Capítulo 5- A casa de Alberto

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Daniel

Assim que saímos do beco, caminho ao lado de Alberto. Ele vai na dele, começo a reparar que ele ainda está com o moletom laranja e com os fones de ouvido dentro do capuz, que está abaixado.

Quem olha para ele, pensa que ele é bem tranquilo. Vendo ele, penso que nunca o vi falando alto, ou chamando a atenção para si. 

_ Daniel, minha casa é naquele prédio ali.

O prédio que ele aponta, fica na rua que sobe o supermercado da cidade. De fato, ele mora perto das lojas de doce.

_ Ah, é perto, só descer a rua. Ou no nosso caso, subir.

_ Sim, eu disse a você que moro perto.

Subimos em silêncio, é estranho está indo na casa de um desconhecido, um desconhecido que me salvou.

Logo que entramos no prédio, vejo que tudo é bem simples. Alberto hora nenhuma fica sem graça ou demonstra desconfortável.

_ Moro no quarto andar, o elevador não deve está funcionando direito, você se incomodar de subir andando?

_ Claro que não.

Alberto mostra as escadas e começo a subir. Não tenho um preparo muito bom, nunca gostei de praticar nenhum exercício. Sempre optei em ficar em casa lendo, estudando ou vendo um seriado.

Tento não demonstrar cansaço, mas com tudo que me aconteceu, ao chegar no sexto lance de escadas já estou bufando.

_Calma, falta apenas mais dois lances, eu sei que é puxado para quem não tem costume.

Sorrio sem graça, mais dois lances de escadas e chegamos no andar onde Alberto mora. Ele se adianta e abre a porta do apartamento 402.

_ Pode entrar Daniel, só não repara a bagunça.

_ Relaxa.

Ao entrar percebo que tudo está em perfeita arrumação. A sala que é o primeiro cômodo que vejo está toda organizada, os dois sofás e a mesa de centro estão limpas e enfeitadas.

_ Qual bagunça?

Alberto repara minha expressão olhando sua sala.

_ Ah, estou dizendo a bagunça do meu quarto.

Fico sem jeito, nunca fui de ter amigos, sempre tive colegas. Nunca fui de ir na casa de nenhum dos meninos, primeiro porque não era de receber muitos convites, segundo, que não gostava, não me sentia bem.

_ Daniel, tá aqui na Terra ainda? Tô te falando para você seguir o corredor e entrar na primeira porta que é onde fica meu quarto.

_ Foi mal, não tô muito bem.

Continuo usando essa desculpa.

Alberto apenas me olha e sorrir.

_ Eu te entendo. Vai indo que vou na cozinha pegar um suco.

Caminho devagar, o Alberto é bem tranquilo com tudo.
Sua casa é toda arrumadinha. Abro a porta do quarto dele e finalmente entendo o porque ele diz para não reparar a bagunça.
O quarto dele parecia que um furacão tinha passado. Roupa espalhada na cama de casal, na cadeira e na mesa do computador.
Afasto um pouco de roupa e me sento na cama.

_ Então Daniel, essa é a minha humilde casa e esse meu quarto .

Alberto está parado na porta com uma bandeja com dois sanduíches e dois copos de suco.
Ele entra, coloca a bandeja em cima da mesa do computador e empurra umas roupas que estão na cama para o chão.

_ Pronto, vamos comer alguma coisa e depois você se limpa e olha se machucou alguma coisa.

_ Não precisava.

_Olha, vamos combinar uma coisa?

Fico olhando para ele, sou muito tímido e tudo que vem acontecendo estou mais ainda.

_ Qual coisa?

_ Eu sei que você não me conhece, e eu também não te conheço, mas sei também que te ajudei hoje, então relaxa. Não vou te machucar, acho que isso você já reparou. Então.

Fico sem jeito, e resolvo dizer a verdade.

_ Sabe porque estou assim, bom é que é a primeira vez que venho na casa de um colega. Não tenho amigos.

Alberto que estava levando um pedaço do sanduíche a boca para e me olha espantado.

_ Como assim? Como não tem amigos?

Livro I - O Nerd e o AventureiroOnde histórias criam vida. Descubra agora