Alberto
A noite está limpa, a luz cheia ilumina e deixa tudo mais calma. Vejo que Daniel caminha ao meu lado, percebo que ele sempre olha à volta a qualquer sinal de movimento. De fato, o que aconteceu hoje ainda está bem presente em sua mente, mesmo ele dizendo que já está melhor.
_ Daniel, tá tudo bem?
_ Está sim. Só um pouco de frio. Não sou acostumado a está na rua de noite.
Ele fala e seu rosto passa a sinceridade e a inocência. Esse garoto de fato é raridade nos dias de hoje.
_ Ué porque não disse antes.
Daniel me olha surpreso. Retiro o meu moletom e entrego para ele.
_ Que isso Alberto, não precisa, viu. Você vai ficar sentindo frio.
Começo a sorrir. Esse jeito dele, está de fato quebrando todas as minhas defesas.
_ Pega logo, eu estou acostumado. E nem está frio ou de noite assim. Já lhe disse.
Daniel reluta mas acaba aceitando.
_ Obrigado.
Ele diz muito isso, e ainda me pergunto como existem pessoas que querem fazer mal a ele.
_ Mas e aí Daniel, vai mesmo chegar e fazer o dever de amanhã? Aliás, tem algo para amanhã?
_ Vou sim, e ainda pretendo ver como ficou a história do cursinho. Já quero começar a fazer. Preciso dar um jeito de sair logo daqui.
_ Uai, não gosta daqui não?
_ Aqui, eu só tenho a minha mãe. Minha família é pequena e não tenho amigos.
Daniel me olha e dar um sorriso discreto.
_ Na verdade, agora, tenho um amigo também.
Confirmo o que ele disse com a cabeça e sorrio para ele também.
_ Você disse que não tinha amigos, mas é alguma namorada? Algum amor?
Me arrependo se ter perguntado no momento que vejo a expressão de Daniel mudar.
_ Daniel, eu falei algo que não devia? Me desculpa, é que eu não penso em nada antes de falar.
_ Não foi nada não, só não gosto quando me perguntam isso.
_ Tranquilo.
Não vou insistir nessa conversa, percebi que de fato o deixei sem graça.
Andamos mais uns 5 minutos, e Daniel pede para virarmos a esquerda. O bairro que Daniel mora em um bairro considerado de classe média alta, as casas são todas em modelos de filmes americanos. Aquela tradicional casa de dois andares e com cerca branca.
Olhando o lugar, acho bem tranquilo. Daniel para em frente a uma casa. Olho e vejo o número 314.
_ Bom, é aqui que eu moro. Obrigado por tudo. Por tudo mesmo.
_ Não tem o que agradecer. Eu disse, agora você tem um amigo. Aliás, anota o meu número de telefone aí, qualquer coisa me manda mensagem ou me liga que te encontro.
Daniel tira seu celular e anota o meu número. Ele ainda fica me olhando por um tempo.
_ Bom, deixa eu ir, preciso arrumar aquela bagunça que é meu quarto.
_ Que isso, espera que peço minha mãe pra te dar uma carona. Está tarde para você voltar sozinho.
_ Relaxa, já disse que sou acostumado a andar por aí de noite. Sempre gostei da sensação.
_ Então tudo bem.
Daniel abre a cerca e me olha, não sei o que ele está esperando. Me despeço e começo a me virar, quando sinto uma mão encostando em meu braço.
Eu me viro e Daniel me abraça, é um abraço calmo, simples, mas que parece significar muito para ele. Pego de surpresa eu demoro uns segundos pra reagir mas retribuo o afeto. E ouço o sorriso daquele garoto doce.
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Livro I - O Nerd e o Aventureiro
Teen FictionDaniel é o cara mais quieto da sala, tudo que aprendeu foi através dos livros e nas aulas. Um certo dia ele encontra Alberto, um garoto que sempre se sentou na última carteira e nunca deu bola para ninguém. Alberto acaba por salvar Daniel de uma ga...