Candidata Nº3

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Claire nunca pensara muito sobre a morte, mas ela não imaginaria que ela seria tão dolorida. Seu corpo inteiro parecia ter sido passado em um moedor de carne. Sua cabeça rodava e ela temia o que veria ao abrir os olhos, ao seu lado ela podia sentir que Rebecka passava a mão em seus cabelos como se tentasse confortá-la. Claire abriu os olhos reprimindo o gemido de dor que esse simples ato provocou, Rebecka percebeu a movimentação e começou a fazer sinal para que Claire não tentasse se levantar. As duas estavam dentro do que parecia ser uma gaiola enorme feita de madeira de visco, a gaiola em si, fora construída as pressas pelo que ela podia perceber, dos nós mal feitos que foram dados na junção da madeira.

Ao contrario do que parecia a primeira vista elas não estavam ao ar livre e sim dentro de uma construção simples de paredes de barro. E duas crianças as observavam do lado de fora das grades. A maior era uma menina de maios ou menos doze anos, seus cabelos foram cortados muito curtos, mas eram de uma bonita cor de mogno. Ao lado dela o menino devia ter por volta de sete anos e seus olhos eram de um impressionante tom de cinza chumbo. Não havia nenhuma áurea de poder ao redor deles, eles eram humanos completos, sem nenhuma magia em seu sangue. Não muito diferentes dela naquele exato momento para falar a verdade. As duas crianças estavam encarando as garotas com olhos grandes e curiosos, Claire imaginava que havia historias por aqui também, historias de terror que contavam que pessoas como ela eram monstruosas. Claire se esforçou para sentar, movendo-se o mais devagar que podia, ela não queria assustar as crianças ou tão pouco fazer o corte em sua perna voltasse a sangrar.

—Quanto tempo eu fiquei desacordada? Sussurrou ela para a amiga que lhe entregou um copo de água.

—Uma semana? Talvez mais. É difícil contar os dias aqui dentro, a luz quase não entra e eu tenho dormido muito. O veneno esta fazendo meu corpo funcionar de um jeito estranho. Certo, Claire pensou, isso já teria dado tempo o suficiente para a Primeira Ministra organizar um grupo de busca. Ela tinha visto Tempestade correr quando ela começou a usar as raízes das planas e sabia que assim que alguém a montasse a égua voltaria para o bosque. Ela tinha sangrado no bosque, e Rebecka também então deveria haver sangue o suficiente para fazer uma magia de localizadora.

O visco era o problema, ele impediria que a magia os levasse diretamente ate elas porque ele criava uma barreira que a magia não podia traspassar.

—Precisamos sair daqui. Resmungou ela tão baixo que a própria Rebecka teve que se inclinar para ouvir.

—Como é que você pretende fazer isso? —Sussurrou Rebecka de volta e Claire fez uma careta.

Ela precisava de um plano. Um dos bons. A garota espremeu seu cérebro em busca de qualquer coisa que pudesse usar. Ela desceu a mão ate a perna em um gesto distraído e verificou que ainda tinha a faca que roubara, mas não poderia sacá-la na frente das crianças, elas iriam começar a gritar e os adultos viriam. Claire perderia a faca e elas acabariam mortas.

—Não tenho ideia, mas ninguém vai nos encontrar aqui com todo esse visco ao redor. Rebecka deu as costas para Claire e se virou para as crianças com um sorriso.

—Meu nome é Rebecka. Começou ela. —Qual é o seu? Ela estava falando com a garota mais velha, mas Claire poderia a ter alertado que aquela garota não ira abrir a boca. O menininho ao lado dela por outro lado tinha olhos curiosos e divertidos, ele não precisava de muito estimulo para falar.

—Ela é Barbara, eu sou Caio. Rebecka pareceu surpresa, mas Claire não queria perder a oportunidade e sorriu para ele.

—Calado. Crispou Barbara. —Papai disse que não podemos falar com elas, que ela são más. Monstros de verdade. Conclui ela. Caio se virou para encará-la com um ar cético, ele não acreditava no pai.

A Herdeira Do TronoOnde histórias criam vida. Descubra agora