A Herdeira Do Trono

Candidata N°1

Ayana respirou fundo antes de entrar em casa, tentando não parecer tão feliz quanto realmente se sentia. Hellys Cartnew era a melhor escola de artes do país e depois de uma entrevista que já estava agendada a meses, eles olharam seus quadros e lhe ofereceram um bolsa. A escola ficava em Asturia, que era do outro lado do país, ela teria que se mudar e aquele era um grande passo, mas Ayana sentia que era necessário. Ela estava empolgada para contar para sua tia e seu irmão sobre as novidades. Ela sabia que a mudança seria difícil para eles, principalmente para Will já que ambos tinham perdido os pais recentemente, mas ela precisava ir, ela precisava se livrar da constante nevoa de terror e morte que pairava sobre ela e refletia em sua arte e sua magia. Era aquilo ou ela ficaria completamente louca, Ayana precisava fugir dali e a escola de arte era o jeito perfeito de fazer isso. Ao entrar em casa Ayana encontrou ambos, Will e Jenna, sentados na mesa de madeira da cozinha. Sua tia segurava um envelope branco com um selo negro estampado por um dragão. O selo real.

-O que é isso? Perguntou ela sem conseguir entender porque sua simplória família receberia uma carta do castelo.

-Chegou no correio hoje pela manha. Esta endereçada a você. Ayana caminhou ate eles e pegou os envelopes da mão da tia.

-Abra logo Ana, nos queremos saber o que é. Insistiu o irmão dela, usando o apelido que ela usava para evitar o nome que odiava. Ela rompeu o selo e retirou a carta do interior do envelope o papel era grosso e caro, ela estremeceu ao tocá-lo e leu em silêncio as palavras escritas com caligrafia elegante.

"Cara Lady Ayana, da casa Ishad. Por meio dessa carta a Primeira Ministra e o Conselho Real a intimam a comparecer ao palácio de Cristal no próximo solstício de inverno. As honras de sua família serão reestabelecidas e o antigo titulo que pertencia a sua família passara a ser seu. Para ser merecedora de tais honras você será convidada a permanecer no palácio por cinco anos para aprender a dominar sua magia e etiqueta. Recusas não serão aceitas.

"Atenciosamente, o conselho real."

-Isso não faz nenhum sentido. Reclamou ela ao reler a carta pela vigésima vez.

-O que não faz sentido? Jenna perguntou e Ayana podia dizer que ela estava reprimindo sua curiosidade. Sem realmente entender o conteúdo da carta, Ayana andava de um lado para o outro.

-Veja por você mesma. Ela entregou o papel para tia e observou enquanto a ela e o irmão liam a carta.

-Nós não temos títulos antigos. Disse Jenna quando terminou de ler a carta. -Temos? Questionou ela por fim, insegura com a própria resposta.

-Ninguém nunca disse uma palavra a respeito disso. Afirmou Ayana. - Tenho certeza que se lembraria caso alguém tivesse mencionado alguma coisa a respeito desse assunto.

-O vovô era rico. O pai do papai. Lembro que ele contava historias de antes de perder todo o dinheiro no jogo. Foi antes de papai e tia Jenna nascerem. Disse Will pensativo. E, por um momento, pânico corroeu as entranhas de Ayana. Ela era uma pobretona com modos de ogra, tinha unhas quebradas, não fazia as sobrancelhas e mal sabia usar os talheres. Ela era qualquer coisa menos uma Lady.

-Se é verdade porque eu e não tia Jenna? Quer dizer, ela que é a herdeira do vovô, certo? Na cabeça de Ayana nada daquilo fazia sentido e ela estava ficando cada vez mais aterrorizada.

-Essas são perguntas que só poderão ser respondidas no palácio. Sua tia disse calmamente. Ela negou com a cabeça recusando aquela ideia.

-Não vou para o palácio. Não posso ir, fui aceita em Hellys Cartnew para o meio do semestre. Jenna deu a ela um sorriso tristonho.

-Acredito que isso não seja escolha sua querida. A carta diz que eles não aceitaram recusas. Ela deixou a tia falando sozinha, subiu as escadas e entrou em seu quarto segurando as lagrimas. Em frente ao seu espelho ela se analisou minuciosamente. Ela tinha um rosto bastante simétrico, bonito ate, com grandes olhos azuis e cabelos curtos que ainda que mal cuidados tinham um bonito tom dourado escuro. Suas roupas eram gastas e manchadas de tinta aqui e ali. Suas mãos eram calejadas de segurar pinceis e carregar telas. Não importava a educação que fornecessem ou o titulo que fosse outorgado a ela. Ayana sabia que nunca seria uma Lady.

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Beijinhos, carol siqueira