A rainha

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Primeiro o dever. Depois as demais coisas, inclusive a família. Era o que havia sido ensinado a Rainha Valentina a Obstinada. Mas não era assim que ela pretendia agir agora, não com tanta coisa em risco. O cheiro de sangue adentrava por suas narinas e despedaçava cada resquício de esperança que ela ainda possuía. Ela amava seu reino, mas amava mais seu marido e ainda mais o pequeno ser que segurava em seus braços. Seu rei jazia morto e sem cabeça na entrada do quarto e ao redor dele quatro soldados que vestiam armaduras vermelhas com o símbolo da Nova Era, soldados que ela aprendera a odiar e temer desde que era pequena. A rainha seguiria seu marido para a morte em breve, enquanto o choro da criança crescia pelo cômodo uma hemorragia se alastrava pelas entranhas dela e consumia todas as suas forças. Aos pés da sua cama estavam os últimos três últimos remanescentes da Guarda da Rainha. Valentina se forçou a se forte pela ultima vez, ela não teria que lutar por muito mais tempo, olhando sua guarda nos olhos ela falou.

—Vocês a levaram daqui. Quero que a escondam em uma casa nas províncias longe daqui. Escolham uma boa família para ela e construam lembranças para eles, eu quero que ela seja criada como filha deles, ninguém pode saber da onde ela veio. — As lagrimas escorriam do rosto da rainha enquanto ela falava, ela queria ter mais tempo com a criança, queria contar para ela as historias de seus antepassados, mas não podia. A princesa nunca deveria saber de onde viera, essa era a única maneira de mantê-la em segurança.

— Criem uma gravidez, as ânsias pelo nascimento, preparem um quarto, usem minhas próprias emoções se for necessário, para fazer tudo o mais real possível. Cubram todos da família e os vizinhos, não deixem nenhuma ponta solta, eles devem pensar que ela nasceu deles. Só assim eles a protegeram com tudo que é necessário. Não deixem pistas, escondam seus rastros com precisão e quando tudo estiver perfeito vocês devem abrir mão de suas vidas. Desse jeito ninguém jamais à encontrara.

Era muito para se pedir, mas a rainha conhecia seus homens a sua vida toda, conhecia o caráter de cada um deles, sabia como eram honrados e acima de tudo sabia dos votos que eles tinham feito. Ela olhou uma ultima vez para sua garotinha, princesa Evangeline Vishous, e fez uma prece aos deuses para que esses a guardassem sua filha.

—Assim será feito, minha rainha. Declararam em coro os três cavaleiros e Jairo veio até ela e tirou a criança de seus braços. Talvez Evangeline tivesse uma chance daquela maneira, uma chance de ter uma vida normal e feliz, sem nunca saber os sacrifícios que a rainha tivera de fazer para trazê-la a vida. Mas Valentina era mais inteligente que isso, ela sabia que sangue e sonhos era o preço que ela tinha se comprometido a pagar e sabia que mais cedo ou mais tarde esse preço seria cobrado de sua descendência. A rainha, tinha medo por sua filha e apesar disso já era tarde de mais para se arrepender, o erro estava cometido e ela estava muito próxima de seu ultimo suspiro para tentar repará-lo. Enquanto ouvia Jairo e os outros descerem pelas escadas ela se esforçou para se levantar da cama, se deitou ao lado do corpo sem vida do marido e deu seu ultimo suspiro. 




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Beijinhos, carol siqueira

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