Candidata Nº19

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Selene estava preocupada com Ayana. Ela sabia que sua amiga jamais partiria sem avisar a nenhuma das outras. Pelo menos não por vontade própria. Bree tinha dito que os feéricos tinham um péssimo habito de raptar pessoas. Que para eles era com um jogo. E a ultima coisa que Ayana precisava naquele momento era ter pessoas jogando com ela, especialmente depois do que ela passara recentemente. Selene e as amigas já tinham tentado contatar Ayana de todas as maneiras, por cartas, mensagens de fogo, telefonemas e ate mesmo conferencias digitais. Nenhuma delas tinha resposta. Se fosse para ser sincera consigo mesma, Selene não estava esperando uma resposta. Pressionar a Primeira Ministra sobre o assunto também não tinha surtido nenhum efeito. Então com a ajuda de Victor, Dimitri e Stefan, elas tinham conseguido informações a respeito do que os feéricos queriam. Naquele exato momento Bree estava tentando decifrar a charada que estava na carta que a Rainha Elena tinha enviado. Ela preferia trabalhar sozinha então mandou que as outras garotas fossem arrumar outras coisas para fazer. Selene gostaria de poder fazer mais, mas suas habilidades com enigmas eram limitadas e no fundo ela sabia que Bree não demoraria para achar uma resposta.

—Acho que nunca vi você tão inquieta. A voz de Dimitri a puxou suavemente de volta para realidade, por um momento ela quase se esquecera que ele estava ali. Os dois estavam tomando chá da tarde, no segundo andar da biblioteca.

—Nenhuma de minhas amigas foi sequestrada antes. Ela respondeu com um suspirar entrecortado.

—Você não deveria se preocupar, eles não podem machucá-la. Selene elevou os olhos e encarou Dimitri sem acreditar.

—É claro que eu deveria me preocupar. Pelos deuses Dimitri, são feéricos! Todos nós escutamos as historias do que eles fazem com garotas bonitinhas.

—Selene ela é uma candidata a princesa, nenhum deles vai transformar a mente dela em uma poça de lama. Seria declarar guerra.

Talvez ele tivesse razão, talvez Selene estivesse se preocupando a toa, mas ainda sim. Era de Ayana que eles estavam falando. Ela era sensível e delicada. Só os deuses sabiam quais mudanças os feéricos causariam nela.

—Vem, vamos sair daqui. Ele disse se levantando e estendendo a mão para Selene.

—Mas Bree...

—Vai nós avisar assim que tiver respostas. Com um suspiro Selene se levantou e segurou a mão se Dimitri. Ela pode sentir os calos nela e de alguma maneira aquilo a reconfortou, aspereza nas mãos dele provava que ele era real. Que estava ali e mesmo com Ayana desaparecida, mesmo com os comentários maldosos de Robin e Laryse se Dimitri estava ali as coisas ficariam melhores. Selene podia resolver as coisas, contanto que ele estivesse ali.

***

O quarto de Selene parecia minúsculo com Dimitri ali. No meio da mobília e das cortinas que ondulavam para dentro do quarto ele parecia deslocado, mas Selene queria um pouco de paz. E todas as outras partes do palácio pareciam agitadas e bagunçadas de mais. Ali o silêncio era reconfortante. Selene ainda estava inquieta, andando de um lado para o outro, mas Dimitri tinha se sentado em sua cama e olhava atentamente um de seus diários.

—O que é isso? Ele quis saber enquanto folheava as paginas sem se ater a nenhuma.

—São meus diários, é onde eu começo a escrever as historias. Onde anoto as ideias e descrevo os personagens.

—Eu posso ler? Selene riu um pouco e negou com a cabeça.

—São muito pessoais e confusos e íntimos. A maioria das coisas são apenas pensamentos. Transforma-los em uma historia real e concreta só acontece depois. Dimitri mordeu os lábios pensativo e depois disse.

—Não consigo entender... Quer dizer todo mundo vai ler depois, não deixa de ser intimo quando todo mundo sabe?

— Escrever é se expor a intimidade, mesmo que disfarçada de personagens distantes, dos sentimentos incompletos e ate mesmo dos diálogos vazios. — Selene caminhou na direção dele e pegou o diário de sua mão. —Ainda é intimo porque as pessoas não sabem o quanto é real e o quanto é ficção. A folha virgem é um véu que me cobre e cada vez que escrevo descubro uma parte de mim, me dispo aos olhos de todos e espero para ver como eles vão reagir ao que eu sinto. Os olhos dele brilhavam, se de entendimento ou alguma outra coisa ela não sabia dizer.

—É o jeito que você se expressa.

—É o jeito que eu me expresso. Repetiu ela com um sorriso.

—Acho que nunca parei para pensar como seria para você, contar todas essas historias sem realmente fazer parte de nenhuma delas.

—Faço parte de todas elas Dimitri. São pedaços de mim, das historias que conheço ou das que sonho em viver.

—Para falar a verdade, nunca vou conseguir entender como funciona. —Ele sussurrou pegando o diário de volta. — Eu achava que as historias em seus livros eram coisas que você queria para você, finais que sonhava para sua própria vida, mas você já me disse que não é assim.

—É por que você esta vendo tudo em um plano só. Olhando por um telescópio, quando a realidade é mais para um observatório. Existem varias partes de mim, uma talvez queira casar e ter filhos, mas existe a Selene que quer viver uma grande aventura, a que quer viajar o mundo, a que não quer se apaixonar. Você esta me vendo como estrela, mas na verdade eu sou uma constelação.

—A constelação mais linda que eu já vi. Os olhos de Dimitri eram intensos e azuis como o próprio céu noturno. Selene não viu nada neles que não fosse verdade. Então ela permitiu esquecer-se de Ayana por um momento, se permitiu deitar sua cabeça no ombro de Dimitri e acreditar no seu elogio. 


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Beijinhos, Carol Siqueira

A Herdeira Do TronoOnde histórias criam vida. Descubra agora