensagem ou me liga que te encontro.

Daniel tira seu celular e anota o meu número. Ele ainda fica me olhando por um tempo.

_ Bom, deixa eu ir, preciso arrumar aquela bagunça que é meu quarto.

_ Que isso, espera que peço minha mãe pra te dar uma carona. Está tarde para você voltar sozinho.

_ Relaxa, já disse que sou acostumado a andar por aí de noite. Sempre gostei da sensação.

_ Então tudo bem.

Daniel abre a cerca e me olha, não sei o que ele está esperando. Me despeço e começo a me virar, quando sinto uma mão encostando em meu braço.

Eu me viro e Daniel me abraça, é um abraço calmo, simples, mas que parece significar muito para ele. Pego de surpresa eu demoro uns segundos pra reagir mas retribuo o afeto. E ouço o sorriso daquele garoto doce.

Livro I - O Nerd e o AventureiroOnde histórias criam vida. Descubra agora