Candidata N°19

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Depois da breve discussão entre a Primeira Ministra e Lady Labonair, a Ministra conduziu uma breve apresentação entre ela e os membros do conselho real e depois informou que os guardas conduziriam cada garota aos seus aposentos e que lá criadas as ajudariam a se preparem para a celebração. Selene não se sentia nada confortável com a ideia de ir a celebração por vários motivos. O primeiro era porque na sua casa celebrar o solstício de inverno já era bastante constrangedor com suas belas e magras irmãs usando vestido fantásticos. Agora fazer isso em um palácio com dúzias de garotas maravilhosas com vestidos confeccionados pela coroa era bem pior. Isso sem mencionar os cultas e as danças graciosas que seriam feitas e os delicados e complexos feitiços que seriam lançados. Nada que era gracioso e delicado combinava com Selene. Ao chegar no quaro que fora designado a ela, Selene não poderia se sentir mais surpresa. O quarto era enorme e magnífico todo decorado de azul turquesa, branco e dourado. A cama era tão grande que nela cabiam, sem dificuldade, umas dez pessoas. Tapetes Aubusson cobriam o chão e cortinhas brancas e douradas ocultavam as janelas e não deixavam entrar nenhuma luz solar. Em um dos cantos do quarto havia uma grande banheira oval de porcelana branca e uma moldura acobreada que contornava o espelho de corpo inteiro e ao lado dele três garotas aguardavam silenciosamente.


As criadas se aproximaram dela com pés ligeiros e Selene reprimiu um suspiro, não tinha muito que pudessem ser feito por ela. Os guardas deixaram suas malas ao pé da cama e saíram do quarto deixando Selene a mercê das criadas. Depois de ser escaldada em água fervente e esfregada com todo tipo de ervas aromáticas, Selene estava sentada na penteadeira enquanto suas criadas decidiam o que fazer com seus cabelos. Elas começaram a desenvolver uma trança elaborada e a garota passou seu tempo observando a destreza dos dedos das criadas e concluiu que ela nunca conseguiria replicar tal penteado. Como as irmãs ela tinha os cabelos loiros prateados, olhos verdes como esmeraldas e a pele bronzeada. Diferente das irmãs ela tinha sardas que cobriam seu nariz e parte das maças do rosto e cílios ralos e minúsculos. Nada disso desencorajou suas criadas que apagaram cada um dos traços de seu rosto com maquiagem para depois refazê-los de maneira harmônica e bela, depois de acabado cabelo e maquiagem foi que a parte realmente difícil começou. Por cima da delicada camisola de seda que ela estava vestindo foi deslizado um espartilho que parecia inofensivo, mas estava destinado a ferir. As criadas trançaram cada uma das cordas nas costas de Selene e depois começaram a puxar, ela prendeu a respiração para ajudar, mas elas pararam logo em seguida.

-Só assim esta bom? Quer dizer o vestido vai servir? As cridas lhe deram um sorriso amistoso.

-Podemos apertar mais se a senhorita quiser, mas temos suas medidas. O vestido vai servir com perfeição.

-Estou adorando isso. Conspirou ela, lançando as garotas um olhar de gratidão. Sua mãe não podia obrigá-la a usar roupas dois números menores a esta distancia.

Quando o belíssimo vestido de um tecido azul turquesa foi colocado em seu corpo, Selene se sentiu espetacular, a coisa parecia uma obra de arte. Ele tinha um bordado delicado de pequenas vinhas douradas no corpete, as mangas eram curtas e um decote modesto terminava onde começava o espartilho. A saia esvoaçante tinha um brilho particular e fazia cócegas nas pernas de Selene quando ela se movia. Quando se olhou no espelho de corpo inteiro ela quase não se reconheceu, ela sabia que por baixo da maquiagem e do luxuoso vestido ela ainda estava lá, mas não era mais a mesma. Naquele momento ela sentiu, pela primeira vez na vida, que quando saísse por aquela porta ela não seria inferior a ninguém. Pela primeira vez o jogo estava empatado para ela.

*

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Selene não estava enganada, o corredor da área dos dormitórios estava cheio de garotas que pareciam saídas de contos de fadas. Elas usavam os vestidos mais fantásticos já feitos e cada um de uma cor diferente, sem nunca se repetirem. Todas elas poderiam ser facilmente confundidas com uma princesa de um reino distante. No fim do corredor ela conseguiu ver a garota que desafiara o guarda e a Primeira Ministra. Claire tinha a pele dourada como a da própria Selene, olhos que poderiam ser azuis, mas na realidade lembravam mais a cor de um diamante e cabelos negros como tinta. Selene não tinha certeza se ela poderia ser considerada bonita, quando a olhava as primeiras palavras que vinham em sua cabeça eram selvagem e ameaçadora. No elaborado vestido vermelho sangue que ela usava essas características ficavam ainda mais evidentes. Claire se moveu um pouco para o lado para dar passagem a um dos guardas e acabou esbarrando, em uma garota de cabelos ruivos. A ruiva se virou para Claire com olhos raivosos e com um toque de malicia na voz ela reclamou.

-Nossa mesmo com toda a água de rosas você ainda fede a esterco. Noticias corriam rápido, principalmente no meio de varias garotas e já não era nenhum segredo que a família de Lady Labonair tinha um aras no sul do país. De outro canto do corredor, com os cabelos presos em um coque e com magnífico vestido azul royal, Lady Desmond saiu em defesa da amiga, mas Claire foi mais rápida.

-Como se isso justificasse o fato de você parecer que tem merda embaixo do nariz o tempo todo. Algumas garotas riram e outras lançaram olhares de nojo a Claire. Selene não pode deixar de pensar que os próximos cinco anos não iam ser nada fáceis.






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Beijinhos, carol siqueira

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