Candidata Nº19

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Acaiah não era nada como Selene imaginava. O país era frio e sombrio, cercado por montanhas negras pontilhadas de neve, que resistia mesmo a primavera. O palácio era feito de vidro negro e metal. Muito metal. Havia uma parte oval, feita de vitrais que não deixavam a luz entrar, essa parte era protegida por enormes espinhos de um metal escuro que apontavam na direção do céu. Não havia nenhuma suavidade na arquitetura daquele lugar. Era tudo a respeito da segurança. Phurya tinha a guerra correndo em seu sangue e seu país refletia isso. Seu povo também.

Quando Selene e Dimitri chegaram ao aeroporto apenas os guardas e alguns poucos repórteres estavam presentes. Juntos eles pousaram para algumas fotos e depois seguiram seu caminho em direção a monstruosidade de metal que era o palácio. Não havia nenhum jardim no portão inicial, apenas uma entrada polida e elegante, ostentando uma ou outra estatua.

No dia em que Stefan e Antony chegaram a Arzua, todas as candidatas a princesa, a Primeira Ministra e o Conselho Real os receberam na entrada do palácio, mas não havia ninguém esperando por eles ali. Selene não se importou, não realmente, ela sabia que rainha tinha coisas muito mais importantes a fazer do que recebê-la. Ainda com os guardas em seu encalço Dimitri e Selene seguiram para o interior do palácio e subiram dois lances de escada antes que o príncipe parasse em frente a uma porta de vidro fosco.

—Esse é seu quarto. Ele disse gesticulando para porta. — Tenho alguns assuntos para resolver antes do jantar, isso vai te dar tempo para descansar. E para um banho.

—Você esta insinuando que estou fedendo Sua Alteza? Selene perguntou erguendo franzindo a testa.

—Eu jamais ousaria Lady Wayne. Apenas achei que você gostaria da oportunidade. Ele disse com um sorriso que ela foi incapaz de não imitar. Selene se inclinou na direção dele e plantou um beijo delicado em seus lábios.

—Vejo você na hora do jantar.

O interior do quarto era decorado com bom gosto, mas não esbanjava luxo. As cortinas eram delicadas e de um tom creme, assim como os lençóis. As paredes eram de uma cor profunda de azul, assim como o tapete persa que cobria boa parte do chão. Os moveis e a cama, com dossel, eram brancos e simples. Nada como as cores intensas e esplendorosas que ela estava acostumada ter em casa. Selene não sabia explicar como, mas sua mala já estava no quarto, parada próximo a uma banheira com água fervente. Como não havia nenhum criado a vista, Selene se desfez do vestido e do espartilho com dificuldade e entro na água. O calor fez seus músculos relaxarem instantaneamente. Água quente era a cura para qualquer dia estressante, essa provavelmente era a única coisa em que Selene e a mãe concordavam. Quando a água começou a esfriar, Selene abandonou o banho e revirou sua mala em busca de algo que pudesse usar para um jantar com a rainha. Ela acabou escolhendo um modelo longo e com decote mais fechado, em seu azul siena habitual com flores verdes. Ele era modesto, mas ainda assim elegante, como tudo parecia ser naquele reino. Com aquele vestido ela se encaixaria bem. Ela estava calçando seus sapatos de veludo negro quando alguém bateu na porta.

—Quem é? Ela quis saber.

—Sou eu Selene. Ela sorriu um pouco ao ouvir a voz de Dimitri e foi ate a porta e a abriu. Dimitri estava muito elegante, vestido com um terno escuro e bem alinhado e uma gravata que ressaltava seus olhos azuis.

—A moda acaiahna fica bem em você. Elogiou ele ao oferecer o braço para ela. Selene sorriu maldosamente.

—Tudo fica bem em mim. A voz dela soava distante e divertida.

—Não há como contrariar essa informação. Os dois desceram as escadas em silencio, sem nenhum guarda em seu encalço daquela vez, e quando estavam próximos a entrada da sala de jantar o príncipe perguntou.

A Herdeira Do TronoOnde histórias criam vida. Descubra agora